quinta-feira, 28 de maio de 2009

TEATRO- ALMA BOA DE SETSUAN


É amargo o gosto do riso que escapa fácil da engraçadíssima Alma Boa de Setsuan , texto de Bertold Brecht adaptado por Marco Antônio Braz e com elenco encabeçado por Denise Fraga e Ary França.
Na miserável cidade chinesa de Setsuan, um deus (Braz) surge em busca de uma alma verdadeiramente boa. Todos aqueles que o vêem se curvam e lhe prestam homenagens, no entanto em nenhum deles o deus reconhece a verdadeira bondade. Isso até que encontra Chen Tê (Fraga), prostituta paupérrima que abre mão de atender seu único cliente (e que lhe garantiria o pagamento aluguel) para dar abrigo a ele por aquela noite. A partir daí é o inverso da história bíblica de Jô, a quem Deus retira sua riqueza a medida que lhe impõe mais e mais sofrimento; Chen Tê recebe uma quantia em moedas, que ela usa para comprar uma loja de fumo e assim abandonar a prostituição. Aí começa seu tormento. Os antigos detratores, todos eles moralistas, agora se convertem em aduladores e aproveitadores; tudo, até mesmo o amor, passa a ser enganoso, suspeito. É então que ela diz a frase mais poderosa da peça: “como eu posso ser boa se preciso pagar o aluguel?” Antes que perca o pouco que tem, Chen Tê decide por se fantasiar de homem e assumir a identidade de Chui Ta,( que seria seu primo) e consegue assim não apenas dizer “não” como enriquecer. Chui Ta, ao contrário de Chen Te que era conhecida como o anjo dos pobres, passa a ser odiado por seu caráter impiedoso. Em dado momento Chen Tê dirá ao deus que é, sim, aquela alma boa por quem ele busca, mas na mesma proporção em que é também o odioso Shui Ta.
Um final sem nenhuma catarse, com um deus cego pela fé e sem resposta à pergunta: é realmente possível neste mundo ser uma boa alma? Aliás, que é ser uma alma boa?
O uso dos espelhos no final da peça cuidam de tragar o espectador para dentro da inquietação bretechiana.

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Alma boa de Setsuan recebeu o prêmio Shell de melhor diretor e foi eleita melhor peça de 2008 pela APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte).

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O riso, na peça, serve para evidenciar o grotesco do caráter dos personagens, motivo elo qual o diretor optou por um interpretações exageradas, caricatas. Um dos personagens, barbeiro rico e poderoso, fala ao berros , e sua aparição irrita aos ouvidos do espectador. Oda sua prepotência, seu gigantismo que esmaga os demais moradores de Setsuan se reflete na voz quase ensurdecedora.

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É tão nobre e delicado quanto o temperamento de Chen Tê o fato dos atores(inclusive Denise Fraga) de receber e cumprimentar o público na entrada do teatro.
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Somente dias 30 (sábado) às 21h e 31, às 19h.
Teatro Municipal de Santo André - Praça IV Centenário - Fone: 4433 0789
Entrada: R$ 60,00 (inteira) e R$ 50,00 antecipado.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

TV- CLEÓPATRA







É simplesmente imperdível Cleópatra, filme de Julio Bressane que o Canal Brasil exibe hoje às 22h. Tudo lá nos parece demasiadamente alienígena , do Egito de Motel ao figurino à Paixão de Cristo, passando pelo sotaque carioca de Miguel Falabela, que interpreta Julio César como se estivesse numa bizarra versão séria da sitcom Toma Lá da Cá. Também ao terreno do estranhamento pertence a Cleópatra de Alessandra Negrini, com sua voz irritante, que imita uma imitação de sotaque oriental.



