terça-feira, 1 de setembro de 2009

É rabugice minha criar caso com os erros ortográficos? Acho que não, até porque eu mesmo erro, e de montão. Citei a Xuxa, cito agora um anônimo. Fui ler a resenha do filme "Arraste-me para o Inferno" que o ótimo crítico Sérgio Alpendre fez para o apenas razoável site Cineclick (disponível em:
http://cinema.cineclick.uol.com.br/criticas/ficha/filme/arrasta-me-para-o-inferno/id/2208 ) quando topei com o seguinte comentário(assim mesmo em caixa alta) :
MEU DEUS QUE FILME HORRIVEL PIOR FILME QUE EU VI NA MINHA VIDA NA MORAL GENTE ACONSELHO A NÃO VERPQ QUEM VIU PARECE QUE FOI PRO INFERNO MUITO RUINFINAL MEIO E FIM COMPLETAMENTE HORRIVELESSE SAM RAIMI NÃO SABE FASER FILME AINDA QUER BOTAR PARTES ENGRAÇADAS EM FILME DE TERROR EU RI MAIS DO QUE ME ASSUSTEI NA VERDADE NEM ME ASSUSTEI
Pode ter sido um garoto o autor do texto (o que justificaria certos erros), mas é interessante notar que ele se preocupou em não errar o nome do diretor. Ou seja, ele não deu a mínima importância à escrita, que parece mimetizar a exasperação com que ele falaria com algum colega (isso explica o uso da caixa alta). A internet desestimula o uso de pontuação e acentuação, isso a gente bem sabe.
Mas há algo mais aí, algo sério. Esse garoto ( quero crer que seja um garoto - e pela linguagem devo estar certo) é parte de um grupo enorme ,Xuxa e Sasha inclusas, que parece não ver utilidade na escrita. É de se pensar em quais fatores levam a isso . A alfabetização é cada vez mais precária; hoje mais pessoas são alfabetizadas, mas apenas nas planilhas do governo. Crianças chegam aos 8 ou 9 anos de idade sem sabererem escrever uma única palavra, tudo isso por entraves burocráticos e interesses diversos, que vão do impedimento da reprovação à ação de diretores que não querem índices ruins de alfabetização em suas escolas, e por isso dão como preparados alunos praticamente (ou completamente) analfabetos. Há também a diminuição persistente no hábito da leitura - o crescimento na venda de livros não quer dizer que mais pessoas estão lendo-nem diz quais livros são vendidos. E com certeza outras coisas que façam as pessoas crerem que escrever é algo quase desnecessário.
Mas quais ?
PS. A propósito, não acreditem no garoto, o filme é excelente.
PS2. O Cineclick é site que publicou o texto do crítico Celso Sabadin sobre o "xou" da Xuxa no Festival de Gramado de que o Daniel falou nos comentários:
PS3. Ainda Xuxa, ainda twitter . Um fã, revoltado com as críticas à sua musa e rainha, postou na internet um vídeo para defendê-la. Deu nisso aqui : http://pepsi.gizmodo.com.br/conteudo/mexeu-com-xuxa-mexeu-comigo

2 comentários:

Daniel Luppi disse...

Locais ideais pra "caçar" essas "aberrações" são mesmo os campos destinados a comentários dos internautas em sites e blogs. Cehga a irritar. E antes fossem apenas erros de português. Mais comum é a defesa de ideias preconceituosos. È só entrar nos blogs de conteudo politico e sair revoltado com o que o povo se anima a escrever. E nao é so. outro dia Inacio araujo inseriu um comentario cinefilo sobre o filme "Fiel", o que bastou para alguns torcedores nao entenderem que nao se tratava de um blog de torcidas e avacalharem o critico.
E o que é esse tal fã?!?!?!?!
Que bizarro... e se acha inteligente!
E me explica que eu nao entendi a divisao entre "pessoas com perfil" e "sem perfil"... vc é o que? eheheh

Adilson Thieghi disse...

Olha, o que o sujeito escreveu nos vomentários do texto do cineclick (essa história do fã om erfil) não faz sentido nenhum mesmo. O aso é que quem deixa comentários em grandes sites normalmente não deixa em pequenos blogs, como o meu e muitas vezes nem lê o texto do crítico. Faz isso mais para poder se expressar, como a pessoa que não gosta do filme e sai falando o mais alto possível quando termina a sessão.
Daí a gente entende a dimensão que o twitter está tomando, porque dá voz a quem quiser tê-la(e não for um excluído digital). O que cada um faz com essa voz é outros 500.Quase sempre bobagem, como disse o comentário do Giovani na postagem anterior, algumas vezes coisas boas, outras tantas oisas revoltantes.Mas é um fenômeno a se ficar atento. Coisas do novo milênio, enfim...