Se em The Originals o que interessava era ou o impacto da cena (conseguida com o isolamento do quadrinho na página negra) ou o conjunto dos desenhos, em Bórgia o que interessa são os detalhes e tudo corre para eles mais do que para a história do dramaturgo, escritor e roteirista de cinema chileno Alejandro Jodorovski. Não é só a cena principal que interessa ao leitor, mas sim todo o conjunto. Se vemos Lucrécia Bórgia num convento, vemos também no mesmo quadrinho a reação das freiras, com gestos e expressões perfeitamente realistas. E isso é algo extremamente complexo e raro em se tratando de quadrinhos quando o corriqueiro(mesmo para o personagem principal) é usar um modelo para expressões (uma pessoa assustada tem a boca aberta e as mãos espalmadas no rosto, por exemplo)ao invés de um estudo de como tal pessoa se portaria em tal cena.Qualquer semelhança com as pinturas Renascentistas não é mera coincidência.
Lemos “Bórgia”como quem vê uma pintura, não como quem vê um filme. Podemos nos deter por vários minutos num único quadrinho, olhando o cenário com os pequenos animais que correm ao fundo os beberrões indiferentes a tudo, crianças e tantas outras coisas. O cinema controla o tempo em que vemos uma cena, a pintura, não e pouquíssimos quadrinistas fazem uso desta possibilidade.
Não haveria outro desenhista que não o italiano Milo Manara para trazer à vida a saga do Papa Alexandre VI e seu filho César Bórgia em sua busca ensandecida por poder. Primeiro por que Manara é mestre do traço naturalista, capaz de definir músculos, dobras de pele, rugas com perfeição, o que reflete perfeitamente o momento da história da arte em que se passa a trama, o Renascimento, quando , além de se alcançar o domínio pleno do uso da perspectiva na pintura, artistas como Leonardo e Michelangelo se aplicam em estudos de anatomia a fim de obter uma representação mais perfeita possível do corpo humano(na verdade a coisa é bem mais complexa do que isso, mas não cabe aqui um aprofundamento).
Em segundo lugar, tudo nesta graphic novel é um delírio libidinoso, com cenas absurdas (uma orgia gigantesca nas ruas de Roma, perfeitamente vista através da janela do palácio papal), erotismo e violência desmedidas, tudo muito mais próximo do grotesco do que do real. Quem conhece o trabalho Manara saber que ninguém é capaz de desenhar mulheres como ele, muito menos de fazer explodir tanta sexualidade (e ,por conseguinte, violência) nas páginas de uma HQ.
Por isso mesmo, e apesar da presença de personagens reais como o monge beneditino Girolamo Sforza e o pensador Nicolau de Maquiavel (que dedicaria o cap. 7 de “O Príncipe” a analisar César Bórgia para elucidar seus conceitos de Fortuna e Virtu), o leitor deve encarar Bórgia mais como um teatro do grotesco, ou como uma pintura de Hieronymous Bosch (pintor holandês do século XV) do que como um retrato histórico.
Lemos “Bórgia”como quem vê uma pintura, não como quem vê um filme. Podemos nos deter por vários minutos num único quadrinho, olhando o cenário com os pequenos animais que correm ao fundo os beberrões indiferentes a tudo, crianças e tantas outras coisas. O cinema controla o tempo em que vemos uma cena, a pintura, não e pouquíssimos quadrinistas fazem uso desta possibilidade.
Não haveria outro desenhista que não o italiano Milo Manara para trazer à vida a saga do Papa Alexandre VI e seu filho César Bórgia em sua busca ensandecida por poder. Primeiro por que Manara é mestre do traço naturalista, capaz de definir músculos, dobras de pele, rugas com perfeição, o que reflete perfeitamente o momento da história da arte em que se passa a trama, o Renascimento, quando , além de se alcançar o domínio pleno do uso da perspectiva na pintura, artistas como Leonardo e Michelangelo se aplicam em estudos de anatomia a fim de obter uma representação mais perfeita possível do corpo humano(na verdade a coisa é bem mais complexa do que isso, mas não cabe aqui um aprofundamento).
Em segundo lugar, tudo nesta graphic novel é um delírio libidinoso, com cenas absurdas (uma orgia gigantesca nas ruas de Roma, perfeitamente vista através da janela do palácio papal), erotismo e violência desmedidas, tudo muito mais próximo do grotesco do que do real. Quem conhece o trabalho Manara saber que ninguém é capaz de desenhar mulheres como ele, muito menos de fazer explodir tanta sexualidade (e ,por conseguinte, violência) nas páginas de uma HQ.
Por isso mesmo, e apesar da presença de personagens reais como o monge beneditino Girolamo Sforza e o pensador Nicolau de Maquiavel (que dedicaria o cap. 7 de “O Príncipe” a analisar César Bórgia para elucidar seus conceitos de Fortuna e Virtu), o leitor deve encarar Bórgia mais como um teatro do grotesco, ou como uma pintura de Hieronymous Bosch (pintor holandês do século XV) do que como um retrato histórico.
Um comentário:
esse eu li e posso meter a colher : historicamente nao é nada falho nao. principalmente enquanto a posição dos borgias nas relações de mecenato e talicoisa. mas é mais um teatro do absurdo, um elogio da opulencia, e porque nao dizer, reflexo do caos que era Roma e por consequencia , uma especie de formação da personalidade ( enquanto nacao) do italiano.
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