quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

MAUS


Está chegando às livrarias novo trabalho do quadrinista de "vanguarda" Art Spigelman, autor de MAUS, única HQ até hoje já premiada com o prêmio Pulitzer(2002), o mais importante do mundo do jornalismo. Se Spigelman merece ser chamado de vanguarda (essa palavra requer cuidado, porque é delimitada históricamente) é por sua experimentação e liberdade com as imagens, que tornam muitas de suas HQs obras não-narrativas, exercícios de interação da imagem com as palavras, verdadeiro rompimento na tradição de contar histórias à que as HQs tem se dedicado desde sua origem.

Não é o caso de MAUS. Nesta obra cujo primeiro volume é de 1986, ele se rende à história, mas faz um cruzamento do "new journalism" (corrente jornalística surgida nos anos 1960 e que flertava sem medo com a subjetividade) com as artes visuais. A história se passa parte durante a segunda grande guerra, parte no presente, quando o autor entrevista seu pai (protagonista da história). Interagem a narrativa passada, om os sentimentos do autor e seus problemas familiares. Como se não bastasse, ele reinterpreta a peleja de seu pai nas mãos dos nazistas, retratando os judeus como ratos, os alemães como gatos e os poloneses como porcos, trazendo para MAUS toda a carga simbólica dessas criaturas (os judeus eram comparados a ratos pela propaganda oficial nazista). E, ainda por cima, a arte não está lá só para ilustrar a narrativa. Quem já viu esboços, ou mesmo a primeira versão da história (que é um conto ) sabe que ele pensou em desenhar "bem", mas abriu mão disso. Por que? Para que seu desenho parecesse bruto como uma xilogravura, que não existisse "beleza" como aquela que se vê normalmente nos quadrinhos e que, os quadrinhos amontoados, os detalhes encobertos pelo ontorno grosso das figuras causasse mal -estar, opressão.

Lê-se, MAUS, portanto em três níveis, como jornalismo(e documento de uma época), como uma história pessoal do autor e seu pai e como arte visual.

E uma obra e tanto.

sábado, 28 de novembro de 2009























Na primeira foto o "Bloco do Pé na Cova" levantando até defunto.
Na segunda, o coração da fanfarra;à frente deles (a foto não mostra) garotas sorridentes apertadas em seus collants fazem malabarismos .
Por último, ladeira com calçamento original capaz de provar a eficácia ou não de qualquer tratamento fisioterápico no joelho.





sexta-feira, 27 de novembro de 2009

SÃO LUÍZ DO PARAITINGA- ARQUITETURA (e uma dica de cinema)


Do feriado da sexta-feira (20 de novembro) ao domingo ,o Centro de apoio ao Turista esteve fechado, de modo que ficou quase impossível conseguir alguma informação além do que consta no site da prefeitura (http://www.saoluizdoparaitinga.sp.gov.br/t-aventura.htm) e que é pouco.
Bem , esta é a Igreja Matriz, a São Luiz de Tolosa, construída no séc 19. A fachada e a escadaria são originais, mas a decoração do interior é da década de 1970.
Mas, como toda boa igreja Matriz de ciadade do interior, é na frente dela que se apresentam os eventos oficiais. Foi assim com a fanfarra que tocou, debaixo de chuva, acreditem, "Have you evere seen the rain" do Creedence Clearwater Revival. De fato, há o centro histórico, com prédios do período da expansão cafeeira, mas o calçamento original (feito pelos escravos) só sobrevive em duas ruas. Em uma delas, significativamente, está alojada uma escola de capoeira e na outra, a capela das mercês. Perto dali, o bar onde se reúne o pessoal da Sosaci, organização que pretende transformar o 31 de outubro (haloween) em "dia do Saci".
Retorno com fotos da capela das mercês e da fanfarra.

PS1. O sujeito do lado esquerdo da foto na postagem anterior é o engraçadíssimo Totó, figuraça que atende no restaurante Tempero da Terra e é ele quem faz o tal afogado, prato pesadérrimo feito com feijão, farinha e carne literalmente afogada em se próprio caldo. Misture tudo, taque pimenta e vá pular num bloco carnavalesco pra ver o que acontece.

PS2. Estreou "Tokyo!", reunião de três curtas metragens que já foi exibido na Mostra Internacional de Cinema deste ano. De um modo ou de outro cada um dos episódios(a cargo de Michale Gondry, Los Carax e Bong Joo Hon) trata do paradoxal sentimento de solidão de quem vive na hiper populosaTóquio. Não é um filme fácil, tem estranhezas de todo tipo, mas é também imperdível.

