sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Mais um TOP10 musical. O leitor Anderson “Mandio” Roberto enviou uma lista daquilo que ele considera o melhor do mundo da música em 2008.


10) Flaming Lips – Christmas On Mars

Em 2008 o Flaming Lips, banda de Oklahoma, surpreendeu de novo. Não veio apenas com um disco de inéditas mas também com um filme (!). Na verdade, o disco é a trilha sonora do filme que demorou 7 anos para ser realizado. Christmas On Mars saiu da cabeça do amalucado vocalista Wayne Coyne, que dirige e também atua no filme. A história se passa em marte, em plena colonização do planeta vermelho por humanos na época de natal. Nem tudo sai bem nessa empreitada e é aí que o filme ganha toda sua graça com as alucinações do pessoal da tripulação. Já foi lançado no Brasil, mas assim como na versão americana, me parece que com legendas em russo. Russo?! Isso é Flaming Lips...

09) Mercury Rev – Strange Attractor

O Mercury Rev é da mesma linhagem psicodélica da turma aí de cima, aliás, as bandas já compartilharam seus integrantes em tempos passados. Em 2008 o Mercury Rev lançou dois discos simultaneamente, um “oficial” (Snowflake Midnight) e um disponível gratuitamente no site da banda (http://www.mercuryrev.com/) chamado Strange Attractor. Curiosamente este álbum “secundário” foi o que me chamou mais atenção. As músicas utilizam quase que unicamente recursos eletrônicos e não possuem vocal. Apesar da banda nunca ter feito nada igual, o que poderia causar um certo estranhamento por parte dos fãs, não há surpresas pois as belas melodias que só o Mercury Rev sabe fazer estão por lá.

08) Nick Cave & The Bad Seeds – Dig, Lazarus, Dig!!!

O velho Nick nunca decepciona! Ele, que em 2007 já havia lançado um discaço com seu projeto Grinderman, em 2008 retornou em plena forma com sua banda das antigas e cometeu um álbum pra lá de conciso. O lance aqui é rockão vigoroso, com letras ácidas e a performance sempre incomparável de Nick cave.

07) Cut Copy – In Ghost Colours

Esse trio australiano sabe como fazer uma festa! Sério, músicas como Lights and Music ou Hearts On Fire em 2008 foram (e ainda são) obrigatórias em qualquer pista de dança. Emulação de poperô dos anos 90 com baixões a la New Order, mas sem ser, como o nome da banda poderia sugerir, uma mera cópia. É pra arrastar os móveis da sala e fazer a festa.

06) The Breeders – Mountain Battles

Entre uma apresentação dos Pixies ali e outra aqui, Kim Deal se reunia com a irmã Kelley Deal para dar continuidade ao que seria o novo disco das Breeders. Em 2008 lançaram este Montain Battles, que depois de Last Splash, álbum clássico das Breeders dos anos 90, é o disco mais bacana das irmãs. Não há um hit como cannonball no disco, mas músicas como Bang On ou It’s The Love valem o álbum. As Breeders fizeram talvez o melhor show do festival Planeta Terra em 2008.

05) Macaco Bong – Artista Igual Pedreiro

Imagina o seguinte: Trio de Cuiabá, que faz um disco com 10 músicas, cada uma com +/- 10min., todas elas instrumentais e que são uma mistura de Jimi Hendrix com metal pesado com jazz e com música brasileira. A chance de dar merda é grande né? Não é o caso. Apesar de um certo exagero na virtuose em algumas faixas o Macaco Bong soube como poucos utilizar estas referências tão díspares e fazer um álbum tão coeso. É preciso ter estomago, mas confie em mim, após devidamente digerido dá o maior barato. Destaque para as apresentações ao vivo do trio que são sempre uma destruição total.

04) Black Kids – Partie Traumatic

Cuidado para não confundir o Black Kids com tantas outras bandas que utilizam “Black” no nome hoje em dia, como Black Lips, Black Mountain etc. Apesar dessa fixação com a cor negra pela nova geração pelo menos o som do Black Kids é bem ensolarado. Eles vêm da Florida e duas músicas do disco, Hurricane Jane e I’m Not Gonna Teach Your Boyfriend How To Dance With You, refletem bastante isso. São hits instantâneos que tocariam em qualquer rádio que tivesse uma programação minimamente descente. Mas isso, com raríssimas exceções em SP, é um sonho. O Black Kids fez o melhor show que eu vi em 2008.

03) Renato Cohen – Mágica

Em vez de um álbum, pode ser um 12”? A música eletrônica brasileira vem entregando ano após ano produções cada vez mais interessantes. Um dos responsáveis por este amadurecimento é, sem dúvida, o DJ paulista Renato Cohen. Em 2002 ele ficou mundialmente conhecido com o single “Pontapé”, que foi tocado em toda e qualquer pista de música eletrônica pelo mundo, inclusive pelas mãos de DJs da estirpe de Felix da Housecat, por exemplo. Ele está pra lançar um álbum de inéditas e em 2008 lançou o single “Mágica”. É um techno pesadão, de batidas quebradas, mas com uma linha de baixo funk super dançante e com um vocal mantra que repete ad eternum magic, magic, magic...

