segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

RETRATO EM BRANCO E PRETO DA ADOLESCÊNCIA




The Originals tem pedigree. É de Dave Gibbons, desenhista e co-autor com Alan Moore de Watchmen, simplesmente uma das maiores obras já feitas em quadrinhos.Isso dispensa maiores apresentações.
A Graphic Novel de Gibbons (que aqui cuida sozinho de desenhos e roteiro) é toda em preto e branco, com desenhos pouco simples epouquíssimos detalhes a fim de melhor contar a história de dois adolescentes que entram para uma gangue de motoqueiros numa Inglaterra retrô-futurista embalada a rock and roll e soul music. A estranheza do visual dos topetudos vestidos de jaquetas de couro montados em motocicletas voadoras é perfeita para refletir esse momento de transição (da adolescência à idade adulta) em que estão os personagens. Tudo é surpreendente, novo e empolgante e o leitor participa disso sem em nenhum momento se ater a um momento histórico. Isso não é a vida de um jovem dos anos 60 ou 70 ou 2000. É a vida dos jovens desde sempre. E a dualidade é onipresente, seja nas cores (preto e branco), na divisão radical entre gangues (os Dirts e os Originals) e no momento (jovens e adultos). É nesse mundo de pares de opostos ilusórios (e fugazes, que terão fim na última página ) que os jovens Lel e Bok tentarão encontrar seu lugar, primeiramente entrando para um gangue dos Originals ,e depois fazendo uso daquilo que têm à mão,ou seja, seu status no grupo, suas motos, as roupas da moda e as drogas.
Visualmente, Originals faz uso da própria página que, ao contrário do normal, é, sempre negra.
Isso incorre numa valorização da voz do narrador (o jovem Lel) que ficam na página, fora dos quadrinhos, portanto não concorrem com os desenhos pela atenção do leitor, mas também numa maior dramaticidade das cenas que por vezes são desenhadas num único quadrinho solto no meio da página negra, sem que outro esteja colado a ele para estabelecer uma seqüência.
A única página branca é a última, sem desenho algum, apenas uma frase do narrador. Seu impacto é poderosíssimo pois nos mostra que o grande vazio do branco é o da vida adulta, do abrir os olhos, da grande indefinição(o branco é a ausência de todas as cores), da primeira luz ofuscante no momento do nascimento. Se até aquele momento a história se passava durante à noite, com suas festas e brigas (uma única cena diurna mostra os pais de Lel), agora amanhece.
Lel fez dezoito anos . E agora?

6 comentários:

Daniel Luppi disse...

grande adilson!!
feliz 2009, meu chapa!
Ótimos textos, como sempre...
aliás, tu és minha referência para quadrinhos, arte que mal conheço (embora tenha me deliciado qdo adolescente lendo praticamente todas as revistas em quadrinhos da então banca de meu pai).
Só fiquei com uma dúvida: não seria o negro a ausência de todas as cores? No texto vc afirma ser o branco. Eu jurava que o branco era o reflexo de todas as cores.
Mas enfim...
Abração

Anônimo disse...

no final das contas, ser adulto é chato pra caraio...

Anônimo disse...
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Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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Anônimo disse...

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