Agora, como um filme em que tudo parece errado pode ser tão poderoso? Primeiro porque ele nos leva à pergunta: o que é este "certo" em cinema ? Da Cleópatra histórica pouquíssimo se sabe;o que conhecemos da rainha egípcia se deve muito mais ao cinema. Aliás o nosso imaginário em relação ao Egito é completamente hollywoodiano. E o que há de "correto" na Cleópatra vivida por Elizabeth Taylor no filme de 1963 dirigido por Joseph L.Mankiewicz ? Nada, tanto quanto na de Negrini, com a diferença que no primeiro caso temos um filme que faz força para nos fazer crer que aquilo é real para embararmos na cidade dos sonhos, para crermos que as coisas aconteceram daquele jeito de fato. Cleópatra, de Bressane aminha no sentido oposto;ao exagerar, distorcer evidenciar a farsa que é a enenação cinematográfica, nos lembra que o que vemos não é a História de Cleópatra, mas uma encenação, a nossa encenação . Por isso não tem o menor pudor em flertar com a TV nos cenários cafonas, no uso de atores globais e sua técnica de interpretação nem mesmo teme colocar as praias cariocas onde deveria estar o rio Nilo. O que nos leva a perguntar: que lugar é esse então ? As tramas palacianas, o séquito de poilíticos aduladores que,como gatos de rua, vão aonde obtêm mais vantagens, a manipulação pela imagem,o reino dos discursos que na prtática são outra coisa, tudo nos leva não ao Egito Antigo, mas sim à Brasília contemporânea.



Cleópatra de Mankiewicz, assim como Ben Hur(1959), de William Wiler ou Os Dez Mandamentos(1956) de Cecil B.DeMille, falava muito mais da sociedade norte-americana de seu tempo, de suas convicções e valores, do que propriamente do período histórico retratado. A Cleópatra de Bressane faz o mesmo, com a diferença de que não nos ilude quanto a suas intenções,pelo contrário, deixa isso bem claro.
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O filme é fortemente simbólico. A presença da água (seja em imagem, no som ou na evocativa fumaça azul que percorre o fundo vermelho abstrato), o uso consciente e sistemático das cores (azul e vermelho), o cenário, tudo busca uma evocação do sexo e do poder . Numa das sequências iniciais, Miguel Falabella aproxima-se tanto da câmera que só podemos ver as dobras de sua toga vermelha, na altura do peito. A imagem, que fica estática por quase dois minutos, enquanto ele continua seu diálogo com senadores romanos, evoca uma vagina. Ao fundo, o som de ondas no mar. Nesse intervalo tão pequeno entendemos o quanto ele é dominado por Cleópatra e o quanto de sexual existe na prática do poder. Pouco depois, outra imagem reforça ainda mais a idéia; uma mulher foalizada apenas entre o umbigo e o início das coxas, completamente depilada. Um giro de 180 graus e a imagem, de vagina passa a evocar uma pirâmide. A simbiose entre o sexo, o sagrago e o exercício do poder, tudo expresso num único e genial movimento de cãmera.
O filme é de 2008 feito , coincidentemente (ou não) num momento em que escândalos que derrubavam uns e abalavam outros em Brasília tinham origem na alcova das secretárias amantes que ouviam demais e recebiam de menos e acabavam nos jornais, nas CPIs e também na Playboy.
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E há também, é claro, Alessandra Negrini, uma das mulheres mais violentamente sexies deste país e capaz de exercer um efeito hipnótico de Cleópatra sobre qualquer homem. Para não esquecer jamais.
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O filme será reprisado dia 30(sábado) às 23h00

quinta-feira, 21 de maio de 2009

O HORROR,O HORROR...


O caso do "livro com palavrões" que seria distribuído a alunos da 3ª série do ensino básico e acabou recolhido, já ecoou o que pôde na internet, principalmente nos sites ligados aos quadrinhos(Omlete, Universo HQe por aí vai), de modo que não resta muito mais o que dizer especificamente sobre o assunto.

