segunda-feira, 28 de julho de 2008

RELANCE DO BRILHANTISMO DE WILL EISNER


Nesta cena da graphic novel O Edifício (Editora Abril) vemos somente o necessário para compreender o que se passa. Nestor García Canclini em “Culturas Híbridas” (Edusp) diz que as histórias em quadrinhos nos revelam a “potencialidade visual da escrita e o dramatismo que pode ser condensado em imagens estáticas”. Temos aí um exemplo claro. Tivesse Eisner “completado” a cena, compondo-a com todos os detalhes possíveis (pessoas, automóveis,etc), não direcionaríamos nosso olhar (nem nosso sentimento) unicamente para a existência solitária do poeta em primeiro plano. Nas HQs (como na pintura) o olhar é livre para buscar a porção da imagem que mais lhe interesse, durante o tempo que considere necessário, recurso impensável ao cinema, por exemplo. Neste, mesmo lançando mão da profundidade de campo ou do plano seqüência, o olhar ainda é tolhido pelo tempo disponível.
Eisner abriu mão de uma boa porção de realismo da cena e se fez valer de toda capacidade expressiva que os quadrinhos permitem.

Um comentário:

Francis Vogner dos Reis disse...

e ai Adilson. Belo blog. visitarei sempre
abraço!