Seres humanos, cada um à sua maneira, sofrem mutações que se manifestam na forma de superpoderes. Muitos humanos normais passam a odiar e temer estes mutantes, por serem não só diferentes, mas também o próximo passo na evolução humana. Essa é a premissa das histórias em quadrinhos dos X-Men e da série de tv que quase tudo deve a eles, Heroes. Mas também, quem diria, idéia bem parecida já esteve por trás de outro super herói, o Superman. Em 1938, na primeiríssima historia do herói, em Action Comics 1 (republicado pela Panini em “Superman Crônicas- Vol ”) vemos que ele tem poderes incríveis os quais a revista atribui a uma constituição física “milhões de anos à frente” da dos terráqueos. A idéia, a bem da verdade, nunca foi de todo abandonada, visto que um de seus apelidos nos quadrinhos é “man of tomorrow”, o homem do amanhã , que batizou até um título do herói nos EUA.
Na verdade essa concepção de evolução é baseada muito mais num estranho senso comum do que em conhecimento científico propriamente dito. A evolução como apresentada nas séries, filmes e quadrinhos tem muito pouco em comum com o que foi dito por Charles Darwin no final do século 19.
A evolução não tem uma direção, não conhece aperfeiçoamento, apenas mudança. Não há uma “melhora”, apenas adaptação.
Acreditar no contrário é, como diz o paleontólogo Stephen Jay Gould em “Maravilhosa Obra do Acaso” (Nova Fronteira, 1998) “ apenas a imposição de nossos preconceitos ocidentais sobre um entendimento de que ocorre evolução”. Por preconceitos ocidentais, entendamos a persistente crença vitoriana na razão e no progresso (donde o positivismo que nos legou a inscrição “ordem e progresso”em nossa bandeira). Esta fé na razão tremeu com Nietzsche e foi ao chão com Freud e sua descoberta do inconsciente. Mas evolução, para muita gente ,continua sendo sinônimo de progresso até hoje.Muitos ainda acreditam numa linha evolutiva que vai dos seres inferiores aos superiores, sendo o mais desenvolvido de todos, o ser humano, que nem de animal gosta de ser chamado, aliás. Não foi isso que Darwin disse.
Gould, que morreu em 200x, lutou a vida inteira contra esse tipo de idéia e com isso se tornou um dos maiores divulgadores científicos do século20. Sua popularidade foi tamanha que ele foi parar até em um episódio de Os Simpsons.
Voltando às tramas de Heroes e X-Men, temos a idéia de que as “mutações” são um sinal de uma melhora do modelo atual para um próximo, mais “avançado”. O Homo Sapiens seria um estágio anterior na escala evolutiva. A este ser superpoderoso caberia, voltando à metáfora mercadológica (estranha, mas apropriada) ser o novo modelo, aperfeiçoado, melhor e, portanto, tomar o lugar que hoje caberia a nós.
Ocorre que, na verdade, só as mutações favorecidas pelo meio-ambiente é que terão descendência, que se constituirão nos indivíduos “dominantes”(no sentido de terem prevalecido) em algum momento do futuro. A mutação não vem pronta, como sugere o seriado. Há, sim “transformação contínua e gradual”, de acordo com Gould em “Darwin e os Grandes Enigmas da Humanidade” (Martins Fontes, 1999). Prova disso é que várias linhagens de hominídeos conviveram, sem que se possa dizer que uma descendeu da outra. Os que melhor se adaptaram (nós) foram os que sobreviveram. “O Homo Sapiens não é o produto de uma escada que desde o início sobe diretamente em direção ao nosso estado atual. Constituímos tão-somente a ramificação sobrevivente de um arbusto outrora exuberante” diz o paleontólogo no mesmo livro. Curioso é notar que a idéia de escada, ou de escalada rumo a um ponto mais alto está presente no nome “científico”adotado pela Marvel para seus mutantes, Homo Superior.
Desde a publicação de A Origem das Espécies em1859, até hoje, o darwinismo foi aceito por quase todo mundo, (exceção feita aos Testemunhas de Jeová , os criacionistas e George Bush) figura em todo livro escolar, mas não foi devida e inteiramente compreendido. Algum roteirista podia se esforçar um pouquinho. Seria, uma, hmm, err, ...evolução.
Na verdade essa concepção de evolução é baseada muito mais num estranho senso comum do que em conhecimento científico propriamente dito. A evolução como apresentada nas séries, filmes e quadrinhos tem muito pouco em comum com o que foi dito por Charles Darwin no final do século 19.
A evolução não tem uma direção, não conhece aperfeiçoamento, apenas mudança. Não há uma “melhora”, apenas adaptação.
Acreditar no contrário é, como diz o paleontólogo Stephen Jay Gould em “Maravilhosa Obra do Acaso” (Nova Fronteira, 1998) “ apenas a imposição de nossos preconceitos ocidentais sobre um entendimento de que ocorre evolução”. Por preconceitos ocidentais, entendamos a persistente crença vitoriana na razão e no progresso (donde o positivismo que nos legou a inscrição “ordem e progresso”em nossa bandeira). Esta fé na razão tremeu com Nietzsche e foi ao chão com Freud e sua descoberta do inconsciente. Mas evolução, para muita gente ,continua sendo sinônimo de progresso até hoje.Muitos ainda acreditam numa linha evolutiva que vai dos seres inferiores aos superiores, sendo o mais desenvolvido de todos, o ser humano, que nem de animal gosta de ser chamado, aliás. Não foi isso que Darwin disse.
Gould, que morreu em 200x, lutou a vida inteira contra esse tipo de idéia e com isso se tornou um dos maiores divulgadores científicos do século20. Sua popularidade foi tamanha que ele foi parar até em um episódio de Os Simpsons.
Voltando às tramas de Heroes e X-Men, temos a idéia de que as “mutações” são um sinal de uma melhora do modelo atual para um próximo, mais “avançado”. O Homo Sapiens seria um estágio anterior na escala evolutiva. A este ser superpoderoso caberia, voltando à metáfora mercadológica (estranha, mas apropriada) ser o novo modelo, aperfeiçoado, melhor e, portanto, tomar o lugar que hoje caberia a nós.
Ocorre que, na verdade, só as mutações favorecidas pelo meio-ambiente é que terão descendência, que se constituirão nos indivíduos “dominantes”(no sentido de terem prevalecido) em algum momento do futuro. A mutação não vem pronta, como sugere o seriado. Há, sim “transformação contínua e gradual”, de acordo com Gould em “Darwin e os Grandes Enigmas da Humanidade” (Martins Fontes, 1999). Prova disso é que várias linhagens de hominídeos conviveram, sem que se possa dizer que uma descendeu da outra. Os que melhor se adaptaram (nós) foram os que sobreviveram. “O Homo Sapiens não é o produto de uma escada que desde o início sobe diretamente em direção ao nosso estado atual. Constituímos tão-somente a ramificação sobrevivente de um arbusto outrora exuberante” diz o paleontólogo no mesmo livro. Curioso é notar que a idéia de escada, ou de escalada rumo a um ponto mais alto está presente no nome “científico”adotado pela Marvel para seus mutantes, Homo Superior.
Desde a publicação de A Origem das Espécies em1859, até hoje, o darwinismo foi aceito por quase todo mundo, (exceção feita aos Testemunhas de Jeová , os criacionistas e George Bush) figura em todo livro escolar, mas não foi devida e inteiramente compreendido. Algum roteirista podia se esforçar um pouquinho. Seria, uma, hmm, err, ...evolução.
Nenhum comentário:
Postar um comentário