Vale uma menção especial ao Blog dos Quadrinhos - http://blogdosquadrinhos.blog.uol.com.br/, do jornalista e professor Paulo Ramos, que fez uma cobertura diária com direito inclusive ao básico: ouvir o outro lado;no caso, os autores do livro. Lembrou ao leitor aquilo que a Folha de São Paulo, orgulhosa pelo furo consquistado, se esqueceu: que o autor do prefácio de "Dez na Área" , Tostão, é colunista do jornal, assim como vários dos cartunistas , que ou trabalham como ilustradores ou na seção de tiras. E, apesar de ser um jornalista com doutorado em Letras, provou que fez os deveres de matemática nos tempos de escola ao ressaltar que, ao contrário do que dizia o jornal, o livro não estava "recheado de palavrões", mas esses só apareciam em 33% das histórias em quadrinhos do livro, portanto, menos da metade.

E, num trabalho brilhante, recolheu frases que correram a imprensa, como :


- "SP distribui a escola livro com palavrões" 19.05 - Título da reportagem da "Folha de S.Paulo", que revelou o caso
- "Eu achei um horror isso" 19.05 - Governador José Serra, em entrevista ao "SPTV 1ª Edição", telejornal local da TV Globo
- "Queria saber como isso foi parar nas escolas. Eu sou mãe, o senhor também tem família, filhos, netos. A gente fica até assustado quando acontece uma coisa dessas." 19.05 - Carla Vilhena, apresentadora do "SPTV 1ª Edição", na formulação de pergunta a Serra
- "Eu aliás achei de muito mau gosto. Desenho, tudo" 19.05 - Governador José Serra, na mesma entrevista ao "SPTV 1ª Edição"
- "Responsáveis por cartilhas com conteúdo impróprio serão punidos, diz Serra" 19.05 - Título de vídeo com entrevista de Serra no site do SPTV, sobre o livro em quadrinhos
- "As histórias são em quadrinhos, mas o conteúdo não tem nada de infantil" 19.05 - 1ª frase da jornalista Monalise Perrone, em reportagem sobre o tema no "SPTV 2ª Edição"


Que bobagens venham da equipe de jornalismo da TV Record, ninguém estranha. Lá interessa menos o fato do que o que se pode estrair dele(em termos de estardalhaço). Jornalistas, quando se poem a opiniar, com raras excessões o fazem para além do senso comum. César Tralli e Carla Vilhena acharam o livro (que certamente folhearam antes do início do programa) um "horror". E ninguém se lembrou de falar com os autores...