02) Hercules & Love Affair – Hercules & Love Affair

Andrew Butler é o cara por trás do projeto Hercules & Love Affair. O produtor se cercou de uma rapaziada classe A pra fazer um álbum calcado em Disco Music. A grande sacada foi que ele revitalizou de maneira interessantíssima o estilo do fim dos anos 70 e ainda por cima fez algo inusitado: Botou pra cantar em cima de bases dançantes Antony Hegarty, mas conhecido por seu projeto Antony & The Johnsons. O mundo estava acostumado a ver Antony cantando coisas mais intimistas, mais soul, mas sua voz a la Nina Simone caiu como uma luva neste álbum.

01) Portishead – Third

Em 2008 o Portishead lançou enfim seu aguardado 3° álbum de estúdio. Foram 11 anos de espera desde o álbum homônimo de 1997. Aqui o clima fica bem pesado. E não poderia deixar de ser diferente, pra quem já conhece o trabalho da banda. O que mudou (pra melhor) foi o jeito de cantar de Beth Gibbons que parece que descobriu as sutilezas de sua voz doce e interpreta músicas como Nylon Smile ou The Rip de maneira maravilhosa. Mas a melhor música do disco é Machine Gun que com seu arranjo absolutamente perturbador promove quase 5 minutos do que poderia ser pura agressão sonora se não fosse a linda voz de Gibbons colocando tudo no seu devido lugar. Trilha sonora perfeita para um ano bicudo, com crises financeiras e guerras idiotas.

"Sou analista de sistemas, mas nas minhas horas vagas ataco de DJ. Na verdade sou obcecado por música. Ultimamente levo um projeto com mais quatro camaradas que se chama "Vira 5 Acaba 10" e o objetivo do coletivo é levar música boa para as pessoas onde o que menos importa são rótulos."

PAPO DE BALCÃO !

*Gostaria de enviar um abraço especial ao pessoal do site Bigorna http://www.bigorna.net/ pela menção feita a este blog.

*Um abraço vai também para duas leitoras ocasionais mas sempre bem vindas, as queridas Leila Almeida e Letícia Macedo !

*Hoje tem Vira5Acaba10! O rapaz do post acima lista 10 músicas sensacionais que irão rolar por lá :
Cut Copy – Lights And Music
Stooges – No fun
De La Soul – Verbal Clap
Lil' Wayne – A Milli
Chemical Brothers – The Salmon Dance
Peter Bjorn and John – Young Folks
James Brown – Hot Pants
Santogold – L.E.S. Artistes
Black Kids – I'm Not gonna Teach Your Boyfriend How to Dance With you
The Smiths – Cemetery Gates


O endereço é Cantina La Dolce VitaAv. Capitão João, 1548 – Vila Vitória – Mauá – SP - Fone: (11) 4555-0954. A entada custa R$ 7,00 http://www.vira5acaba10.com.br/

*Sobre os comentários a respeito do MP3- Na ilustrada desta quarta-feira, Marco Aurélio
Canônico comentou que o novo Cd do Sepultura, além de ruim, está deslocado no tempo, afinal um álbum conceitual não faz o menor sentido em tempos de baixar música pela internet.

*Ainda sobre a imagem digital: como explica Arlindo Machado,a característica da imagem no momento pós-fotográfico é a não-existência. Pensemos que após desconectar-se do álbum virtual ou desligar a TV a fotografia deixa de existir, pois é virtual, não tem materialidade.

quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

MÚSICA E FOTOGRAFIA NA ERA DIGITAL


Há muito a elogiar no advento do MP3; ele permitiu um acesso à música sem precedentes e por isso mesmo abalou a indústria fonográfica, que vivia de nos fazer acreditar que certas músicas eram sucessos (quando na verdade eles pagavam pelos primeiros lugares nas “mais pedidas”das rádios e por aparições em programas de TV) e de cobrar preços absurdos pelos CDs o que elitizava o consumo. No entanto o MP3 é só a decorrência de uma cultura digital que começou com o fim do suporte analógico, ou seja o disco do vinil, no caso da música, e do filme, no caso da fotografia e do cinema.
Com o vinil havia (e ainda há, para os colecionadores) uma relação completamente diferente com a música do que há, por exemplo, com o CD. É uma relação afetiva por envolver contato, toque. Pode parecer bobagem, mas o ritual de retirar o disco da capa de papelão, decidir qual dos lados pôr para tocar e, em seguida, aproximar a agulha cuidadosamente da faixa escolhida é infinitamente mais afetivo do que colocar um CD para tocar. Este, é claro, é mais prático, pode ser levado no carro (dispensando as cópias em fitas K7) e permite a reprodução em qualquer computador portátil com a mesma qualidade do original.
A opção pela praticidade logo de cara vitimou o impacto da arte das capas dos discos, que em virtude do formato pequeno dos CDs perderam em valor. Quem quer que já tenha visto o “Sgt. Pepper’s ”, dos Beatles em vinil e em CD sabe bem do que estou falando. No disquinho, as inúmeras personalidades que rodeiam o Fab Four vestido em trajes vitorianos não são mais que um borrão. Que as pessoas pouco se importem com o fato de, ao copiarem um CD, não tenham a capa original, mas apenas um disco num saquinho de papel, não é de se estranhar. Alguém pode lembrar que a capa nunca impediu ninguém de gravar fitas K7, mas estas raramente substituíam um disco, eram sempre uma última opção.
Era significativo o hábito (aliás, abominado pelos colecionadores) de escrever nas capas dos discos de vinil, fosse o próprio nome, fosse uma mensagem a quem ele fosse dado de presente. Quase sempre colocava-se uma data. Isso deve ser entendido hoje menos como desleixo e mais como relação afetiva, de declaração de posse, uma marca.Alguém se lembra de ter visto muitos CDs com declarações, datas de compra ou mesmo nomes?
O impensável se fez real com o MP3, que é virtual, portanto não tem existência real. E é impossível qualquer relação afetiva com algo meramente virtual, que pode ser descartado a fim de se liberar espaço no tocador. Transfere-se um arquivo do computador para o celular ou para um tocador e dele para o aparelho de som do automóvel sem sequer tocar nele. Seu melhor destino é “queimar”uma mídia. O termo queimar é significativo do pouco apreço pelo meio físico sem cara definida.

A Fotografia
Talvez o caso mais interessante (pela naturalidade com que foi aceito) é o da fotografia.
Assim como houve uma perda gradual de qualidade sonora do vinil em direção ao MP3 sem que ninguém se importasse com isso, com a fotografia aconteceu o mesmo.
E mais uma vez o ritual cede lugar ao prático. Antes havia o processo de colocação do filme e a posterior revelação, que levava de um a dois dias. Mas o principal era o fator limitador do número de fotos contidas no filme (12,24 ou 36) que, em virtude do preço da revelação, fazia com que só fossem batidas as fotos consideradas de certa forma importantes ou interessantes. Ou seja, o momento retratado (mesmo que banal) era aquele que tinha alguma relevância emocional para quem fotografava . Não surpreende ninguém dizer que,com a quantidade gigantesca de fotos tirada num só dia numa máquina digital, todas elas tenham seu valor diluído.
As fotos são “assistidas”, seja lado a lado (minúsculas) nos álbuns virtuais ou passadas em velocidade na telada TV.
Assim que passaram pela tela elas deixam de existir. Nossas memórias são, por assim dizer, apenas fantasmas, afinal não se toca mais nelas tanto quanto não se toca mais nos discos.
Essa “desmaterialização” é parte de uma cultura radicalmente individualista sobre a qual eu vou me deter mais cuidadosamente quando tratar dos filmes Wall-E, Pulse e Fim dos Dias.
Já o pouco valor sentimental que damos às fotos e músicas virtuais pode ser entendido como decorrência de uma sociedade imediatista, de satisfação imediata das necessidades, o que implica numa aceleração geral (e no individualismo). Toda atividade contemplativa é ferida de morte nesta sociedade, que tem pouco tempo para “jogar fora”. Indico um texto Alpharrabio é também livraria postado no blog do Espaço Cultural Alpharrabio, escrito pela poeta e livreira Dalila Teles Veras , disponível em http://blog.alpharrabio.com.br/
Veras fala sobre a necessidade da contemplação, de se perder tempo dentro de um sebo e se deixar levar pelos livros, de deixar que eles o seduzam ao invés de ir a uma livraria buscar algo que se precise, simplesmente.
É este perder-se (com a experiência musical, fotográfica, literária) que nossa sociedade precisa reencontrar.

MOSTRA DE CINEMA NO CCBB

Para que servem mostras de Cinema? Não apenas para se assistir a filmes. Isto você pode fazer em DVD. As mostras são pensadas para instigar a reflexão acerca de algum tema e por isso existem os debates, onde é possível conhecer as opiniões dos críticos e cineastas (que muitas vezes são discordantes) e,com isso, desfrutar da variedades de filmes oferecidos. É um pacote que se compra completo e não faz sentido servir-se aos pedaços.
A mostra Retrospectiva do Cinema Paulista, que acontece no Centro Cultural Banco do Brasil entre os dias 27 de janeiro e 8 de fevereiro e conta com 3 sessões diárias e dois debates, busca entender os rumos tomados desde os tempos da Vera Cruz , com seu cinema pretenciosamente de “qualidade”(e cujo representante aqui é O Cangaceiro, de Lima Barreto, 1953) até 2008, quando Christian Saghaard fez O Fim da Picada, que terá na mostra sua primeira exibição além de expor a pluralidade do cinema paulista.
Hoje, às 19h um debate com os críticos Sérgio Alpendre e Luis Carlos Oliveira Jr e o diretor Cláudio Cunha discute o atual momento do cinema paulista . A seguir, alguns destaques para esta semana:

