segunda-feira, 27 de abril de 2009

HOUSE


House , que desde semana passada voltou a ter episódios inéditos no Universal Channel, é um seriado frequentemente acusado de ser formulaico e ter uma estrutura rígida ou, em outras palavras, de ser sempre a mesma coisa. Isso ocorre por que a estrutura é a de uma série de investigação como a “franquia” CSI, com a diferença que no lugar de um crime enigmático a ser desvendado há uma doença misteriosa a ser diagnosticada e curada. De fato a estrutura de House é rígida; os roteiristas seguem certas normas tão à risca que é possível prever os desdobramentos da trama com uma boa antecedência. No entanto não é na trama central que reside o interesse maior da série e sim nas subtramas .
Já sabemos muito sobre House, o quanto seu físico aleijado é tanto um contraponto à sua mente supercapacitada quanto uma metáfora de sua fraqueza espiritual, sua incapacidade de se locomover equivalendo à de estabelecer relações afetivas seja com colegas, pacientes ou mulheres. Sendo assim, para evitar desgaste prematuro da série, os roteiristas frequentemente se concentram nas subtramas secundárias; até recentemente a mais explorada era a do casal de médicos Foreman-13, como já foi em temporadas passadas com Cameron-Chase. Há também a trama particular da diretora do hospital, Dra Cuddy, que cada vez mais se entrelaça com a de House.
Já a trama central evolui invariavelmente assim : House convoca a equipe e em seguida chega a um diagnóstico, que se mostra errado. Os sintomas do paciente se agravam ,surgem mais alguns dianóstico, tudo parece resolvido até que surge um sintoma absolutamente inesperado bem mais grave que os outros . Durante uma conversa casual que nada tem a ver com o caso do paciente, House tem uma revelação e descobre a cura. Normalmente uma trama secundária está lá para ajudar a evoluir a trama central,para dar suporte a ela. O que ocorre cada vez mais em House é o oposto. As doenças misteriosas interessam menos do que as relações entre os personagens, que se não chegam a ter a complexidade dos de séries da HBO como A Sete Palmos ou Família Soprano, são muito bem construídos. Suas personalidades não são entregues ao espectador numa bandeja, elas vão se revelando aos poucos e de maneiras muitas vezes surpreendentes. Para ficar num exemplo: Foreman adquiriu muito da personalidade de House e, para conquistar sua colega de trabalho, apelidada de 13, foi capaz de todo tipo de ação anti-ética. Mas ele não é apenas egoísta, descobrimos, mas alguém que toma medidas extremadas, tanto que cogita perder a licença médica para aliviar a culpa de ter infringido a ética médica.

Para uma série que segue uma estrutura repetitiva, House segue mostrando que tem ainda muito a oferecer.

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