Terra Vermelha , filme de Marcos Bechis que está nas locadoras, foi de certa forma “injustiçado”. Por tratar do mesmo tema ( a questão indígena) e ter sido lançado mais ou menos no mesmo período em que Serras da Desordem, de Andrea Tonacci ele acabou um pouco ofuscado pela genialidade e a trangressão deste que foi sem sombra de dúvida o melhor filme brasileiro de 2008 - num ano que teve ainda peixes grandes como Falsa Loura, de Carlos Reichenbach, Encarnação do Demônio, do Mojica e Celópatra, de Julio Bressane. Também, como aliás quase todo filme nacional que não leve o logotipo da GloboFilmes,teve circuito exibidor restrito à região da Avenida Paulista e arredores, e só agora ganha uma preciosa segunda chance de travar contato com o público.
Há muita coisa nesta fita de Marcos Bechis, muitas perguntas não respondidas; a convivência entre índios e brancos, o desmatamento, a presença estrangeira, o confinamento dos indígenas em reservas minúsculas e degradadas, a bebida que vicia, os suicídios, a proximidade com a cidade grande e os shoppings , a pistolagem e a violência como única forma de mediar conflitos num local onde o Estado basicamente não existe. Tudo isso amarrado pela história de um jovem índio que começa a seguir os primeiros passos como xamã ao mesmo tempo em que se envolve com a filha do dono de um hotel, que aliás também é o latifundiário dono das terras que sua tribo invade numa atitude que lembra muito as cenas que vemos por pouco mais de um minutos nos noticiários televisivos. Essa situação violenta, que de certa forma começa quando o governo militar, por volta dos anos 1970 concede terras e instaura a grilagem, segue até hoje e vitimou de Chico Mendes a Dorothy Stang. Não é de se espantar que tenha tão poucos destaque nos telejornais, afinal não é tão fácil apontar culpados nem simplifiar a situação e palpitar soluções imediatistas.Requer tempo e reflexão, algo que este belo filme nos oferece.
Aceite de bom grado.
Há muita coisa nesta fita de Marcos Bechis, muitas perguntas não respondidas; a convivência entre índios e brancos, o desmatamento, a presença estrangeira, o confinamento dos indígenas em reservas minúsculas e degradadas, a bebida que vicia, os suicídios, a proximidade com a cidade grande e os shoppings , a pistolagem e a violência como única forma de mediar conflitos num local onde o Estado basicamente não existe. Tudo isso amarrado pela história de um jovem índio que começa a seguir os primeiros passos como xamã ao mesmo tempo em que se envolve com a filha do dono de um hotel, que aliás também é o latifundiário dono das terras que sua tribo invade numa atitude que lembra muito as cenas que vemos por pouco mais de um minutos nos noticiários televisivos. Essa situação violenta, que de certa forma começa quando o governo militar, por volta dos anos 1970 concede terras e instaura a grilagem, segue até hoje e vitimou de Chico Mendes a Dorothy Stang. Não é de se espantar que tenha tão poucos destaque nos telejornais, afinal não é tão fácil apontar culpados nem simplifiar a situação e palpitar soluções imediatistas.Requer tempo e reflexão, algo que este belo filme nos oferece.
Aceite de bom grado.
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