Sexta-feira,dia 3015h São Paulo S/A , de Luis Sérgio Person (1965)
17h Bandido da Luz Vermelha, de Roberto Sganzerla (1968)
19h Noite Vazia, de Walter Hugo Khouri (1964)

Sábado, dia 3115h Floradas na Serra, de Luciano Salce (1954)
17h Alma corsária, de Carlos Reichembach (1994)

Domingo, dia 01 - 15h O Grande Momento, de Roberto Santos (1958)
19h As Bellas da Billings, de Ozualdo Candeias (1987)

A programação completa da mostra, que tem produção de Francis Vogner dos Reis e curadoria de Sérgio Alpendre, pode ser vista em
Para fevereiro tem ainda Esta Noite Encarnarei no teu Cadáver, de José Mojica Marins e A Hora da Estrela, de Suzana Amaral bem como outro debate e filmes raros.
O CCBB fica na rua Álvares Penteado, 112, próximo à praça da Sé.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Nossa querida leitora Rosana Banharoli, que é membro do Conselho Municipal de Cultura (literatura) de Santo André e da ONG literária EntrePalavras, enviou este video, que é uma animação produzida pelo Marcelo RedMojo, amigo dela. Aproveito para adiantar que ainda esta semana tem TOP10, a programação de cinema do CCBB(Centro Cultural Banco do Brasil) e texto sobre fotografia e música na era digital.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

CORREÇÕES

* Iludido pelo lançamento do álbum do Márcio Baraldi, "Vale Tudo" (de já falei aqui e voltarei a falar em breve) informei, alguns posts atrás, que a editora Opera Graphica estava "viva e forte"(ou outra expressão idiota qualquer). Nem viva nem forte, ela encerrou as atividades em dezembro, como fiquei sabendo pelo blog do jornalista Pedro de Luna www.jblog.com.br/quadrinhos.php , do Jornal do Brasil.
Vou tentar ser um pouco mais atencioso da próxima vez.

* Hoje deveria entrar no ar o Top10 enviado elo DjMandio, a quem eu peço todas as desculpas do mundo . Deveria, por que eu consegui apagá-lo do meu computador, de forma que haverá algum atraso na postagem.
Vou tentar ser um pouco mai atencioso da próxima vez.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

POP10 !

Segunda e sexta é dia dos Top 10 enviados pelos leitores. Aqui vai o primeiro deles, exclusivamente musical:
1) Beach BoysPet Sounds: Já disse um cara muito bacana certa feita que se Deus tivesse humor musical, provavelmente comporia este disco. Mas como diz o ditado, Deus age de maneira estranha, e desta vez escolheu um esquizofrênico de pai e mãe pra compor simplesmente o maior disco de rock and roll da historia. Ouça uma vez por semana como espécie de agradecimento aos seus dias, este é pra levantar a fé de qualquer ateu.
2) Beatles – White Álbum : Amo qualquer coisa que os Beatles fizeram na vida a ponto de ter escrito uma monografia sobre os mancebos. Mas pra dizer que eu sou um cara mala, ando preferindo mais o White Álbum do que Sgt.Peppers. Enquanto Lennon andava com Yoko, George compunha meia dúzia de gemas maravilhosas pra calar a boca de todo mundo , Ringo continuava o cara cool e desencanado de sempre, o Sr. James Paul McCartney cismou que era Mozart e esculpiu algumas musiquinhas pra fazer qualquer um questionar o que era a musica de verdade, como uma canção pode entrar na sua vida e te acompanhar por anos como um grande amigo, ou seja, explicava o mundo com uma singela canção tal qual Blackbird. Ah, o Lennon pôs Yer Blues nesse ai. Será que eu preciso recomendar?
3) Ramones – Ramones (1976) : Rock and Roll sem nada além de culhoes, vísceras e diversão. Fundamental pra qualquer um que pensa que sabe alguma coisa sobre a vida.
4) The Clash – London Calling: Resumidamente, o belo dia no qual o punk decidiu sair do seu próprio umbigo, e se juntou com outras minorias. Caldeirão étnico, caos social, fúria imensamente embasada , política feita por gente séria e sem medo de meter pipoco na cara de qualquer gordo trilhardario. Porra, fundamental.
5) Tom Jobim – Qualquer coisa : Tinha me prometido guardar a bossa nova pra depois, mas cuzaozice a parte, a efeméride dos 50 anos no ano passado me fez ir atrás das coisas. Sou do tipo que adora ser do contra pela chinfra , e parafraseando tio Nelson Rodrigues ; sempre penso que toda unanimidade é burra. Mas sabe que tudo que dizem do Sr Antonio Brasileiro é verdade verdadeira? È dos dez maiores compositores do século XX, é um poeta dum refinamento raro , é um músico de extrema técnica e delicadeza. Bom, esse anda pelas águas e solta raio pelos olhos, não é possível alguém ser tão magnífico assim.
6) Marvin Gaye – What’s Going On: Talvez o disco perfeito pra ilustrar uma época que ainda se mata pela cor da pele, credo religioso ou por petróleo ( mesmo sabendo que vai acabar e que é nocivo pra mãe natureza)
7) Cartola – Qualquer coisa também: Qualquer letra fala mais e melhor de amor, do que qualquer relacionamento que tivermos na vida. Simples assim.
8) Frank Sinatra – My Way /the very best of : A fase é ja na gravadora Reprise, e sabemos que ele era realmente o malvado comedor nos tempos de Capitol. Mas ainda assim que classe, que swing, que atitude mais rocker do que qualquer roqueiro desde os anos 80. E funciona que é uma beleza pras manhãs de domingos ressacados.
9) Carpenters – greatest hits : guilty pleasure total, mas é até divertido vislumbrar um romance no qual passarinhos aparecem quando se está perto da pessoa amada.