PS3. Bem que eu queria um.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

SÃO LUÍZ DO PARAITINGA- MÚSICA


Este ao centro é o grande Afonso Pinto. Pra quem não conhece (qualquer um fora de São Luíz do Paraitinga) ele é uma autêntica celebridade local afinal atuou em três filmes de Mazzaropi (com quem aliás tomou muita cachaça), "Paraíso das Solteironas", "Uma Pistola para o Jeca " e "Jeca e seu filho Preto", onde interpretou o capanga do coronel Cheiroso. Na verdade, ele é mais do que isso. Compositor reconhecido,foi homenageado na festa de Santa Cecília, que tomou o último feriado. Lá, seu cancioneiro foi interpretado de diversas maneiras, desde modas caipiras, passando por músicos mais próximos do que conhecemos como sertanejo e também por bandas como o Estrambelhados (http://www.bandaestrambelhados.com.br/), que faz um barulho infernal com canções para blocos carnavalescos. Com eles, até um marmanjo com o bucho cheio de afogado(guardem este nome) pulou como se tivesse menos da metade de seus 33 anos. O Estrambelhados possui um CD chamado "Folias" e que foi produzido com verba do Prêmio Estímulo(Goiverno do Estado de São Paulo) de Música de 2007.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

DIÁRIO DE VIAGEM- SÃO LUÍZ DO PARAITINGA


Inicio aqui uma sequência diária de quatro postagens sobre uma viagem que fiz à cidade de São Luíz do Paraitinga. O leitor não se irrite, porque não se trata de compartilhar experiências pessoais, mas sim de impressões sobre a cultura local. Música, artesanato, arquitetura e até culinária merecerão atenção. De cara já aviso que esta cidadezinha que fica a meio caminho entre Taubaté e Ubatuba tem atrativos fora do carnaval, quando suas ruas ficam lotadas de universitários e moradores das cidades vizinhas.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

DIA DA CONSCIÊNCIA NEGRA (PERGUNTAS)

Amanhã é Dia da Consiência Negra, feriado numas cidades, notras não. Por que? Se num Estado laico dias de festividade católica são feriados nacionais (num país, vale lembrar, onde o catolicismo cada vez mais perde terreno para outras religiões), porque um dia em homenagem aos afro-descendentes não o é? E vale lembrar que fomos o último país do mundo a abolir a escravidão e que, embora os livros didáticos não digam, isso foi feito a custo de muita violência, e não apenas de um ato de bondade real.
    • Porque levou tanto tempo para termos aqui em São Paulo um Museu Afro
      Brasil? Um museu como este, que preserva e difunde a cultura africana nunca foi
      considerado uma necessidade? É bom lembrar que a identidade de um povo
      passa pela preservação de seus símbolos, sua história.
    • Por que tanto dinheiro para criar, na Bahia, um "Museu
      Rodin" em uma clara atitude "civilizatória" das classes brancas que
      detém o poder. Que se pretende ao difundir este ideal de cultura na Bahia quando
      o julga mais importante do que o patrimônio de um povo sistematicamente
      massacrado e marginalizado.
    • Porque tanta relamação quanto ao sistema de cotas? Todos os países
      responsáveis pelo massacre, subissão ou desfavoreimento sistemático de
      um povo empreenderam medidas compensatórias (é assim até hoje na Alemanha) e
      ações afirmativas, equanto o Brasil nada fez .
    • Por que tão pouo esforço para preservar a cultura negra? E a indígena,
      que é dela hoje? Que sabemos dos nossos índios? Que é ensinado nas escolas? Onde
      estão os museus?
      Um exemplo digno porém isolado :
      http://www.sosaci.org/
Bom feriado (ou algo assim) para todos !

terça-feira, 17 de novembro de 2009

SEMUM ???