A entrevista foi um capítulo à parte com o governador adulado pela dupla de apresentadores. Quase lembrava o cômico"Pergunte ao Prefeito, em que "repórteres" do Canal 21 "entrevistavam" pessoas na rua para "questionar" o então prefeito Celso Pitta, que respondia tudo em tom professoral. Ao final, Serra, moralista, se sentia à vontade para dizer até que não comia "coxinha de galinha", para ele um outro "horror" que "tem tudo, menos galinha". E,invertendo os papéis de entrevistador e entrevistado, perguntou à dupla entre eles comiam coxinha. A resposta dos dois foi um "eu não" dito ao mesmo tempo.
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Não faz nem muito tempo,o mesmo SPTV1ª Edição, na ocasião apresentado por Vilhena e Chico Pinheiro,exibia uma excelente série de reportagens mostrando a despoluição do rio Han, na Coréia do Sul e como isso seia perfeitamente aplicável ao nosso Tietê (abre partêntesis: no mesmo horário o ex-jornalista Brito Jr. bancava o justiceiro de sempre-fecha parêntesis). Pois bem, num dos dias o tema foi o filme de terror O Hospedeiro, violenta crítica ao intervencionismo norte-americano,à subserviência das autoridades coreanas e referência real aos militares amerianos e sua responsabilidade por parte da poluição do rio. O monstro é a maneira fabular de se dizer tudo isso, de se mostrar o horror desete estado de coisas. Chico Pinheiro, que nunca tinha ouvido falar no filme,fazia galhofa (imitava uma voz "assuatdora")e atrapalhava a compreensão do espectador.
A linha de raciocínio é a mesma por trás do horror de Vilhena e Tralli,a de que ertas coisas, quadrinhos e filmes de terror, não devem ser levadas a sério, pois são coisas de criança.
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Pois bem, é da desinformação de Monalise Perrone, de Chico Pinheiro , da mãe de família preocupada Carla Vilhena, é destes que que vive nosso jornalismo de qualidade(que em comparação a tudo que se faz na Rede Record é mesmo de qualidade!). São eles, aliás, a diminuta elite dos salários nesta profissão que paga por mês a um repórter menos do que ganha uma manicure em bairros de classe média alta.
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Que todos eles sejam ignorantes em cinema, teatro, música e quadrinhos nem é tanto o problema. Mas eles não deviam emitir opiniões . As matérias do tipo "jovens cada vez mais estão..." que transformam fatos isolados em tendência já são incômodo e atestado de incompetência suficiente. Que fique por aí.
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Atualização (infelizmente)
Hoje(22/05) mais uma matéria: Sandra Moreira, no Bom dia Brasil anunciava que a bandinha adolescente da Dysney, Jonas Brothers(que se apresenta neste domingo aqui em São Paulo ) está "revolucionando o comportamento dos jovens" (a citação é de memória e,claro,deve ter alguma imprecisão) com suas letras sobre namoro pudico e apologia do casamento virgem. Mais uma vez o tal "jovens cada vez mais estão..." ! É uma excessão, um punhado de garotinhas fãs de Hannah Montana os adoram , obra e graça do Disney Channel, e eles irão desaparecer tão rapidamente quanto o Hanson, ou o brasileiro Broz(alguém lembra desse?). Não, manter a virgindade até o casamento não é um discurso novo, nem mesmo é uma mania que está revolucionando o comportamento adolescente. Aliás, se os jornalistas achincalham tanto o gerundismo dos operadores de call-center (o famigerado "vou estar verificando") podiam pelo economizar no gerundismo "jornalês": o "está revolucionando", "está cada vez mais crescendo","está aumentando cada vez mais o número de...". fatos isolados não são o todo, isso qualquer bom manual de redação ensina. Mas , claro, fatos isolados podem parecer irrelevantes e notícias irrelevantes não merecem manchete, não é mesmo?

segunda-feira, 18 de maio de 2009


Foi numa leitura feita por Marçal Aquino quase um ano atrás que conheci a prosa poderosa de João Antônio, com seu universo de biscateiros, malandros e encrenqueiros. É verdade que o uso ostensivo da gíria criou uma barreira entre o texto produzido na virada da década de 1950 para 60 mas os bares, as partidas brigadas de sinuca, a malandragem que nada tem daquela imagem de instituição carioca, os operários da Vila Alpina, Brás, Lapa, tudo isso continua absurdamente vivo, pulsante.
Vaguear por sebos, ‘flanar’por entre os livros é um luxo a que hoje poucos se dão o prazer. Mas foi olhando despreocupadamente, sem procurar por nada específico que reencontrei João Antônio ao custo irrisório de R$6,00 e vinte minutos.
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Trecho :
"Onde andariam os trouxas, os coiós sem sorte, que o salão não tinha jogo? Por que era assim,assim, sempre? Uma oportunidade não vinha,demorava, chateava, aborrecia. Os castigos vinham depressinha,não demorava não,arrasavam,vinham montados a cavalo. E os trouxas? Noivando ou namorando, por aí, nas esquinas,nos cinemas. Ou dando dinheiro a mulher, que é o que sabiam fazer. Os tontos. E quando apareciam,gordos de dinheiro, ,otários oferecidos, era fora de hora e era sempre outro malandro quem os abocanhava."

segunda-feira, 11 de maio de 2009

VALSA COM BASHIR E AS MUITAS VERDADES POSSÍVEIS


O Papa Bento 16 se manifestou publicamente ontem ,durante visita a Israel, contrário ao anti-semitismo.
Que a logo a Igreja Católica se diga contrária ao anti-semitismo soa tristemente engraçado. Da crucificação de Cristo à Peste Negra, para Roma tudo sempre foi culpa dos judeus. Os chamados cristão-novos , judeus convertidos, eram sempre punidos por quaisquer motivos. Tamanho espírito de irmandade nasce de uma fé inabalável na atual geopolítica e na fundamental oposição ao mundo islâmico.
Bento 16 bem poderia assistir a Valsa com Bashir, animação israelense vencedora do Globo de Ouro e indicada ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2009 e aproveitar para condenar o tratamento de Israel aos palestinos.