Pra encerrar a lista , um disco pra ser queimado como exemplo de coisa feia mandada por satã pra celebrar a confusão entre os homens:


10) Ana & Jorge : Ana Carolina e Seu Jorge : Não tenho o problema com o fato da primeira pessoa desta lista ter pego mais mulher do que eu , tampouco tenho problema com o fato da segunda pessoa desta lista ter uma postura que mais se assemelha a de um mico dançarino de realejo. Quer saber? Tenho problema sim. Não fosse a musica um lixo, os dois ainda dão nojo..... pra mim isso basta.
Mário César Cruz Pereira : é historiador, tinha um fanzine de humor quando era vagabundo, e salvo por uma filha que é uma bonequinha , não se lembra de muitas coisas uteis ou relevantes que tenha feito.

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009


Sempre preferi os filmes que Fritz Lang fez nos EUA. Claro que em sua primeira fase, na Alemanha, temos um gênio que fez os Nibelungos, os Mabuse, M e Liliom, só que parece que geralmente ele é (somente) o cineasta de Metrópolis, um artista que perscruta o nazismo e um diretor que dialoga diretamente com a idéia de vanguarda, sobretudo nesse que é seu mais famoso filme. Nele, aliás, é possível fazer qualquer tipo de leitura histórica ou "historicista", alegórica ou metafórica, ou simplesmente tratar da estilização, que em absoluto não é coisa central em seus filmes.
O exercício do cinema americano obrigou-o a condensar seus interesses - no que diz respeito aos seus conceitos - no que tanje ao cinema, à história e à natureza do homem. Os Estados Unidos tornaram-o local (ele faz westerns, noirs, logo virou um cineasta americano), e também universal, característica fascinante e por vezes famigerada, do cinema americano.
Fritz Lang teve de administrar a infra-estrutura de Hollywood, as regras do jogo, os gêneros e as estrelas e contribuir na década de 40 para que o que chamamos de cinema clássico não fosse só "fotografia de gente falando". Se para um diretor irregular como William Wyler um traveling era um apuro técnico que, junto com a montagem, auxiliava objetivamente a dramaticidade de uma cena, para Fritz Lang o traveling tornava tudo direto, abolindo por vezes uma montagem (uma junção de planos e distâncias, distinções e analogias) que pareceria óbvia a partir de um roteiro (veja a abertura de Scarlet Street) e fazia do percurso e dos elementos dramáticos do filme de gênero um princípio obscurecedor e cruel. Samuel Fuller, Orson Welles, Willian Friedkin, John Carpenter (de "Eles Vivem", sobretudo) e Brian DePalma descendem deste cineasta que a partir da clareza e da coloquialidade próprias do cinema americano, afirmou um olhar sobre a mentira, o ódio, a violência, a fabricação de párias e carrascos e a difamação. Investigações de Lang sobre o homem de qualquer época, mas especificamente inflamadas no século XX (e XXI), porque transformadas em representação, política e propaganda, tanto pelo nazismo quanto pelo cinema de Hollywood.
No cinema americano Lang não precisou de um personagem ficcional para urdir tudo isso, ele olhava para o escândalo do cotidiano, que esconde o sórdido e o horror: Fúria, Scarlet Street, O Segredo Atrás da Porta, While the City Sleeps, Desejo Humano, The Big Heat, A Gardênia Azul, Os Carrascos Devem Morrer, Suplício de uma Alma, Vive-se só uma Vez, O Retorno de Frank James, Western Union...
- Francis Vogner dos Reis é crítico da revista Cinética e está organizando a mostra Retrospectiva do Cinema Paulista, que estréia em breve no CCBB-

