segunda-feira, 11 de junho de 2012

Vagabond


Miyamoto Musashi é uma espécie de Lampião japonês, figura histórica sobre a qual pairam tantas lendas que em certos casos fica difícil saber o que é real e o que é mito. Tal qual o cangaceiro, o espadachim teve vida errante à margem da lei e cheia de enfrentamentos que viraram matéria prima para livros,filmes,séries de Tv e quadrinhos.

Aqui é Takehiko Inoue quem parte da vida do "vagabundo" para contruir uma obra notável na forma de mangá. E que talento ele tem. Nas primeiras edições Musashi é retratado como um "animal selvagem", lutador sem técnica apurada mas muita ferocidade. A imagem acima,onde ele aparece descabelado e com as costas arqueadas, não podia  ser retrato melhor.

Além do notável uso do hachurado para as sombras, salta aos olhos do leitor os rostos dos personagens, sua corporalidade e também detalhes como o modo realista com que os cabelos se desmancham ao vento (bem diferente do desnho padrão, aquele que se aprende em escolas e em que todo cabelo voa do mesmo jeito numa ventania)- acima um adversário de Musashi.

Um dos momentos mais impressionante da saga nos dá mostra justamente do pleno domínio de Inoue sobre os corpos de seu personagens. Um lutador decaptado não morre com uma expressão de horror(que coisa tão banal e comum seria!) mas sim com a expressão que detinha no exato momento em que fora atingido. Seu corpo,ainda que tombando, continua a correr na mesma direção, a cabeça,no entanto, salta no espaço. E a mão, detalhe dramático,continua a agarrar com força um saquinho que havia sido mostrado em close um quadrinho antes.


Publicado pela Conrad Editora em Vagabond 25, dezembro de 2003.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Rein of the Supermen


Sempre que penso em todas as lambanças que a Warner fez com os quadrinhos DC(inclusive afundando um filme muito bom, o Superman do Brian Singer) me lembro dessa HQ. A saga dos super-homens (rein of the superman), menos ainda do que a morte do herói, é daquela que não ficou marcada na mente dos fãs, afinal uma série longa, que toma várias edições de vários títulos(uma estratégia para aumentar as vendas em cascata) inevitavelmente tem como efeito o enfraquecimento do conjunto. Mas o último capítulo, quando se revela todo o poder do verdadeiro vilão é marcante e exemplar. Hank Heinshaw é simplesmente uma forma de vida que pode se manifestar em qualquer máquina e ,ainda, molda-la à seu bel prazer. Um herói que usa armadura é sufocado pelas próprias mãos. Outro que porta uma espécie de revólver, vê surgir na arma um pequeno rosto sorridente a lhe contemplar com deboche. Na sua cidade mecânica Heinsahw é deus.

Dan Jurgens,o roteirista(e também desenhista), tem um senso apurado para a aventura, em especial para criar momentos marcantes como já vinha demonstrado na abertura da série(continuação da saga da Morte), quando o vilão proclamava ser Superman renascido e estarrecia todo mundo com a visão triste de um herói mutilado, meio superhomem meio máquina que se apresentava a uma Lois Lane ao mesmo tempo descrente e esperançosa.

Aqui, claro, é o momento da derrota mas os heróis parecem bobos e sem graça. O falso Superman é o centro das atenções. Pena que não serviu de exemplo para os executivos da Warner. Um vilão menor pode render maravilhas , uma história bacana não precisa reeditar toda a receita de bolo das histórias anteriores e, principalmente, surpreender o público não é má idéia.



A arte final é de Brett Breeding, as cores, de Glenn WhitmorePublicado nos EUA em Superman 82, outubro de 1993.