sexta-feira, 30 de setembro de 2011

X-MEN, ÚLTIMA CLASSE

Que há com certos filmes? Ou melhor, que há com quase todos os filmes feitos em Hollywood?
 Assisti a X-Men-Primeira classe. O nome parece propaganda de companhia aérea, mas é filme de super herói. Eu tenho uma tremenda boa vontade. Sou dos poucos que gostaram até do terceiro filme da série. Mas esse já é demais.



Teve um crítico, acho que foi o Cássio Starling, que escreveu que estes filmes de heróis jogam pros fãs, então não se dão o trabalho de construir personagens, motivações,nada. Aqui então a coisa chegou no limite. Tem uma moça com poderes. Ela é dos mocinhos. Chegam os mutantes do mal, trucidam os soldados que a protegem, trucidam um dos colegas dela e, com duas ou três frases o vilão consegue convencê-la a lutar a seu lado, contra seus amigos. Tudo por que algum humano normal bem do xereta os tinha espiado pela janela um dia antes e dito que não gostava de mutantes. E é assim o filme todo. Incomoda, vc não consgue engolir nada do que está ali. Tudo acontece pra ser como aquilo que os fãs sabem que é nos gibis e pronto.

Meu amigo Mario Cesar insiste em dizer que as melhores cabeças dos EUA foram pra TV. Não só ele, um bocado de gente diz isso. O Inácio Araújo, por exemplo. Eu ja começo a achar que os atores também estão debandando pra lá, porque os papéis, os roteiros, os diretores, tudo está aquém de qualquer pessoa com um pingo de talento. Que fiquem no cinema caras como o James Franco, que não tem nada a oferecer.

E a nós, graças a Deus, resta Breaking Bad, Mad Men, Sons of Anarchy ,Bórgias e tantas outras maravilhas na Tv a cabo. Porque a aberta...

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

O QUE O MACACO TEM A NOS DIZER? – PARTE 2


Filmes estrelados por chimpanzés estão certamente entre os mais chatos da história do cinema. Filmes de cadeia,por sua vez, são os mais cheios de clichês. Dizer que este Planeta dos Macacos- A Origem é uma somatória dos dois(afinal a segunda metade é um filme de cadeia) é um tanto de verdade e outro tanto de maldade.


Agora enxergar paralelos entre o Julio Cesar de Sheakspeare e este filme,por causa das citações, já é caso de miopia intelectual. E por falar em citação, à feita ao “Ran” de Akira Kurosawa ,na cena com os gravetos, é na verdade é um caso de apropriação indébita que beira o ridículo.*

Dizer que ele está acima da média Hollywoodiana ,como disseram por aí,não é a priori nenhum elogio dado o abismo em que lançaram a qualidade do cinema americano nos últimos vinte anos. Planeta dos Macacos- A Origem, sejamos sinceros, tem seus momentos, mas não é grande coisa.

O que impressiona,claro, é a perfeição de recriação por computador dos macacos,cortesia da Weta Digital, empresa de Peter Jackson, diretor dos mastodontes digitais Senhor dos Anéis e King Kong . Mas isso,convenhamos, é como que obrigação dos filmes dos grandes estúdios desde os dinossauros de Jurassic Park, de Steven Spielberg . Cada filme que chega é mais realista que o que aquele que o antecede, como Cesar é mais perfeito que o Kong.

De fato, o filme amontoa clichês, sobretudo na segunda metade, quando vira um filme de cadeia. Tudo ali foi preguiçosamente reproduzido de outros filmes na base do Control C-Control V. Isso sem contar o arsenal de frases de efeito como “o que aconteceu com você? Você costumava ser o melhor”. Os personagens humanos então, nem se fale. Destaque negativo para Tom Felton, que reprisa o papel de Draco Malfoy na série Harry Potter no domínio da autocaricatura (o que já eera ruim fica pior).
Macacos me mordam...

Mesmo assim o filme foi um sucesso estrondoso. E não se pode negar suas qualidades. O despertar de Cesar, quando grita “não” a plenos pulmões é poderoso e emocionante. O combate na Golden Gate é bacana ,tirando,claro, o momento “sentimental” estrelado por um gorila e com direito a câmera lenta. E a primeira parte tem lá seu interesse.


Mas o que esse macaco tem a dizer que tanto cativou o público? O que salta aos olhos logo de cara é que ele não é mais uma metáfora do excluído socialmente, como fora em dado momento da série original. E com isso perde-se a oportunidade de criar um diálogo com uma questão importante e fundamental tanto nos EUA quanto na Europa, a do imigrante, aquele ser estranho, diferente, até assustador com quem aqueles que se consideram superiores são obrigados a conviver. Visto assim o filme parece só um desfile de efeitos especiais de primeira (pelo menos até que chegue ás telas o próximo arrasa-quarteirão).