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O filme de Ari Folman (que também existe em formato de HQ, lançada pela LP&M) parte dos lapsos de memória do diretor sobre sua participação na Guerra do Líbano em 1982, mais especificamente no massacre de milhares de civis palestinos levado a cabo por milícias cristãs e pelo exército israelense em retaliação à morte do presidente Libanês Bashir ,vítima de terroristas islâmicos. Se seve para conhecermos aquilo que Bento 16 não se interessa por ver (ou mostrar), Valsa com Bashir é também útil para questionar o documentário, esse veículo que,nas mãos de sujeitos como Michael Moore ou de qualquer repórter da Globo, é capaz de nos trazer certezas as mais absolutas e um mundo cuja ordem é facilmente compreensível.
A animação, por outro lado, envereda por outro caminho, mais escuro, sinuoso e cheio de ciladas: o, da memória duvidosa. Para isso Folman entrevista pessoas que também estiveram presentes noc onflito, seja como soldados, seja como jornalistas.
Muito importante foi a técnica usada; a subjetividade do documentarista que não confia nem na própria memória se reflete na opção pelo desenho, (algumas vezes é ultra detalhado, outras vezes bastante sintético)que pela própria natureza se recusa a apreender a realidade, tentação difícil (mas não impossível) de contornar no cinema. Um documentário típico traria além das entrevistas, dados técnicos (números de mortos, eventos que levaram ao conflito, etc) e uma conclusão, disfarçada na fala de um entrevistado, geralmente o último e embalada por uma música que desse o clima adequado à reflexão do espectador. Mas não, nada disso lhe interessa. A Verdade da guerra é grande demais, violenta demais para ser domesticada por números ou por uma dramatização, ou ainda por entrevistas e fotos. Ao assumir a maior das subjetividades (desconfiar de si mesmo) e lançar-se muitas vezes no delírio dos pesadelos surgidos anos depois do conflito, Folman nos traga para esse turbilhão de violência que, ao final (aí sim com imagens jornalísticas, que ganham corpo que não teriam numa reportagem comum) vira nosso estômago e nos faz perguntar: para quê toda essa violência ?


Valsa com Bashir ainda está em cartaz no cinema HSBC Bleas Artes , Sala Aleijadinho apenas às 18h50.O ingresso inteiro custa de R$ 16,00 à R$ 8,00(quartas-feiras). Às segundas-feiras quem apresentar carteira de trabalho ou outro comprovante também paga R$ 8,00.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

TIRINHAS - (ANGELI)


Brasília está cheia de pequenos reis em seus castelinhos. Apenas alguns têm a coragem de se assumirem como tais e dizerem que se lixam para a opinião pública, foi o caso do deputado Sérgio Moraes, do PTB do Rio Grande do Sul. Sua excelência aliás, é relator do processo contra Edmar Moreira, o do castelo de fato, que é seu protegido político e contra quem pesa acusação de fraude contra a Previdência da ordem de R$ 1 milhão . Ou seja, nosso bolso esá R$ 1 milhão mais pobre.

Esse mundo de negociatas escusas, levadas a cabo nas trevas do conhecimento público através de homens quase sem rostos, tornados iguais por seus trajes e sua indignidade, é a porta dos fundos Brasília cariaturado com perfeição por Angeli.
José Luis Datena já pode comemorar, são quatro os casos confirmados de gripe A no Brasil. Se antes ele já emitia um "alerta geral", o que fará agora? Sorteio de máscaras protetoras com o logotipo do programa ?

quinta-feira, 7 de maio de 2009

TIRINHAS - ADÃO


É uma briga demonstrar a arte como uma forma de conhecer e compreender o mundo tão válida quanto qualquer ciência. O fato de não ser considerada uma área do conhecimento "exata" pesa contra para aqueles que ignoram o quanto de imprevisibilidade e incerteza são inerentes as ciências chamadas exatas. Foi por isso que entre 15 de janeiro e 22 de março deste ano o MAM promoveu a exposição "Atenção: Estratégias para Perceber a Arte", com curadoria de Cauê Alves. A idéia era justamente mostrar ao visitante o modo como a arte , que é subjetiva, percebe o mundo ao seu redor.

