quinta-feira, 17 de setembro de 2009

FUTEBOL / ARTE

Foi dica do grande amigo e leitor assíduo(um dos quatro ou cinco que este blog tem) o site :
http://www.mundogump.com.br/pinturas-incriveis/ que traz pinturas hiper-realistas de artistas que eu desconheço.
Pausa.
Esta semana, durante o programa Jogo Aberto apresentado pela encantadora Renata Fan na Rede Bandeirantes, o comentarista e ex-jogador Neto disse, a propósito de um lance polêmico :"quem briga com a imagem é porque não tem inteligência". A patada foi dirigida o jornalista Ulisses Costa, que se recusava a reconhecer uma falta ou um impedimento(não me lembro bem) que Neto julgava estar evidente no videotape.
Bom, a esta hora os quatro ou cinco leitores devem estar pensando o que é que o ponto inal do reto tem a ver com as calças.
Explico.
No blog indicado pelo Daniel, o autor tece vários comentários que podem ser resumidos num só "parece fotografia" o que, para ele, é um elogio. Parecer uma fotografia de fato deixou de ser um elogio à arte desde,pelo menos, Cèzanne (ou até mesmo em Goya, dependendo do ponto de vista). Há uma série de questões aí, que envolvem o valor da "representação" nas artes visuais e que eu não vou expôr sob pena de tornar este blog ainda mais chato do que já é. Mas o que dá para dizer é que a questão de modo algum é essa, de se parecer fotografia, ou parecer real. Ou melhor, parecer real é só um meio de se chegar ao ponto que é este mesmo tocado pelo Neto;"quem briga com a imagem é porque não tem inteligência". Muito pelo contrário, nos dizem estes artistas (mas o blogueiro lá não entendeu isto), essa imagem perfeita não é real. Não faz sentido ter um arte meramente imitativa num mundo que já tem a manipulação das imagens ao alcance de qualquer um com um photoshop em casa. Mesmo antes disso a ambiguidade da imagem já era a questão do cinema desde pelo menos os anos 50. A imagem induz sim ao erro, ela é, afinal, só uma casca. Um signo (ou ícone pra ser mais preciso) de algo que existiu ou aconteceu. Essa relação da semelhança e orrespondência entre a imagem e o real , entre o íone e o referente(ou a impossibilidade de se estabelecer tal correlação) também já ferveu uma ciência como a semiótica. Quem assistiu Vertigo-Um corpo que caiu, de Alfred Hitchcock vai ver como o mestre inglês já trabalhava esta questão.
Já falei um bom tanto aqui do hiper-realismo. Mas não custa frisar o quanto a imagem é portadora de dúvida. Não fosse isso, eles não passariam duas horas por dia discutindo se foi pênalti ou não, se tinha impedimento ou não.
E isso quem me ensinou não oi nenhum boleiro, mas um crítico de cinema, o Inácio Araújo. Golaço.
!!!
Não oi uma crítica ao ótimo comentarista que é o Neto. Mas ainda é uma crença bastante arraigada de que a imagem é portadora da verdade e é disso que vive o jornalismo. Um foto ou filmagem é o que "prova" que algo teria acontecido. Todo mundo sabe o quanto de erro isso já provocou.
As imagens via internet então nem se fala. Nunca se sabe se são reais ou não. Sobre isso, quem talvez melhor tratou a questão foi George Romero e seu Diário do Mortos, de 2008, onde as notícias sobre mortos vivos se espalham pela internet e pela Tv mas por vários motivos(principalmente credibilidade), todas são alvo de descrença.