“Semum” é um filme de terror turco em que tudo parece estar errado. Exibido no último sábado no 4º Cine Fantasy conta a história de um casal atormentado pelo tal Semum, ser que segundo uma lenda muçulmana é parte de uma raça que existia na terra antes de Deus criar Adão e Eva. Para dar lugar ao capricho divino, os Semuns foram atirados nos quintos do inferno , literalmente e de lá se aliaram ao demônio para atormentar a raça humana. O filme é um legítimo “trash”, que assusta na mesma proporção que faz rir, ou melhor, da metade pro fim quase só faz rir. Ás vezes é proposital, às vezes não. Pra se ter uma idéia, parece uma mistura de “O Exorcista”, com o game Mortal Kombat e a sessão de descarrego da Igreja Universal. É, o tal Semum é um encosto com cara do Eddie, mascote da banda Iron Maiden ! O “herói” do filme,então nem se fala, mais parece o tio da barraca de cachorros-quentes que vemos em frente a toda faculdade.
Mas o que interessa de fato, é que no meio dessa bagunça toda, de todos os erros, há algo de novo, de absurdamente inovador neste filme; ele não se pensar como cinema e sim como video game. O cinema, aqui é sói referência visual, não narrativa, daí a gente entende o porquê dessa falta de unidade, de coerência. E isso é muito mais complexo do que a influência superficial que a gente vê num filme como “Corra,Lola,corra” ou mesmo do que a criatividade fértil de um Robert Rodriguez (Sin City, Planeta Terror) cujos personagens podem ser baleados, mutilados, mas só morrem quando acaba sua função na trama. Mais ainda do que “A Gruta” , filme-jogo exibido no mesmo festival, onde o público votava em certos momentos para decidir as ações dos protagonistas. Semum é cinema, sem dúvida, mas é muito mais um game que não se joga, é construído como um game. Não há bem um encadeamento de ações, mas mudanças de fases. Por isso numa hora o filme é uma cópia safada de “O Bebê de Rosemary”, para depois, brusca e toscamente, recriar “O Exorcista” e assim por diante (mudando inclusive a fotografia), com personagens que entram e saem da trama sem necessidade e ações que desrespeitam a regra básica de construção de roteiro, a de que deve haver precedente e motivação para tudo que for mostrado. O filme é feito em blocos (como as fases do game) motivo pelo qual ele não se constrange em num certo momento, recriar uma luta de videogame, num cenário digital entre o monstro e um médium, com golpes digno de um Mortal Kombat. E o final se prolonga, o mostro pé derrotado, mas há mais um desafio, depois mais outro.
O filme é ruim, mas tem uma vitalidade invejável, inédita. A ponta caminhos.
Os “gênios” de Hollywood, que não cansam de quebrar a cara na hora de adaptar games para as telas, deveriam atentar para este filme. Talvez ele traga uma identificação com o público jovem que eles nem sequer sonham.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

UNIBAN - 4

Para finalizar o quiprocó “garota da uniban” (ou “puta da uniban” segundo os vídeos no Youtube), um trecho da coluna do psicanalista Contardo Calligaris publicada ontem na Folha:
O resultado foi que 700 alunos da Uniban saíram das salas de aula se aglomeraram, toaram,fotografaram e filmaram a moça. Com seus celulares ligados na mão, eles pareciam uma ralé do século 16 querendo toar fogo numa perigosa bruxa(...)O estupro é, para essas turbas, o grande remédio: punitivo e corretivo. Como assim? Simples: uma mulher se aventura a desejar? Ela tem a imprudência de ´querer´? Pois vamos lhe lembrar que sexo, para ela, deve permanecer um sofrimento imposto, uma violência sofrida-nunca uma iniciativa ou prazer
Uma reportagem no Bom Dia Brasil de hoje mostrou uma polêmica com um portal de boas vindas na cidade de Americana. O portal, criado por um artista plástico é tem em Ada lado de sua base uma figura seminua (de um lado homem, de outro uma mulher), rechonchudas, uma de cada lado do arco, representando a força do imigrante e a indústria do tecido (o arco propriamente dito). A obra desagradou parte da população, que a considera “de mau gosto” ou “indecente”. Das opiniões contrárias à obra ouvidas pelas reportagem, muitas reclamavam da nudez e, destas, todas citavam a nudez feminina. Curioso como só ela foi apontada como “indecente”. Parece que tudo é uma questão do local onde é permitido à mulher exercer sua sexualidade. Ligue a TV no canal e abo e veja a tal “maratona sex time”. Programa de bastidores da industria pornô, stripteases , pessoas fazendo sexo de verdade. Closes na genitália feminina, mas os dos homens só se vê, de relance, as bundas branquelas. Para quem acredita na liberdade sexual é bom saber que esta sociedade tem papéis bem definidos para homens e mulheres. E quem transgride arruma encrenca.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