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

É HORA DE RELER PALESTINA- NA FAIXA DE GAZA



De 1991-1992 quando Joe Sacco esteve na Palestina (e colheu material para as duas graphic novels lançadas pela Conrad) para cá, muito mudou; houve acordo de paz, retirada dos assentamentos judaicos, cessar fogo, morte de Iasser Arafat , queda do Fatah e eleições democráticas (com vitória do Hamas). De 1991-1992 para cá, nada mudou.
!!!
Na guerra nós sabemos das grandes tragédias, dos números (oficiais) de mortos, da destruição da infra-estrutura dos países e dos absurdos como bombardear um escola infantil ou um carregamento de alimentos e ajuda humanitária. Mas as pequenas tragédias, aquelas que antecedem e sucedem as guerras, estas não sabemos por que, ao jornalismo o “trivial”não interessa. As pequenas coisas, aquelas corriqueiras, os sofrimentos do dia a dia (dia a dia tem hífen?), ou seja, aqueles que temos por “normais” não valem o tempo de um correspondente internacional ou mesmo o trabalho de uma agência de notícias. Mas valeu o tempo de Joe Sacco que captou a essência da questão: aparte os interesses do hizbollah, do Hamas, de Israel, do Líbano e do Irã, há um sujeito desempregado. E por tudo isto e mais um pouco ele não consegue emprego. Não conseguia em 1992 e não consegue agora. Ele é só um palestino, a periferia da periferia do mundo. Quem se importa?
!!!
Nesta cena há material para um livro. Em apenas dois quadrinhos Sacco não só faz o que os jornalistas do mundo todo não fazem(pois se interessam pelos Grandes Temas) como também incorpora a utilização de um meio tradicionalmente ficcional e a subjetividade da narração herdadas pela geração de Gay Talese, Truman Capote , Norman Mailer e Tom Wolfe, a do “new journalism” bem como o questionamento da objetividade do documentário e do valor da imagem como documento. Sacco coloca a si mesmo em foco e não esconde o quanto a presença dele altera emocionalmente o entrevistado(e seu relato) nem o quanto ele se sente deslocado/impotente e embaraçado com a situação. Um “e o que é que eu tenho a ver com isso” envergonhado e cheio de culpa escorre espremido destes dois quadrinhos.
!!!
Dizer “a população palestina sofre com a falta de empregos e alimentos. Há protestos por toda parte”e, em seguida mostrar uma mulher chorando tem efeito narcotizante sobre nós, que somos em grande parte insensíveis a imagens televisivas. Vermos um sujeito chorando e fazendo um pedido humilhante e ridículo de emprego ao entrevistador é outra coisa. Não é jornalismo,não é ficção,não é documentário. É Joe Sacco.
!!!
Escrevi em agosto do ano passado neste blog um quadro com um breve histórico do conflito na região da Palestina. Breve por que sucinto, afinal relacionei os conflitos (se bem me lembro) ,em forma de tópicos, desde a tomada de Jerusalém pelo Sultão Omar.
Ingenuidade minha achar que aquilo dava conta de explicar as tensões políticas na região.
As seguintes declarações publicadas na Folha de São Paulo do dia 8 deste mês mostram o quão pantanoso um deserto pode ser.
" Os regimes árabes, receosos com a própria estabilidade,se cuidam para não ferir os interesses americanos na região.Esses mesmos regimes estão divididos entre,de um lado,pressões populares(pró-palestinas) e ,do outro, o medo da expansão da influência do Irã por meio do Hamas" - Richard Falk , relator da ONU para assuntos humanitários na Palestina
"Se para você, a única solução estável é uma que envolva dois Estados,com os palestinos ficando com toda a Cisjordânia,a faixa de Gaza e os setores árabes de Jerusalém Oriental,você só pode torcer pelo enfraquecimento do Hamas. Por quê? Porque nada tem prejudicado mais os palestinos do que a estratégia de culto à morte do Hamas de converter jovens em homens-bomba. Pois nada seria um revés maior a um acordo de paz do que se o chamado do Hamas pela substituição de Israel por um Estado Islâmico se tornasse a posição palestina nas negociações.E porque os ataques do Hamas ao sul de Israel estão destruindo a solução de dois Estados,mais do que os insensatos assentamentos de Israel na Cisjordânia" - Thomas L.Friedman, do New York Times
"O cessar-fogo que existia antes do conflito não era perfeito;longe disso.Israel sofria ataques intermitentes de foguetes e estava ciente que o inimigo aproveitava a trégua para reforçar seu arsenal. O Hamas vem sofrendo um embargo econômico severo,o que prejudicou sua esperança de governar Gaza."- Robert Malley foi conselheiro do presidente Bill Clinton para assuntos árabe-israelenses(artigo originalmente publicado pelo "Monde"
"Os moradores de Gaza e do sul de Israel não terão calma enquanto o mundo se reusar a dialogar com o movimento islâmico e enquanto este ignorar suas obrigações internacionais" - idem
"A história dos dois últimos anos em Gaza representa a bancarrota coletiva:de parte do Hamas,qu perdeu a ocasião de agir como protagonista político responsável;de Israel, que se apegou a uma política cujo objetivo era isolar e enfraquecer o movimento e produziu o efeito oposto(...)e por fim da comunidade intenacional,que exigiu que o Hamas se transforme em partido político sem incentivá-lo a isso(...)os únicos a pagar o preço(...)são os civis dos dois lados"- Idem