Se já é difícil dar esse status à Arte, que dizer a seu parente bastardo que sobrevive apenas num veículo de grande circulação e, pior ainda, é humorística? Falo das tirinhas de jornais, que sofrem da ingratidão tanto do veículo, jogado fora no dia seguinte quanto do leitor, que passa os olhos por elas rapidamente, querendo apenas uma gargalhada ligeira. Algumas vezes elas rensaem de maneira mais nobre, em formato de Album, com capa dura, como o recente MUtts- Os Vira-Latas da Devir, que possibilitam uma reflexãqo mais detida sobre o material.

Apenas para ilustrar esse palavrório, uma tira de Adão Iturrusgarai publicada hoje na Folha. As Férias deTimóteo o Tímido é genial , resume em quatro desenhos tosquíssimos aquilo que psicólogos levam horas para demonstrar: que um tímido chama chama mais atenção com sua timidez do que o mundo a sua volta, apesar de desejar exatamente o oposto. Adão demonstra isso fazendo tudo sem cores, com excessão do local onde Timóteo está.

terça-feira, 5 de maio de 2009

A GRIPE GLOBALIZADA


Uma gripe causada pelo pouco asseio dos criadores de porcos mexicanos se espalha rapidamente pelo país. Com a incrível facilidade e rapidez de circulação de pessoas de um país para o outro, nações entram em alerta contra o risco de uma pandemia mundial. O apelido dado à doença no México, gripe suína, viaja na velocidade da internet e se espalha pelo mundo, provocando em populações inteiras o medo infundado de consumir carne de porco. O inesperado equívoco (que agora a imprensa tenta desfazer, divulgando o complicado nome correto, "gripe A- H1N1") derruba as exportações de carne suína, prejudicando a economia de muitos países e causando desemprego. "Jornalistas" irresponsáveis como José Luís Datena criam factóides como "alerta geral- suspeita de gripe suína no Brasil" para ganharem mais um ou dois pontos de audiência.

Atualmente são 1.085 casos confirmados pela OMS em reuniões de teleconferência, 590 deles no México. No entanto,para frustração de Datena, nenhum deles no Brasil.

Enfim, é uma doença da era globalizada.

segunda-feira, 4 de maio de 2009

1211 - A ORIGEM SECRETA

Hoje o contador gratuito instalado neste blog registra 1211 acessos. O número não quer dizer absolutamente nada, afinal a contagem começou muito tempo depois de iniciada a publicação dos textos. Vários meses depois, mas a data exata eu também não sei. O caso é que é a oportunidade de esclarecer de um vez o motivo do nome bizarro deste blog dedicado
à discussão de temas ligados às diversas formas de arte, principalmente cinema e quadrinhos. O nome felizmente rebatizou um outro blog, o Arte Consequência- trocadilho metido a besta para Arte Sequencial, nome que Will Eisner atribuiu às histórias em quadrinhos.
Agora por quê Bar 1211 ? Bom, este é o nome de um boteco aqui de Utinga, só isso. Seu Fernado, o dono, por preguiça ou sei lá o que, não quis inventar um nome para o estabelecimento e usou aenas o número do logradouro. Esse desleixo muito admirou o editor dese blog, só isso. Faz sentido? Claro que não. Mas tá explicado.