Mas o “não” de Cesar é intrigante. César,aliás, é um nome inapropriado, afinal ele pouco tem em comum com o legislador romano. Tem mais a ver, na verdade, com Moisés, pela maneira com que guia seu povo para uma terra prometida livre da sujeição do opressor que se recusa a recohecer sua superioridade. É essa postura que,penso, remete diretamente ao “Yes,we can” de Obama, mais por negação do que outra  coisa.
O slogan do presidente era tão somente a verbalização das histórias de superação tão comuns no cinema (cujo exemplo mais bem acabado é o do boxeador Rocky Balboa) e que agora parecem tão deslocadas da realidade, quando os EUA se mostram incapazes de curar as próprias feridas e que dirá as do resto do mundo(no que eles sempre acreditaram).E logo o mundo, que lhe atravanca o desenvolvimento.Era melhor que não existisse.

Parece que o “não” dito por Cesar significa um “já basta” de pensar no mundo globalizado, uma necessidade de voltar à terra prometida onde o homem não dependia tanto dos outros e podia fazer sua vida por si só.

Porque hoje o a globalização enterrou o american way de uma maneira que nem a guerra do Vietnã foi capaz. E os americanos, eles próprios (os banqueiros, as seguradoras, Wall-Street)  oprimem seus pares impondo a eles penúria quase sem precedentes.
É melhor os americanos buscar outra terra que emana  leite e mel porque esta já era.


quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O QUE O MACACO TEM A NOS DIZER? – PARTE 1


Planeta dos Macacos- A Origem, fez um barulho enorme nos EUA e seu desempenho nas bilheterias surpreendeu até mesmo 20th Century Fox, estúdio que produziu o longa.

Planejado como refilmagem e ao mesmo tempo reboot da série iniciada em 1968, esta versão tem diversas homenagens aos outros filmes espalhadas pelos 105 minutos de duração. O mais contemplado com as referências, é claro, é o quarto filme da série, Conquista do Planeta dos Macacos, de 1972, que também mostrava o macaco Cesar sofrendo o pão que o diabo amassou nas mãos dos humanos e depois organizando a rebelião dos símios. Os testes de inteligência , o laboratório, a prisão para macacos ,o cientista malvado e até a batalha nas ruas de Washington, está tudo lá. E há também referências aos outros filmes, como a versão de Tim Burton, logo na abertura ou o “tire suas patas sujas de cima de mim, seu macaco imundo” dita por Charlton Heston no primeiro filme . 


 
Este A Origem tem algo mais interessante em comum aos outros filmes da série (com exceção, talvez,ao de Burton);como todos eles enfraquece e esvazia o sentido do filme original. A última e chocante cena (se você não conhece, me perdoe, mas vive em outro planeta) mostrava a Estátua da Liberdade destruída e os urros de desespero de  Heston dizendo “vocês finalmente fizeram isso, seus bastardos”. Era um clamor anti-violência em tempos de Guerra Fria , Guerra do Vietnã ,movimento pelos direitos civis nos EUA e estudantes marchando pela Europa e que mostrava qu,e em virtude da auto destruição do homem pelo homem, os macacos tomaram-lhe o lugar como donos do mundo, metáfora irônica para a selvageria do homem dito civilizado.

O que se seguiu foram tentativas de mostrar como os macacos ficaram inteligentes e pelo menos nisso o terceiro filme, Fuga do Planeta dos Macacos, de 1971, se mostra instigante, porque cria um paradoxo temporal. Cornelius e Zira, os macacos bonzinhos do primeiro filme, voltam no tempo e lá (ou aqui) tem um filho, Cesar, que é quem desencadeará os fatos que deram origem ao primeiro filme (que,é bom lembrar, se passa no ano 3 mil lá vai fumaça). Então é uma guerra nuclear (?) entre macacos e homens (???) e não mais entre os humanos, que leva ao fim do nosso mundo.

A continuação desse A Origem é tão certa enchente em São Paulo  no verão.  É provável que ela seja  uma espécie de recriação do obscuro A Conquista do Planeta dos Macacos, de 1973, último filme antes da ótima refilmagem do primeiro episódio por Tim Burton, em 2001, que fracassou nas bilheterias e havia enterrado, até agora, a idéia de ressuscitar uma franquia que já teve até série de TV e desenho animado .

Falei,falei e não disse nada sobre o filme mais recente. Isso fica pra próxima postagem.