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

MAIS BÓRGIA


Mais uma cena da impressionante graphic novel da Conrad "Bórgia-Sangue para o Papa". Desta vez é uma vítima de olhos vazados de Rodrigo Bórgia, pouco antes deste se tornar o papa Alexandre VI.
Recomendo voltar ao post e ler o comentário do Mario Cesar.
Mera curiosidade- Nicolau de Maquiavel, em “O Príncipe”, acerca da execução do Ministro Ramiro de Lorqua mandada por César Bórgia (num período posterior aos narrados nos dois volumes até agora publicados pela Conrad) :
“E aproveitando a oportunidade,mandou colocá-lo uma manhã,cortado em pedaços,na praça pública de Cesena,com um pedaço de madeira e uma faca ensanguentada ao lado. A ferocidade desse espetáculo fez com que toda população ficasse ao mesmo tempo satisfeita e estupefata”.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

PAPO DE BALCÃO !

Bem, no primeiro Papo de Balcão deste ano, vou responder aos comentários (antes tarde do que nunca), anunciar o que está por vir e fazer uma convocação ! Simbora !
- POP 10 ! Todos leitores estão intimados a enviar seu Top10 ao Bar 1211. É o seguinte: escolha seus 10 Mais (pode ser disco,filme,livro, música,HQ ou tudo junto) -com justificativa- e mande para
blogbar1211@yahoo.com.br
inclua seu nome e uma breve auto descrição. Caso queira, mande também uma imagem para ilustrar a lista.
Vamos lá, quem se habilita a ser o primeiro?
- O professor, crítico da Revista Cinética e grande amigo Francis Vogner afirmou neste blog preferir a fase americana de Fritz Lang, diretor que abandonou a Alemanha sem nem sequer fazer as malas( após uma proposta de Hitler para que fosse o cineasta do governo nazista) rumo à França- onde filmou Liliom (1934)- e daí para os EUA. Conheço tão miseravelmente pouco este período que não posso dizer nada . Sérgio Alpendre, colega (de profissão e pessoal) de Francis escreveu no Guia da Folha : “Talvez estejam certos os críticos que preferem a fase ameriana do diretor alemão Fritz Lang. Entre Fúria(1936) e Súplício de uma alma(1956) ele realizou uma porção de obras essenciais. Mas essas já existiam antes, durante a fase alemã”.

- Sérgio, aliás, será entrevistado por este blog para falar sobre um dos filmes mais comentados por aqui, Crepúsculo dos Deuses, de Billy Wilder.
- A Opera Graphica, que o superpai Mario César perguntou (muuito tempo atrás) se ainda existia e eu não soube responder, continua viva e forte, como prova o livro do Baraldi sobre o qual eu postei no último dia do ano. Aliás, a idéia do Pop10 é do Mário.
- O caríssimo Daniel Luppi é um leitor atento e participante e questionou sobre teoria das cores. Assim é que é bão !Mas vamos lá: tanto o preto quanto o branco não são propriamente cores. O preto é incapaz de refletir a luz.Se misturarmos todas as cores, o que se obtém é o preto(ausência total de luz). O branco é reflexo total, a luz pura, ou seja, a ausência das cores. Por isso é que há um sentido metafórico muito forte no fato de The Originals começar com duas páginas negras, sem desenho algum e terminar com uma completamente branca, espécie de “fiat lux”. Mas Daniel (e o google)têm razão. Há diferença entre cor-pigmento e cor -luz. Assim que eu tive uma pesquisa sólida, volto ao tema.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