UNIBAN-3

Eu ia responder o comentário do Mário no espaço para comentários, mas achei melhor fazer isso aqui mesmo. Bom, acho também que faltam pedaços nessa história, essa garota deve ter elevado o conceito de antipatia à níveis estratosféricos. Tenho um palpite que não se baseia em coisa alguma: a menina entrou vestida daquele jeito e gerou comentários por todo o lado. Indignação, inveja, desdém. Alguém avisa que ela foi convidada pela direção a se retirar da sala de aula. O comentário se espalha. Os rancores explodem na hora em que ela deixa a sala.
Mas, discordo quando você diz que esse comportamento não faz sentido. Digo o porquê, que na verdade são dois:
1-Por mais chata que ela seja, que ela tenha lá dado para um ou para dez namorados namorados de alguém, não é suficiente para mover uma turba como aquela. E, a partir do momento em que você participa, seja gritando, seja atuirando coisas ou chingando é porque você, em algum grau, concorda pelo menos om esse tipo de comportamento, o que por si só já é moralmente condenável.
2-Quando você vê o que as pessoas falam sobre o caso, não chega a espantar dado o nível dos comentários, mesmo de gente que não estava lá. Numa matéria do Portal Terra, disponível em
http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI4079860-EI8139,00-Polemica+da+Uniban+alunos+levam+nariz+de+palhaco+a+aula.html a reportagem tentou entender o motivo da coisa toda. Segue um trecho:

Reginaldo dos Santos Nascimento, 28 anos e estudante do 3º ano de Turismo
da universidade, disse que quer "limpar o nome da universidade, porque o diploma
vai ficar manchado por esta história". Questionado sobre quem teria errado mais
na história, se os alunos ou Geisy, não soube dizer. Já para as estudantes de
Marketing Cláudia Rodrigues, 27 anos, e Nathália Leandro, 23, a universitária
hostilizada quis se autopromover.
"Ela provocou. Por baixo da minissaia, ela estava até com fio dental", disse Cláudia. "Ela causou", afirma Natália.
Já Thiago Luiz, 25 anos e aluno de Turismo, diz que o episódio "queimou o filme" da
universidade.

Agora veja os comentários postados num dos vídeos do youtube que mostram Geisa saindo escoltada pela polícia:

Dá pra vê o nível da universidade só pelas pessoas que estão nela..
fernandorobertoreis0
(59 minutos atrás)


E dize q essa gentalha é brasileira...pelo amor de Deus. As mulheres da
UNiban, tá na cara: td machorra. E os homens, chama de bixa é ofender estes
últimos. Por que nem bixa teria uma atitude dessas. Mas ak no sul as mulheres
bonitas podem vir pq o nivel é bem outro. A democracia diz q pod andar como
qser e os gaúchos agradecem...
paulozzz28 (1 hora atrás)


Divulgada a gravação das conversas entre estudantes da UNIBAN dentro do
campus..segue abaixo:Pedrão: Eu não sei...será que tudo o que a gente aprendeu
na UNIBAMBI...abominar a minissaia...as putas...as loira...chamar as meninas de
fedidas...está certo?me lembro do tempo que a gente olhava as garotas de
minissaia só pra sentir o prazer do braulio armando a barraca...mas agora estou
tão confusa...digo confuso...Geraldão: Relaxa bobo deixa eu te fazer uma
massagem gotosa vai... fast1sp
(2 horas atrás)


humm gostosinha sim...e se for puta safada melhor ainda...enfim uma mulher
de verdade na Unibambi...ja que as outras são todas sapatonas, e como ela não
deve ter dado bola pra elas elas criaram toda esta confusão chamando de
puta...puta sim... quem dera houvessem mais putas que lesbicas na Unibambi!!E
mais minissaias e mais putas para as Universidades!!!!!!!!!!!!!!!! Hum alguem
sabe o telefone dela...hehe
jurquisa (6 horas atrás)

as empresas evitam contratar formados desta facu. Agora entendo o porque.
não é a toa que essa facu é conhecida no estado inteiro como a FEBEM do ABC
MrEsquilo20 (6 horas
atrás)

Coitados desses alunos da Uniban, se pelo menos tivessem um mínino de
capacidade de autocrítica, chegariam à conclusão de que são medievais. Num país
civilizado do hemisfério norte, pode-se vestir da maneira que bem entender e as
pessoas nem sequer olham pra você. Deve ser por isso que toda empresa que
procura bons profissionais só recruta alunos formados em faculdades de 1a linha
(Unicamp, USP, Unesp e federais).


UNIBAN = FEBEM do ABC
batitucci33 (4 horas atrás)

hahahaha paulista e tudo viado mesmo!!!!
bando de bambi!!!
dansmurf (4 horas atrás)


Bando de Bicha... iauheuhaeuia
m1a2r3c4k5 (5 horas atrás)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

