Waldick Soriano, morto na última quinta-feira é figura central do livro Eu Não Sou Cachorro Não(Editora Record) de Paulo César de Araújo (o mesmo da biografia censurada de Roberto Carlos). Nele o autor mostra o preconceito da imprensa que ignorou o fato de que os “cafonas” foram tão perseguidos e censurados pelo regime militar quando os “inteligentes” (aspas enormes) da MPB. Mas também o de gente ligada à música, como Nelson Motta, que em seu livro de memórias “Noites Tropicais” “esquece”. (aspas maiores ainda) que escreveu a música “Drama Passional” em 1976 para Odair José.
Mas o mais interessante é que ele desmonta o conceito de “cafona”.Para ele, as definições tradicionais (grandiloquecia, sentimentalismo exagerado e artificial) também se aplicam perfeitamente a músicas consagradas como, por exemplo, Rosa, de Pixinguinha que tem versos “Waldickianos” como tu és a forma ideal, estátua magistral, oh ! alma divinal. No entanto, só se chama de “cafona”ou “brega”a musicas de artistas de apelo abertamente popular. Paulo César separa a música brasileira em duas tendências: a tradição que engloba toda música feita até 1945 e a modernidade ou tudo o que veio depois de 1950. A produção musical entre estes períodos seria tachada de “baixo nível artístico”. Assim, à toda a geração de cantores e cantoras do rádio (Nora Ney, Cauby e Ângela Maria inclusos) seria legado o limbo. E todos aqueles não identificados com as duas vertentes (como as canções aboleradas) seriam “cafonas”. Sofreu com isso também Nelson Gonçalves, que teria várias vezes negado o direito à gravação de sua voz e depoimentos no MIS (Museu da Imagem e do Som).
Já nosso man in black de beira de estrada, nosso Johnny Cash de coração mole, Waldick ainda poderá ser visto mais uma vez quando (se) estrear em circuito do documentário “Waldick, sempre no meu coração” feito ano passado pela atriz Patrícia Pillar e que foi exibido na Mostra de Cinema de São Paulo deste ano em duas apresentações.
!!!
A opção é sempre por entrevistar artistas articulados, bem vestidos e com livre trânsito em festas badaladas, bairros nobres e casas de empresários colunáveis. Os motivos vão desde o eficiente trabalho das assessorias de imprensa destes artistas, que tratam de “plantá-los” em colunas sociais e eventos cheios de jornalistas bem como ao extrato social preconceituoso de onde vem os jornalistas das editorias de cultura (sem generalizações, claro), que têm uma noção bem particular de “bom gosto” e acham que um Seu Jorge ou uma Ana Carolina têm muito mais a dizer do que tinha, por exemplo, Argemiro Patrocínio. “O Mistério do Samba” e “Eu não sou cachorro Não” provam bem o contrário.
Mas o mais interessante é que ele desmonta o conceito de “cafona”.Para ele, as definições tradicionais (grandiloquecia, sentimentalismo exagerado e artificial) também se aplicam perfeitamente a músicas consagradas como, por exemplo, Rosa, de Pixinguinha que tem versos “Waldickianos” como tu és a forma ideal, estátua magistral, oh ! alma divinal. No entanto, só se chama de “cafona”ou “brega”a musicas de artistas de apelo abertamente popular. Paulo César separa a música brasileira em duas tendências: a tradição que engloba toda música feita até 1945 e a modernidade ou tudo o que veio depois de 1950. A produção musical entre estes períodos seria tachada de “baixo nível artístico”. Assim, à toda a geração de cantores e cantoras do rádio (Nora Ney, Cauby e Ângela Maria inclusos) seria legado o limbo. E todos aqueles não identificados com as duas vertentes (como as canções aboleradas) seriam “cafonas”. Sofreu com isso também Nelson Gonçalves, que teria várias vezes negado o direito à gravação de sua voz e depoimentos no MIS (Museu da Imagem e do Som).
Já nosso man in black de beira de estrada, nosso Johnny Cash de coração mole, Waldick ainda poderá ser visto mais uma vez quando (se) estrear em circuito do documentário “Waldick, sempre no meu coração” feito ano passado pela atriz Patrícia Pillar e que foi exibido na Mostra de Cinema de São Paulo deste ano em duas apresentações.
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A opção é sempre por entrevistar artistas articulados, bem vestidos e com livre trânsito em festas badaladas, bairros nobres e casas de empresários colunáveis. Os motivos vão desde o eficiente trabalho das assessorias de imprensa destes artistas, que tratam de “plantá-los” em colunas sociais e eventos cheios de jornalistas bem como ao extrato social preconceituoso de onde vem os jornalistas das editorias de cultura (sem generalizações, claro), que têm uma noção bem particular de “bom gosto” e acham que um Seu Jorge ou uma Ana Carolina têm muito mais a dizer do que tinha, por exemplo, Argemiro Patrocínio. “O Mistério do Samba” e “Eu não sou cachorro Não” provam bem o contrário.
2 comentários:
Não ha palavras pra dizer o quanto esse livro é sensacional. Trabalho de historiador sério, com pesquisa bem constituida, sem picuinhas ideologicas , ou seja , entendendo o leitor como um leigo não somente membro de um academicismo morfetico como a gente bem sabe que é o que mais tem. E completando, o Roberto Carlos é um grandesissimo de um cuzão pelo que fez com sua biografia.
Tô pra ler esse livro desde o Reveillon de 2002, quando um amigo meu me apresentou. Ele estava lendo e fiquei de pegar emprestado depois. Acho q já está na hora.
Qto ao filme, ele esteve na MOstra do ano passado?!?!?!? Eu estava contando em vê-lo na deste ano...
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