O LADO GROTESCO DA HISTÓRIA







Se em The Originals o que interessava era ou o impacto da cena (conseguida com o isolamento do quadrinho na página negra) ou o conjunto dos desenhos, em Bórgia o que interessa são os detalhes e tudo corre para eles mais do que para a história do dramaturgo, escritor e roteirista de cinema chileno Alejandro Jodorovski. Não é só a cena principal que interessa ao leitor, mas sim todo o conjunto. Se vemos Lucrécia Bórgia num convento, vemos também no mesmo quadrinho a reação das freiras, com gestos e expressões perfeitamente realistas. E isso é algo extremamente complexo e raro em se tratando de quadrinhos quando o corriqueiro(mesmo para o personagem principal) é usar um modelo para expressões (uma pessoa assustada tem a boca aberta e as mãos espalmadas no rosto, por exemplo)ao invés de um estudo de como tal pessoa se portaria em tal cena.Qualquer semelhança com as pinturas Renascentistas não é mera coincidência.
Lemos “Bórgia”como quem vê uma pintura, não como quem vê um filme. Podemos nos deter por vários minutos num único quadrinho, olhando o cenário com os pequenos animais que correm ao fundo os beberrões indiferentes a tudo, crianças e tantas outras coisas. O cinema controla o tempo em que vemos uma cena, a pintura, não e pouquíssimos quadrinistas fazem uso desta possibilidade.
Não haveria outro desenhista que não o italiano Milo Manara para trazer à vida a saga do Papa Alexandre VI e seu filho César Bórgia em sua busca ensandecida por poder. Primeiro por que Manara é mestre do traço naturalista, capaz de definir músculos, dobras de pele, rugas com perfeição, o que reflete perfeitamente o momento da história da arte em que se passa a trama, o Renascimento, quando , além de se alcançar o domínio pleno do uso da perspectiva na pintura, artistas como Leonardo e Michelangelo se aplicam em estudos de anatomia a fim de obter uma representação mais perfeita possível do corpo humano(na verdade a coisa é bem mais complexa do que isso, mas não cabe aqui um aprofundamento).
Em segundo lugar, tudo nesta graphic novel é um delírio libidinoso, com cenas absurdas (uma orgia gigantesca nas ruas de Roma, perfeitamente vista através da janela do palácio papal), erotismo e violência desmedidas, tudo muito mais próximo do grotesco do que do real. Quem conhece o trabalho Manara saber que ninguém é capaz de desenhar mulheres como ele, muito menos de fazer explodir tanta sexualidade (e ,por conseguinte, violência) nas páginas de uma HQ.
Por isso mesmo, e apesar da presença de personagens reais como o monge beneditino Girolamo Sforza e o pensador Nicolau de Maquiavel (que dedicaria o cap. 7 de “O Príncipe” a analisar César Bórgia para elucidar seus conceitos de Fortuna e Virtu), o leitor deve encarar Bórgia mais como um teatro do grotesco, ou como uma pintura de Hieronymous Bosch (pintor holandês do século XV) do que como um retrato histórico.

RETRATO EM BRANCO E PRETO DA ADOLESCÊNCIA




The Originals tem pedigree. É de Dave Gibbons, desenhista e co-autor com Alan Moore de Watchmen, simplesmente uma das maiores obras já feitas em quadrinhos.Isso dispensa maiores apresentações.
A Graphic Novel de Gibbons (que aqui cuida sozinho de desenhos e roteiro) é toda em preto e branco, com desenhos pouco simples epouquíssimos detalhes a fim de melhor contar a história de dois adolescentes que entram para uma gangue de motoqueiros numa Inglaterra retrô-futurista embalada a rock and roll e soul music. A estranheza do visual dos topetudos vestidos de jaquetas de couro montados em motocicletas voadoras é perfeita para refletir esse momento de transição (da adolescência à idade adulta) em que estão os personagens. Tudo é surpreendente, novo e empolgante e o leitor participa disso sem em nenhum momento se ater a um momento histórico. Isso não é a vida de um jovem dos anos 60 ou 70 ou 2000. É a vida dos jovens desde sempre. E a dualidade é onipresente, seja nas cores (preto e branco), na divisão radical entre gangues (os Dirts e os Originals) e no momento (jovens e adultos). É nesse mundo de pares de opostos ilusórios (e fugazes, que terão fim na última página ) que os jovens Lel e Bok tentarão encontrar seu lugar, primeiramente entrando para um gangue dos Originals ,e depois fazendo uso daquilo que têm à mão,ou seja, seu status no grupo, suas motos, as roupas da moda e as drogas.
Visualmente, Originals faz uso da própria página que, ao contrário do normal, é, sempre negra.
Isso incorre numa valorização da voz do narrador (o jovem Lel) que ficam na página, fora dos quadrinhos, portanto não concorrem com os desenhos pela atenção do leitor, mas também numa maior dramaticidade das cenas que por vezes são desenhadas num único quadrinho solto no meio da página negra, sem que outro esteja colado a ele para estabelecer uma seqüência.
A única página branca é a última, sem desenho algum, apenas uma frase do narrador. Seu impacto é poderosíssimo pois nos mostra que o grande vazio do branco é o da vida adulta, do abrir os olhos, da grande indefinição(o branco é a ausência de todas as cores), da primeira luz ofuscante no momento do nascimento. Se até aquele momento a história se passava durante à noite, com suas festas e brigas (uma única cena diurna mostra os pais de Lel), agora amanhece.
Lel fez dezoito anos . E agora?