UNIBAN - 2

Uma imbecilidade leva a outra. O comportamento absurdo dos alunos da Uniban chamou a atenção da imprensa e ,invevitavelmente, dos programas de auditório. A máquina começa a funcionar e de "vagabunda" ela passa a "celebridade" sem ter feito nada para ser nem uma oisa nem outra.
Conversei bastante e com várias pessoas sobre o ocorrido. O que se poode deduzir é que a garota muito provavelmente era antipática aos olhos de vários. Seu orkut ( quem viu garante) exala arrogância e ignorância nas mesmas proporções. Mas não se irrita a um grupo tão grande de pessoas apenas sendo assim, ainda mais quando boa parte dos "ofendidos" também aje da mesma maneira. O que se viu foram pessoas que, por vários motivos, ou até motivo nenhum, ancamparam um linhamento, pouco se importanto com os efeitos psicológicos que isso teria numa pessoa. Mas como a sociedade da imagem é mesmo fantástia, o tiro saiu pela culatra, e boa parte dos linhadores agora, neste exato momento, deve estar se onvertendo em aduladores.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

COMPORTAMENTO MEDIEVAL NA UNIBAN

Por mais que se esteja acostumado com o comportamento grosseiro das nossas classes altas, as chamadas A e B, ainda há como se surpreender. O episódio ocorrido na Uniban e que ganhou os telejornais ontem à noite é de assustar até os mais aleijados, como eu. Uma turba de alunos gritando, xingando e ameaçando de agressão uma garota por ela ter comparecido à fauldade usando uma minissaia muito curta? Isso é de um obsurantismo de corar George W.Bush. E isso no país do carnaval !! Nem há muito o que argumentar. De onde vem esse moralismo violento? Ele tem precedentes? O que se evidencia nesse caso é que essa classe que tem poder aquisitivo para pagar uma universidade como a Uniban é dada a extremismos como defender a pena de morte e a atos racistas, ou seja, é fã de carteirinha da intolerância. Por outro lado, pela internet perebemos o quanto de comportamento retrógado existe em nossa sociedade. Quando sure algum video erótico em um site, você pode notar que a descrição é quase sempre agressiva com relação à mulher. Tipo "a rampeira" faz isso e aquilo, ou "loirinha vagabunda" etc. Como se o "pecado" (na cabeça dessa gente é disso que se trata) fosse só da mulher, como se não houvesse um homem lá também.
Dá pra lembrar do episódio em que uma garota foi filmada ou fotografada fazendo sexo com três rapazes numa festa universitária(não me lembro qual). Ela também teve de abandonar os estudos e saiu da faculdade nas mesmas ircunstâncias que esta jovem da Uniban. Me pergunto: os que apedrejam por acaso não assistem a filmes pornográficos? Que ou quem define o que é condenável ? Talvez eles próprios, ou sua participação ou não do ato é que se coloque como o fiel da balança.
Se levarmos em conta os avanços sociais e omportamentais, esse ato é muito mais grave do que o de se queimar bruxas na Idade Média, ou o de se apedrejar as adúlteras, na palestina do século 1, porque não enontra respaldo num omportamento social tradiional, numa moral dita como lei.
Já li que nessas manifestações de linchamento, a tendência é que a maioria aja de maneira igual, porque a turba inibe a disordânia do indivíduo e ao mesmo tempo, liberta de culpa aquele que queria linchar mas não tinha coragem. Respaldado pela maioria, ele libera o pior de si.
Foi isso o que se viu na Uniban. E, infelizmente, essa é a nossa elite intelectual.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

