quinta-feira, 4 de junho de 2009

MORRE KOKO TAYLOR


Passou quase desapercebido pela imprensa brasileira a morte da sensacional cantora de blues Koko Taylor ontem,aos 80 anos, de complicações pós-operatórias.
Koko, apelido de Cora Walton Taylor, foi considerada na década de 1960 a rainha do blues de Chicago ,cidade onde chegara em 1953 em busca de serviços domésticos .
Seu primeiro encontro com a música foi aos 15 anos de idade,quando começou a cantar nos corais da Igreja Batista, escola de 9 entre 10 músicos negros norte americanos(antes do advento do hip hop,claro) .
Mulheres,aliás,sempre foram preponderantes no blues,se não como instrumentistas, mas como cantoras; Bessie Smith, Menphis Minnie e tantas outras tantas no início do século passado ditaram o ar melancólico que seria seguido daí por diante pelos homens.
Koko era de uma outra geração, a do blues eletrificado, urbano, radiado não mais no Mississipi ou na Louisiana, mas em Detroit e Chicago. O que a distinguia das demais cantoras (e de quase todo mundo) era o vozeirão rouco,potente, quase gritado , na herança dos melhores shouters (o canto religioso), mas com uma potência que fazia dela uma tempestade nos campos de algodão, verdadeira força da natureza.
Sua única contraparte possível no sexo oposto era Howling Wolf, que,como o apelido entrega, cantava como um lobo que uiva. Aliás, a gravação de Wang Dang Doodle, de Willie Dixon, liga os dois. Fracasso na voz de Wolf, teve parte de sua letra alterada e explodiu com Koko Taylor, atingindo 4º lugar na parada de R&B de 1966. O bluesman a regravou em 1970, aompanhado de músicos de peso ( ninguém menos que Eric Clapton , Bill Wyman, Charlie Watts e Steve Winwood). No entanto era tarde ,a música já tinha o emblema de Taylor.
Ainda neste período, Koko integrou o elenco do mítico selo Chess Records(que naquele tempo abrigava gigantes como Buddy Guy , Etta James e o próprio Wolf), onde ficou até que fosse vendido. Pulou então para a Aligator, onde ficou até 2007. Sua carreira prosseguiu como a da maioria dos bluesmen, idolatria no fim dos 1960, algum esquecimento nos 70 e daí por diante marcando presença em shows pela Europa e festivais de jazz. Foi indicada sete vezes ao Grammy (a última em 2007),que venceu em 1984.
Koko Taylor pode não ter sido a “rainha do blues” como dizem por aí (este posto nunca será tirado de Bessie Smith), mas com certeza fez parte da realeza.
!!!
Quem quiser encontrar Koko Taylor na TV a cabo ou em DVD não terá muito trabalho; ela faz uma ponta no filme “Blues Brothers 2000” (1998) de John Landis, cantando ao lado de BB King, Bo Didley , Isaac Hayes e Eric Clapton na fictícia banda Louisiana Gator Boys.
!!!
Em bons sebos pode-se encontrar a um preço bastante baixo (por volta de R$ 5,00) uma coletânea produzida originalmente para ser vendida em bancas de jornal, chamada “Mestres do Blues-Koko Tylor”.
A trilha sonora de Blues Brothers 2000 também é figurinha fácil no sebos e lojas.

Nenhum comentário: