Não dá para dizer muito sem estragar a surpersa de quem ainda não viu o filme, mas uma coisa é certa: A Ilha do Medo é o melhor Scorsese em muito tempo. Aqui ele retoma grandes questões do cinema, como a nossa crença canina na imagem cinematográfica, ao tornar impossível de separar o que é realidade e o que é alucinação do Detetive interpretado por Leonardo DiCaprio que vai a uma ilha onde funciona um manicômio investigar o desaparecimento misterioso de uma paciente. Se por um lado o diretor não rompe totalmente com a verdade da imagem(falei bastante disso quando tratei de Blow -Up-Depois daquele Beijo), ele a coloca em dúvida o suficiente para fazer algo extremamente engenhoso que é retrabalhar alguns aspetos da obra de Alfred Hitchcock, mas num caminho inverso, com os sinais trocados. A referência à cena do chuveiro não é à toa e a chave para a compreensão do trabalho minuncioso de Sorcese está no ponto de vista assumido. É o que o difere de Hitchcock. Mais do que isso não dá para dizer. Ou melhor, dá sim: o final (calma, não vou contar nada que não deveria!) demonstra um pessimismo, uma falta de crença na redenção humana, na possibilidade de salvação que se torna um fardo a carregar na saída do cinema.
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