terça-feira, 17 de novembro de 2009

SEMUM ???


“Semum” é um filme de terror turco em que tudo parece estar errado. Exibido no último sábado no 4º Cine Fantasy conta a história de um casal atormentado pelo tal Semum, ser que segundo uma lenda muçulmana é parte de uma raça que existia na terra antes de Deus criar Adão e Eva. Para dar lugar ao capricho divino, os Semuns foram atirados nos quintos do inferno , literalmente e de lá se aliaram ao demônio para atormentar a raça humana. O filme é um legítimo “trash”, que assusta na mesma proporção que faz rir, ou melhor, da metade pro fim quase só faz rir. Ás vezes é proposital, às vezes não. Pra se ter uma idéia, parece uma mistura de “O Exorcista”, com o game Mortal Kombat e a sessão de descarrego da Igreja Universal. É, o tal Semum é um encosto com cara do Eddie, mascote da banda Iron Maiden ! O “herói” do filme,então nem se fala, mais parece o tio da barraca de cachorros-quentes que vemos em frente a toda faculdade.
Mas o que interessa de fato, é que no meio dessa bagunça toda, de todos os erros, há algo de novo, de absurdamente inovador neste filme; ele não se pensar como cinema e sim como video game. O cinema, aqui é sói referência visual, não narrativa, daí a gente entende o porquê dessa falta de unidade, de coerência. E isso é muito mais complexo do que a influência superficial que a gente vê num filme como “Corra,Lola,corra” ou mesmo do que a criatividade fértil de um Robert Rodriguez (Sin City, Planeta Terror) cujos personagens podem ser baleados, mutilados, mas só morrem quando acaba sua função na trama. Mais ainda do que “A Gruta” , filme-jogo exibido no mesmo festival, onde o público votava em certos momentos para decidir as ações dos protagonistas. Semum é cinema, sem dúvida, mas é muito mais um game que não se joga, é construído como um game. Não há bem um encadeamento de ações, mas mudanças de fases. Por isso numa hora o filme é uma cópia safada de “O Bebê de Rosemary”, para depois, brusca e toscamente, recriar “O Exorcista” e assim por diante (mudando inclusive a fotografia), com personagens que entram e saem da trama sem necessidade e ações que desrespeitam a regra básica de construção de roteiro, a de que deve haver precedente e motivação para tudo que for mostrado. O filme é feito em blocos (como as fases do game) motivo pelo qual ele não se constrange em num certo momento, recriar uma luta de videogame, num cenário digital entre o monstro e um médium, com golpes digno de um Mortal Kombat. E o final se prolonga, o mostro pé derrotado, mas há mais um desafio, depois mais outro.
O filme é ruim, mas tem uma vitalidade invejável, inédita. A ponta caminhos.
Os “gênios” de Hollywood, que não cansam de quebrar a cara na hora de adaptar games para as telas, deveriam atentar para este filme. Talvez ele traga uma identificação com o público jovem que eles nem sequer sonham.

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