HQ- O GUARANI


Mais do que cento e cinqüenta anos, é um verdadeiro abismo comportamental o que separa a obra do romancista José de Alencar(1829-1877) de nosso tempo e, mais ainda, do mundo dos jovens a quem se destina esta adaptação de O Guarani para os quadrinhos, levada a cabo pelo roteirista Ivan Jaf e o desenhista Luis Gê.
Ceci, a moça que corre atrás de passarinhos “rindo-se dos volteios que a avezinha lhe fazia dar” , tem tudo para ser, aos olhos do leitor de hoje, apenas uma chata de galochas e não a criatura encantadora descrita no livro. Isso, somado às juras de amor feitas por pessoas ajoelhadas e a construções como “se me fôsseis amigo, me havíeis de perdoar” fazem da leitura deste romance uma das maiores torturas a que um professor pode submeter o aluno secundarista que tem pouco familiaridade com a literatura.
Ao focar na ação Jaf consegue contornar este “problema” e tornar a leitura de O Guarani prazerosa e divertida como certamente foi em sua época, mas por outro lado deixa escorrer pelos dedos o espírito da obra original.
Luis Gê, por sua, vez possui um domínio excepcional sobre disposição dos quadros na página e do ritmo que isso impõe à história. Também é capaz de encontrar soluções brilhantes, como enquadrar apenas aquilo que interessa, seja um pedaço do rosto ou os pés de um personagem, ou mesmo deformar os quadros e os balões fazendo eco à cena. No entanto seu traço se mostra inadequado para transmitir o que neste caso é fundamental: o trasbordar do sentimento. Basta lembrar de duas coisas para vermos como este álbum está em descompasso com o romance; o ideal da arte romântica (seja pintura, escultura ou literatura)é transmitir a emoção do artista para seu público, mas a emotividade que a nós parece exagerada e de certo modo ridícula, não encontra correspondência nem nos desenhos nem no roteiro. Toda a representação visual romântica é, na opinião de Delacroix (1798-1863), maior dos pintores dessa escola, aquela que condensa a emoção e a faz permanecer viva por muito tempo na alma do espectador. Claro que não é o caso aqui.
Também a narrativa composta predominantemente por quadros pequenos , não apenas acelera uma história originalmente de ritmo lento (o que por si só não seria problema),como não dá conta nem da grandiloqüência na descrição dos cenários nem da exaltação da natureza brasileira, o que só seria possível com a utilização de quadros grandes e de um desenho vistoso. E a arte romântica, não custa lembrar, é aquela que, ao opor a natureza (sempre pura , bela e grandiosa) à decadência moral e física das cidades burguesas, a representa com grandiosidade à altura do valor que os artistas lhe dão.
Por outro lado a contratação de Luis Gê (que junto dos gigantes Laerte, Angeli e Glauco fez parte das míticas publicações Circo e Balão) poderia supor uma leitura cínica ou irônica, mas nunca acrítica de O Guarani, como é o caso. Ok, seu Peri não é o índio da pele cor de cobre “que brilhava com reflexos dourados” , na verdade se parece mais um Tarzã, e isso é ótimo, afinal Alencar o retrata não como um legítimo goitacá, mas sim como um homem de costumes europeus. O problema é que fica por aí. Não se estabelece um diálogo entre nosso tempo e o da obra original, o que seria possível , por exemplo, se evidenciando o exagero de sentimento do livro com closes nos rostos dos personagens, como acontece numa telenovela- (que todos sabemos é filha do romance romântico), ou mesmo destacando detalhes como o fato de José de Alencar dizer que Peri “embora ignorante, filho das florestas, era um rei ”, o que, à época, certamente era um elogio sincero. Nem mesmo a idealização dos personagens fica evidenciada, pelo contrário, o roteiro trata de naturalizá-los.
Sem ser crítica, esta HQ também faz o espírito da obra de José de Alencar desaparecer para dar lugar a uma história de ação. Boa, eficiente, empolgante até, mas não mais do que isso.
Fia perdida então a oportunidade de um diálogo rico com o romance, de estimular o leitor a reconhecer todo um período histórico e artístico e de nos possibilitar uma leitura crítica de uma obra tão distante, mas também tão importante quanto O Guarani.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

EDUCAÇÃO, VIOLÊNCIA, TV, ETC.(AINDA O DIA DO PROFESSOR)

Falar sobre violência em São Paulo não é fácil. Os números recentes mostraram aumento na quantidade de latrocínios (roubo seguido de morte) e, se não me engano, também na de sequestros. Algumas modalidades de crimes diminuiram sensivelmente. Os dados mais recentes são uma inversão na tendência de queda que era constante, tanto que chegou a se temer que o governo Serra ficasse marcado como aquele em que os crimes violentos aumentaram. A resposta (que veio, se bem me lembro, da Secretaria de Segurança) foi de que os índices não estão lá muito diferentes dos de N.Y, por exemplo. Toleráveis, portanto.
Se formos nos pautar pela cobertura da imprensa, estará tudo um inferno, tanto quanto estava antes, quando os números diminuiam. Se formos levar em conta a opinião do povo nas ruas, idem. Mas e aí, quem tem razão ? Não sou eu quem irá responder, claro, no entanto tenho uma opinião. O que aumentou e continua aumentando é algo que não se mede em pesquisas quantitativas (que lidam com dados estatísticos): o grau de violência. As pessoas estão mais violentas até mesmo no trânsito. Neste sentido a relamação do povo é justificada e até mesmo a gritaria dos jornais policiais. Claro que sabemos que a sensação de perigo mudaria aso a imprensa noticiasse com a mesma insistência , ocorrências de aidentes de trabalho, por exemplo. Ou se ao invés de um programa mostrando só crimes, tivesse um que só passasse acidentes de trânmsito. Mas isso é outra história e não muda o fato de que a violência está aí.
Minha opinião é a de que impera nas comunidades carentes uma glamourização do crime. Isso não é preconceito, qualquer professor da rede estadual sabe bem do que falo. As letras dos Racionais dizem o mesmo, com um tom amargop e desesperançado. "Artigo 157", por exemplo, diz "hoje eu sou ladrão, artigo 157, a polícia bola um plano, sou herói dos pivete".
Pesquisas dão conta de que o desapreço dos alunos da rede estadual (principalmente, mas não só) pela escola se deve à mínima expetativa que eles tem de que consigam conquistar algo através do estudo, logo a escola é apenas um estorvo e o professor, não alguém que o ajuda a trilhar um caminho melhor na vida, mas alguém que o pressiona e, como manda a lei do cão, deve ser tratado com a mesma violência com que se lida com um inimigo.
Sobram, então, nas omunidades mais pobres, duas opções para o sucesso na vida (sucesso esse exigido a cada minuto pela publicidade): futebol ou o crime. Talento para o futebol não basta (o filme Linha de Passe retrata isso maravilhosamente bem), é preciso contatos, dinheiro, amizades certas, favores etc. Sobra o crime que promete uma vida curta, mas atrativa. A admiração dos "pivetes" e das garotas. Para as meninas então, é ainda pior, afinal só existem posiçoes seundárias nos escalões do crime ou o papel de namorada de bandido. A satisfação, para todos, virá das drogas (isso vale em mesmo grau para a classe média e acima). É nesse fosso em que se atiram as crianças pobres e é por isso que a escola são frequentemente alvo de atos de vandalismo e os professores, de ameaça e até agressão.
Ou a escola cumpre seu papel de integrar os jovens na sociedade (seja através do esporte, da arte ou do estudo) ou veremos os índices de violência e criminalidade se estabilizarem nesse número que é tranquilo apenas nas planilhas dos órgãos públicos.

