2- AS CRÍTICAS A AVATAR
Antes, para quem não assistiu ao filme, um resumo da trama:
Jake Sully (Sam Worthington) ex-fuzileiro, agora preso numa cadeira de rodas, torna-se parte fundamental de uma equipe (composta por burocratas, militares e cientistas) enviada ao planeta Pandora a fim de convencer os nativos Na´ Vi a permitirem a extração de um valioso minério escondido no subsolo do planeta. Para isso eles tentam se infiltrar usando os avatares, corpos artificiais comandados mentalmente e à distância por humanos que dormem em câmaras fechadas, (projetando suas mentes para dentro do avatar). O herói, uma vez na tribo, acaba convencido de que está do lado errado e parte em defesa de seu novo lar, mas, para isso, terá de enfrentar o Coronel Quaritch (Stephen Lang) obcecado pela destruição dos nativos.
Ora, todos já vimos esta história antes, um exemplo é O Último Samurai, de Edward Zwick, onde Tom Cruise faz o papel do militar inglês que, enviado para combater os japoneses, acaba derrotado, preso e , por fim, integra-se àqueles que buscava combater. Mas o que no filme de Zwick se resumia a reconhecer o valor do outro, a uma troca enriquecedora de experiências, em Avatar vai muito além.
Já as críticas ao filme podem ser resumidas basicamente a dois argumentos :
1-O filme é formulaico, um amontoado de clichês
2- A história é ingênua e simplista
Não se pode confundir o clichê com as convenções do filme de gênero. O “Dicionário teórico e crítico de cinema” nos diz no verbete “gênero” :
“Cenas ou formas prescritas por um gênero (a declaração de amor e o primeiro beijo no love story, a gag no burlesco, a passagem com espancamentos por parte do detetive nos filmes policiais da década de 1940) são parecidas de um filme para a outro e acabam constituindo uma espécie de repertório que cada novo filme convoca mais ou menos ou menos conscientemente”. (AUMONT,MARRIE, 2007, p.143)
É possível lidar com as convenções de duas maneiras: subvertendo-as em algum nível ou aceitando-as, acrescentando-lhes camadas de complexidade. O que é extremamente difícil, pois um diretor e um roteirista de pouco talento podem fazer do filme uma seqüência de lugares-comuns - um mal epidêmico nas comédias românticas.O crítico Inácio Araújo, em seu livro “O Mundo em Movimento” fala especificamente a respeito do clichê:
“Quando um filme acumula clichês, é normal que os personagens se comportem de maneira convencional, isto é, conforme já conhecemos no passado, sem acrescentar-lhes nada em complexidade. É um filme que apreende a realidade de maneira imperfeita”. (ARAÚJO,2002,p.21)
Ou seja, quando um filme é um acúmulo de clichês ele repete fórmulas a ponto do comportamento dos personagens e até mesmo os diálogos parecerem extraídos de outro filme. Talvez esse seja o que mais causou incômodo em Avatar, afinal a figura do militar que pretende destruir Pandora se comporta de maneira totalmente convencional, sem nenhuma complexidade.
Pois bem, as convenções de filme de gênero existem em Avatar e veremos ao longo deste texto o porquê não constituem um problema em si. O que importa para se avaliar uma obra como esta é o uso que ela faz dessas convenções. A que elas servem? Isso nos leva ao segundo argumento, de que o filme seria simplista o que equivale a dizer que àquilo a que as convenções estão a serviço é de pouco valor, que seu significado é pobre. Antes,no entanto, devemos entender melhor as convenções presentes em Avatar.
- continua -
Um comentário:
Olá! Estou fazendo um trabalho para a faculdade sobre o Cineclube do Belas Artes, e gostaria de ouvir um pouco das pessoas que já assistiram filmes nas sessões especiais. Se puder dar uma palavrinha sobre a experiência, avise! Vai me ajudar bastante :) Aguardo resposta e agradeço desde já! Meu e-mail: lethaargic@gmail.com (não é vírus nem nada do tipo)
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