A DESORDEM NA VIRADA CULTURAL

Podem preparar os trocadilhos : Piada cultural, Zicada Cultural, Vira-Vira Cultural e etc. Mas o caso é que diante da absurda demonstração de incivilidade dos frequentadores da Virada Cultural, algumas questões se apresentam e muitos comentários se fazem necessários.
- A prefeitura promove este evento sob a bandeira da recuperação do centro paulisano, da retomada dele pela população que, durante a noite, fugia dele em busca de locais mais seguros e menos insalubres. E sempre pareceu consenso de que um dos grandes problemas eram os moradores de rua, que transformavam as calçadas e os prédios históricos em latrinas a céu aberto. Pois bem, o que foi que a população, esta a quem a prefeitura "devolveu" o centro, fez ? Exatamente o mesmo. Ainda que o número de banheiros químicos tenha quase triplicado (350 no ano passado contra 900 este ano) e não se esperasse mais do que 2 ou 3 minutos para fazwer uso de algum deles, o que se viu foram pessoas vomitando e urinando nas ruas.
- Nèstor Garcia Canclini, sociólogo argentino radicado no México(espero que não esteja gripado a essa hora) é quem diz que nós, Latino-Americanos não vemos no Estado um protetor(como os europeus) nem um protegido (como os norte-americanos) mas sim uma espécie de hotel, de quem exigimos um bom serviço, mas não nos preocupamos em deixar em ordem aquilo que desarrumamos. Ao hotel cabe limpar nossa sujeira sem reclamar. Isso seria herança tanto do comportamento das tribos nômades como da colonização hispânica, que retirava o que preisava, destruía o que estivesse em seu aminho e retornava à metrópole onde, aí sim, cuidavasse com zelo. As pessoas trataram o entro da cidade como a um hotel vagabundo, sem o menor respeito e não dispensaram a ele nem uma parcela do cuidado que têm para com suas casas.
Falta ao povo(de qualquer classe, e bom que se diga) a compreensão do que é Bem Público.
- Em momentos como este vemos o tamanho da demagogia que é falar mal da classe política. De onde vêm os políticos, afinal ? De outro planeta ? O que eles fazem com tanta frequência não difere em essência da atitude predatórias de muitos dos frequentadores da Viarada Cultural. Ou seja, ignora-se por completo duas noções: a de coisa pública e a de Cidadão, sujeito dotado tanto de direitos (que ele exige) quanto de deveres(que ele finge que não existem). A Cultura é um direito do cidadão, mas tratar a cidade e seu patrimônio (histórico ou não) com respeito é um dever que foi violentamente ignorado.
- A cultura é privilégio da civilização. O poder público ofereceu cultura, mas não reebeu atitude civilizada em troca.
- A justa indignação de alguns cidadãos já começa a se manifestar na forma de um protesto que sugere, ou extinguir de vez o evento, ou diminuí-lo. Não cabe a mim dar sugestões mas, otimista incorrigível que sou, acho que é preciso tempo para que um comportamento minimamente mais educado se instaure. Talvez este seja um evento jovem demais para que a essa parte da população (de todas as classes sociais é bom repetir) aprenda a lidar com ele.
Essas pessoas todas têm acesso à educação - o que não ocorre, por exemplo, com muitos moradores de rua- o que nos faz pensar no papel das escolas que talvez seja dedicado demais a ensinar fórmulas e normas e faça muito pouco para ormar cidadãos.
- No entanto é preciso levar em conta fatores como a ausência de lixeiras e o número insuficiente de varredores (mas ninguém parece disposto a segurar um pedaço de papel sequer). O gigantesco número de pessoas (estimado em 4 milhões) potencializa o efeito dos maus cidadãos. Ou seja, ainda que apenas 5 % das pessoas seja autênticos porcalhões o efeito é a copleta imundície. E, ao ver que a sujeira se espalhar, quem não pensava em sujar acaba pouco se importando.
Outros pontos como a proximidade entre os palcos precisam ser revistos também.
- O evento serve como aula de civilidade, pois estimula o debate sobre todas essas questões e possibilita aos frequentadores a repensar seu status de cidadãos. Que os desconentes se façam ouvir.