sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

ENCHENTES E SUAS IMAGENS - 2

Escrevi aqui sobre o tratamento dado pelo telejornalismo à cobertura dos estragos causados pela chuva (e,por extensão, de catástrofes em geral) e sua inferioridade das imagens em relação ao (bom) texto. Ninguém comentou, mas alguém certamente achou absurdo eu dizer que jornalistas teria muito a aprender com o cinema. Pois bem, um ótimo exemplo: No início de Cidadão Kane, passa um documentário sobre a vida milionário Charles Foster Kane, que havia morrido.O chefe acha aquilo burocrático, medíocre e diz para o repórter
“Não basta mostrar o que o homem fez, você tem de contar quem ele foi”. Daí, todo mundo sabe, ele sai à cata do significado da última palavra dita por Kane, Rosebud, e com isso nasce um dos maiores filmes de todos os tempos. Não basta mostrar uma pessoa chorando num velório(isso é meramente descritivo), sentiremos pouco mais do que uma breve indignação. Sentimento só virá se soubermos quem morreu, ou, ainda mais, quem é aquele que chora. Por isso o texto da Folha deu um banho(com perdão do trocadilho infame)em todos os telejornais.

Nenhum comentário: