Bem uns oito anos atrás, um amigo me disse, a propósito do volume altíssimo no qual eu ouvia Beat it (ou Billie Jean, não me lembro bem)no carro: “mulher nenhuma vai olhar pra nós enquanto você continuar tocando Michael Jackson”. Ele não estava errado. Até sua inesperada morte, o nome de Jackson era somente lembrado para falar de sua aparência cadavérica e de seu comportamento bizarro.
Um teórico da comunicação (não lembro quem,exatamente agora) afirmou certa vez que,ao olharmos para um quadro de Delacroix (1798-1863) vemos não só a obra - o exemplo era A Liberdade guiando o povo(1830)- , mas a somatória de interpretações que já foram feitas sobre ela, sob o filtro de nosso tempo e nossas experiências pessoais. Pois bem, estou inclinado a pensar que é o que se passou com M.J. No fim de semana seguinte a sua morte “99% dos DJs tocaram Michael Jackson” para usar as palavras do meu amigo DJ Mandio, ele próprio um desses. E o pessoal, eu incluso, dançava Billie Jean como se ela fosse uma das melhores canções pop de todos os tempo, o que de fato é. Fosse uma semana atrás a empolgação certamente não seria a mesma. Michael Jackson, que estava morto em vida, agora renasceu musicalmente.
O que mudou? Na minha opinião, a dramática morte fez com que ficasse para trás a imagem acumulada todos esses anos e prestássemos atenção somente à sua música. E o que antes era desprezo ou indiferença se converteu em homenagens. É possivel venham a surgir reavaliações de seus discos mais recentes.
Um teórico da comunicação (não lembro quem,exatamente agora) afirmou certa vez que,ao olharmos para um quadro de Delacroix (1798-1863) vemos não só a obra - o exemplo era A Liberdade guiando o povo(1830)- , mas a somatória de interpretações que já foram feitas sobre ela, sob o filtro de nosso tempo e nossas experiências pessoais. Pois bem, estou inclinado a pensar que é o que se passou com M.J. No fim de semana seguinte a sua morte “99% dos DJs tocaram Michael Jackson” para usar as palavras do meu amigo DJ Mandio, ele próprio um desses. E o pessoal, eu incluso, dançava Billie Jean como se ela fosse uma das melhores canções pop de todos os tempo, o que de fato é. Fosse uma semana atrás a empolgação certamente não seria a mesma. Michael Jackson, que estava morto em vida, agora renasceu musicalmente.
O que mudou? Na minha opinião, a dramática morte fez com que ficasse para trás a imagem acumulada todos esses anos e prestássemos atenção somente à sua música. E o que antes era desprezo ou indiferença se converteu em homenagens. É possivel venham a surgir reavaliações de seus discos mais recentes.
!!!
É muito delicado (apesar de fácil e tentador) atribuir parte da culpa à decadência da carreira de Michael Jackson à imprensa, uma vez que sua vida pessoal era envolta em mistério e bizarrices. Sua aparência também não ajudava nem um pouco. Mas me parece estranho que soa agora comece a se falar no vicio de Michael em Demerol, droga de uso rigorosamente controlado por ser extremamente viciante e cujo uso abusivo leva a uma deterioração física e psicológica. O medicamento é usada geralmente por pessoas que passam por algum tipo de sofrimento insuportável, não necessariamente físico. Os traumas da infância,a acusação de pedofilia,a carreira indo ladeira abaixo,o vitiligo, tudo isso contribuiu para o vício no Demeorol, vício este do qual ninguém falava,ou porque não tivessem fontes dispostas a dar a informação ou por que ninguém pensou em atribuir sua decadência física a outra coisa que não a um comportamento excêntrico.
Ao morrer, Michael, que tinha mais de um metro e 70 de altura, pesava pouco mais de 50 kg e estava careca,boa parte culpa do Demerol ,que, além de tudo, inibe o apetite. Por aí se mede seu sofrimento.
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Vale uma correção ao texto anterior, causada menos por desconhecimento e mais por desatenção: HIStory não foi um fracasso comercial (vendeu 20 milhões de cópias), ao passo que o disco seguinte, Invencible, de 2001,vendeu bem menos, 10 milhões de discos. Mesmo assim está longe de ser um fracasso. Thriller,claro,não é parâmetro para nada. Não foi dado,no entanto, importância devida à sua música. Enquanto a imprensa e a crítica musical louvava a reinvenção de Madonna e o fato dela estar cercada pelos melhores DJs e produtores musicais da atualidade, nem um nem outro dedicava atenção aos discos de M.J, cujas músicas ,se não estavam no mesmo nível das de Madonna, por vezes chegavam porto. Uma coisa não tem a ver om a outra, mas apenas para efeito de comparação, vale lembrar que a produção inicial da cantora tem uma sonoridade anos 80 tão indelével quanto uma marca d´água, o que fez com que envelhecesse mal. Já o som de Jackson, seja o de Off the Wall , Thriller ou tudo o que foi feito antes, continua extremamente fresco,com exceção das baladas, estas sim, impiedosamente marcadas pelo tempo.
!!!
Já que o assunto é música , vale lembrar o samba imortal de Nelson Cavaquinho, “Quando eu me chamar Saudade”.
Sei que amanhã quando eu morrer
Os meus amigos vão dizer
Que eu tinha bom coração
Alguns hão até de chorar
E querer me homenagear
Fazendo de ouro um violão
Mas depois que o tempo passar
Sei que ninguém vai se lembrar
Que eu fui embora
Por isso é que eu penso assim
Se alguém há de fazer por mim
Que faça agora
Me dê as flores em vida
O carinho da mão amiga
Para aliviar meus ais
Depois que eu me chamar saudade
Não preciso de vaidade
Quero preces e nada mais
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