PS. Claro, há a saída na música, seja o hip hop, seja o funk. Deveria se investir mais nisso. Há aulas de músia nas escolas? As prefeituras promovem eventos onde se apresentem músicos formados om seu auxílio? Não. Logo, ninguém estranhe que o bem público seja também alvo de ataques sistemático e "inexplicável", como insistem os apresentadores dos telejornais.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

DIA DO PROFESSOR

Se algum leitor deste blog é professor, dou a ele ou ela meus mais sinceros parabéns, embora eu tenha muito a lamentar. Devido ao pouco tempo de que disponho atualmente, lanço uns rápidos tópios e deixo a reflexão para vocês:
  • - Um professor das séries iniciais deveria ser melhor remunerado do que um professor universitário, afinal sua responsabilidade na formação do cidadão (e por consequencia, da nação) é muito maior.
  • - Os salários atuais são mais do que um desrespeito. Um professor doutor por uma universidade federal leva não mais do que R$ 4 mil no fim do mês, descontados impostos. Uma fração do que ganhava Wellington Saci, um dos piuores jogadores da safra recente,que para alegria dos corinthianos(e tristeza dos palmeirenses), deixou o Timão.
  • - O salário ínfimo faz com que o professor seja obrigado a se sobrecarrear de aulas, erdendo tempo e saúde. Saúde por que lecionar é uma atividade extressante. E tempo para se desloar de uma escola a outra, muitas vezes longas distâncias no trânsito congestionado. O resultado disso é menos atenção e dedicação não apenas ás aulas, como a correção d provas e elaboração de atividades. E, mais do que isso, toma-se o tempo que para uim professor é precioso, o do estudo, do aperfeiçoamento. Quem perde com isso são os alunos e, claro, o país.
  • - Uma nação que deixou de ser devedora para ser credora internacional, que assumiu indiscutível hegemonia regional no continente e que, em breve, passará a ser parte do seleto grupo de países exportadores de petróleo não pode se dar ao "luxo" de ter seus alunos com uma formação pior que a dos paraguaios. Não pode formar engenheiros tão ruins que forcem as empresas a importarem profissionais. É preciso rever o modelo de cima a baixo e valorizar o professor. Senão, como já disse o Inácio Araújo em seu blog, "não há petróleo que dê jeito".
  • - Mais do que tempo, é preciso estimular o aperfeiçoamento do professor, facilitar sua presença em cursos, atividades culturais etc.
  • - O quadro é desolador: grande parte dos professores na rede estadual leciona matérias nas quais não se formou. Bacharéis em matemática lecionam física por exemplo.
  • - Alguém precisa entender que ensinar física não é fazer com que o aluno aprenda a calcular a trajetória e velocidade de uma bala de canhão.
  • - Por fim, a valorização da imagem do professor gera respeito nos alunos. Está na hora de mudar.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

ANALFABETISMO?

