Sempre preferi os filmes que Fritz Lang fez nos EUA. Claro que em sua primeira fase, na Alemanha, temos um gênio que fez os Nibelungos, os Mabuse, M e Liliom, só que parece que geralmente ele é (somente) o cineasta de Metrópolis, um artista que perscruta o nazismo e um diretor que dialoga diretamente com a idéia de vanguarda, sobretudo nesse que é seu mais famoso filme. Nele, aliás, é possível fazer qualquer tipo de leitura histórica ou "historicista", alegórica ou metafórica, ou simplesmente tratar da estilização, que em absoluto não é coisa central em seus filmes.
O exercício do cinema americano obrigou-o a condensar seus interesses - no que diz respeito aos seus conceitos - no que tanje ao cinema, à história e à natureza do homem. Os Estados Unidos tornaram-o local (ele faz westerns, noirs, logo virou um cineasta americano), e também universal, característica fascinante e por vezes famigerada, do cinema americano.
Fritz Lang teve de administrar a infra-estrutura de Hollywood, as regras do jogo, os gêneros e as estrelas e contribuir na década de 40 para que o que chamamos de cinema clássico não fosse só "fotografia de gente falando". Se para um diretor irregular como William Wyler um traveling era um apuro técnico que, junto com a montagem, auxiliava objetivamente a dramaticidade de uma cena, para Fritz Lang o traveling tornava tudo direto, abolindo por vezes uma montagem (uma junção de planos e distâncias, distinções e analogias) que pareceria óbvia a partir de um roteiro (veja a abertura de Scarlet Street) e fazia do percurso e dos elementos dramáticos do filme de gênero um princípio obscurecedor e cruel. Samuel Fuller, Orson Welles, Willian Friedkin, John Carpenter (de "Eles Vivem", sobretudo) e Brian DePalma descendem deste cineasta que a partir da clareza e da coloquialidade próprias do cinema americano, afirmou um olhar sobre a mentira, o ódio, a violência, a fabricação de párias e carrascos e a difamação. Investigações de Lang sobre o homem de qualquer época, mas especificamente inflamadas no século XX (e XXI), porque transformadas em representação, política e propaganda, tanto pelo nazismo quanto pelo cinema de Hollywood.
No cinema americano Lang não precisou de um personagem ficcional para urdir tudo isso, ele olhava para o escândalo do cotidiano, que esconde o sórdido e o horror: Fúria, Scarlet Street, O Segredo Atrás da Porta, While the City Sleeps, Desejo Humano, The Big Heat, A Gardênia Azul, Os Carrascos Devem Morrer, Suplício de uma Alma, Vive-se só uma Vez, O Retorno de Frank James, Western Union...
O exercício do cinema americano obrigou-o a condensar seus interesses - no que diz respeito aos seus conceitos - no que tanje ao cinema, à história e à natureza do homem. Os Estados Unidos tornaram-o local (ele faz westerns, noirs, logo virou um cineasta americano), e também universal, característica fascinante e por vezes famigerada, do cinema americano.
Fritz Lang teve de administrar a infra-estrutura de Hollywood, as regras do jogo, os gêneros e as estrelas e contribuir na década de 40 para que o que chamamos de cinema clássico não fosse só "fotografia de gente falando". Se para um diretor irregular como William Wyler um traveling era um apuro técnico que, junto com a montagem, auxiliava objetivamente a dramaticidade de uma cena, para Fritz Lang o traveling tornava tudo direto, abolindo por vezes uma montagem (uma junção de planos e distâncias, distinções e analogias) que pareceria óbvia a partir de um roteiro (veja a abertura de Scarlet Street) e fazia do percurso e dos elementos dramáticos do filme de gênero um princípio obscurecedor e cruel. Samuel Fuller, Orson Welles, Willian Friedkin, John Carpenter (de "Eles Vivem", sobretudo) e Brian DePalma descendem deste cineasta que a partir da clareza e da coloquialidade próprias do cinema americano, afirmou um olhar sobre a mentira, o ódio, a violência, a fabricação de párias e carrascos e a difamação. Investigações de Lang sobre o homem de qualquer época, mas especificamente inflamadas no século XX (e XXI), porque transformadas em representação, política e propaganda, tanto pelo nazismo quanto pelo cinema de Hollywood.
No cinema americano Lang não precisou de um personagem ficcional para urdir tudo isso, ele olhava para o escândalo do cotidiano, que esconde o sórdido e o horror: Fúria, Scarlet Street, O Segredo Atrás da Porta, While the City Sleeps, Desejo Humano, The Big Heat, A Gardênia Azul, Os Carrascos Devem Morrer, Suplício de uma Alma, Vive-se só uma Vez, O Retorno de Frank James, Western Union...
- Francis Vogner dos Reis é crítico da revista Cinética e está organizando a mostra Retrospectiva do Cinema Paulista, que estréia em breve no CCBB-
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