terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

O TRISTE FIM DO PEGADOR


Anteontem (31/01) o programa “Domingo Legal” do SBT, comandado por Celso Portiolli, teve seu dia de “Pânico na TV” ao trazer ao palco o jovem Rodrigo Ferraz, “famoso” por seus vídeos no YouTube em que aparece exibindo os músculos, dançando e se dizendo “pegador” de mulheres. Os vídeos , que também foram exibidos, são de um ridículo a toda prova, com Rodrigo “ensinando” o internauta a ficar musculoso com exercícios que mais parecem a tal nova febre baiana, a dança do rebolation bem como executando uma performance bizarra em que faz seu peitoral anormalmente grande tremer como se estivesse sob eletrochoques. Isso sem contar o “rap” absurdo que ele canta enquanto az tudo isso.
Pois bem, no palco o que era estranho ficou pior pois deu para ver claramente que o rapaz não só colocou um implante de silicone no peito como também uma monstruosa prótese no trapézio(o músculo logo acima dos ombros).Num coquetel surreal de fazer inveja a Salvador Dalí ,André Breton e Luis Buñuel juntos, Rodrigo chegou com panca de galã, mexendo com as meninas do auditório e sob a justificativa de que ia explicar uma notícia de um site que dava conta de que ele tinha morrido(?!), como afirmava também um outro vídeo, suposta homenagem póstuma feita por colegas. “Eu não morri, eu estou aqui” foi a que se resumiu a explicação de Rodrigo. O que se seguiu foi um linchamento, com Portiolli dando oportunidade de Rodrigo se expôr mais e mais ao ridículo, como cantar um rap para o qual ele provavelmente não foi avisado que cantaria. Ao tentar o Freestyle(rima improvisada), ele ficou várias vezes calado, com a música tocando.
Ora, não é preciso ter nenhum conhecimento de psicanálise para saber que este rapaz sofre de alguma patologia séria. Pela maneira como deformou seu corpo na busca de um ideal de virilidade e beleza, pela insistente e quase histérica auto-afirmação (a história “eu sou pegador”) bem como pela história de fingir a própria morte, arrisco dizer, aponta para uma pessoa com sérios problemas afetivos, sexuais ou que sofreu ou sofre de forte rejeição e que busca ,a todo custo, provar algo para si mesmo, talvez que ele é desejado e desejável.E, nessas, se destrói.
Rodrigo Ferraz é só um filho coxo e produto defeituoso da geração Orkut, que pode construir a imagem que quiser para si, da sociedade do marketing, que crê que mudando a embalagem não é necessário mudar o produto, do mundo do marketeiro, que faz com que acreditemos na mudança de uma pessoa através da transformação do visual ou do banho de loja (Wanessa Camargo é só o exemplo mais recente).
Um excelente tratado sobre isso é o filme “Falsa Loura”, de Carlos Raichembach, sobre o qual já escrevi bastante quando tive inclusive a felicidade de receber por aqui uma visita do ator João Bourbonnais.
Voltando a Rodrigo,é o caso de perguntar se, ao invés de fazer uma fanfarra para entregar uma casa de luxo, o SBT não estaria disposto a pagar um tratamento para o rapaz. Quer dizer, sem fazer disso um reality show.

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