Juca Kfoury disse domingo, em entrevista a Christian Pior, do Pânico, que “a internet revela o tamanho do analfabetismo funcional brasileiro”. Mais ou menos o que eu tentei expor aqui quando usei o twitter da Xuxa como gancho. Vale notar que Juca não disse que a internet é culpada pelo fato das pessoas escreverem mal.
Só pra citar outro exemplo, copio aqui um recado deixado no blog da VJ Luísa Micheletti, logo após o término da premiação do VMB. Sempre devemos levar em conta de que provavelmente se trata de um adolescente (para fazer declarações de amor a uma VJ num blog e citando “um antigo filósofo”, só pode ser adolescente!) e que domina razoavelmente a construção de frases bem como a ortografia, mas que por outro lado comete erros graves. É bom relevar alguns pontos; o "mascreio" deve ter sido erro de digitação (algumas palavras aparecem juntas, pode ser problema de teclado) e a ausência de maúsculas no início das frases, desleixo normal de qualquer internauta.
Ou há algo de muito errado com o ensino da língua portuguesa nas escolas ou é a falta de leitura dos jovens que os impedem de adquirir um vocabulário que vá além daquele a que eles tem acesso verbalmente ou que e é ensinado nas escolas.Ou, pior, as duas coisas.

eu poderia responder a todas asperguntas, pois são de fácil comprienção. mascreio que este não é o intuito deste post e simque as pessoas pensem nas questões que vocêabordou. é como diz um antigo filosofo, não sepode saber todas as respostas, mas deve-secompriender exatamente as perguntas. você estavalinda naquele programa do vmb. você naquelevestido preto estava lindíssimamente provocante esensual. a festa deve ter sido maravilhosa.beijos, princesa do meu coração. amo você.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

SOBRE RIO-2016...

- A vitória do Riode Janeiro como cidade sede das Olimpíadas de 2016 é reflexo direto da atual preponderância do Brasil no cenário político internacional. A escolha da sede dos jogos Olímpicos é um jogo de geopolítica. Basta lembrar que o último país a sediar uma olimpíada foi a China num momento em que solidificava sua hegemonia para além da Ásia. Ou da sequencia Moscou 1980/ Los Angeles 1984, nos estertores da Guerra Fria. A rápida desclassificação de Chicago com cidade-sede,vista por este ângulo, não tem nada de inesperada.

-A insistência do presidente Lula em trazer os jogos para o Brasil foi importante para demonstrar, entre outra coisas, que passou da hora de o Brasil ter um lugar no conselho de segurança da ONU e que o G8 é coisa do passado. O país dexiou de ser um devedor internacional e recebe indiações positivas agências internacionais de investimento. A desoberta do pré-sal só tende a solidifiar o país, que ingressará num grupo ainda mais seleto, o dos exportadores de petróleo.
- Mas nem tudo deve ser reditado a Lula. A estabilização econômica (om o fim da inflação) vem de FHC e a independência do país na produção de petróleo é obra de seguidos governos.

- É preciso evitar o oba-oba da imprensa(principalmente os grupos Globo, que deterá os direitos de transmissão, e Record, interessado em divulgar Londres2012, em que tem exclusividade ). O mínimo que se pode esperar é que os tubarões de sempre façam o que fazem de melhor e, a exemplo do PAN do Rio, os custos das obras acabem ficando muito acima do previsto,com negociatas mal explicadas e prejuízo para o Estado.

- Não se deve esperar para que o estímulo ao esporte seja o legado dos jogos. É preciso uma mudança de mentalidade desde já, a começar pelas escolas. “Educação Física” tem de deixar de ser aquela herança do regime ditatorial em que se privilegia a noção de disciplina ou, pior, sinônimo de uma bola na quadra e um professor ausente. Se continuar assim, quantos mais atletas deixaram de ser descobertos. Quantos garotos nunca saberão do potencial que eles mesmos tem? O esporte tem de ser apresentado às crianças e jovens como um futuro promissor, como uma perspectiva de vida. Logo, muitos deixarão de se seduzir pela “vida loka” da criminalidade, ou de achar que é melhor “viver pouco como um rei” do que “muito como um Zé”, que é o que promete o crime, gerando pessoas violentas e que não se preocupam com a perspectiva de morrer cedo muito menos de passar alguns anos numa cadeia insalubre e lotada.

- Os versos são dos melhores cronistas da vida urbana, os Racionais MCs que radiografam como ninguém este mundo desconhecido da alta classe média que toma as decisões estratégias nas prefeituras e no governo estadual. A integração cultura + esporte precisa ser apresentada como uma alternativa viável e real. Para isso, um contato direto dos alunos com atletas e artistas. Por falar nisso, porque tão poucas homenagens públicas a atletas vencedores?