quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

TEATRO- AVENIDA DROPSIE


Ninguém está preparado para o que irá ver quando as luzes do palco do teatro do SESI se acenderem e for revelada a cenografia de Daniela Thomas, com seu gigantesco edifício em cujas janelas e calçada se desenrolarão dramas urbanos tocantes, tristes, engraçados, melancólicos. Muito menos quando balões de pensamento aparecerem sobre os atores, exatamente como numa história em quadrinhos ou ainda quando um verdadeiro temporal tomar conta do palco.
Mas se tanta atenção é dispensada à chuva e ao edifício é por que há bons motivos para isso.
A chuva é o grande momento das histórias de Will Eisner. Diferente da banalidade corrente, em que um temporal é mostrado como uma espécie de “lágrimas do céu” fazendo coro à tristeza dos personagens, em Eisner o tratamento é bem outro; é poesia, e uma imagem poética não se traduz num único significado. Não é só um elemento libertador, nem triste, nem alegre. É tudo isso. Os personagens estão alheios à chuva ou porque pouco se importam com ela ou porque nada mais lhes importa na vida. É exatamente isso que vemos no palco, um desfile dos tipos de Eisner, uns sorrindo, outros chorando, uns comemorando, outros lamentando. Um só elemento, a chuva, na peça adquire todos os sentidos(até contraditórios ) ao mesmo tempo.
Já no edifício é que está o tema mais caro ao universo do quadrinista : a convivência humana, os conflitos da vida nas grandes cidades. Judeus praticantes vizinhos de negros e seu Hip Hop barulhento, homossexuais ,mulheres reprimidas, crimes passionais,solidão.
É esse microcosmo urbano que a Sutil Companhia de Teatro extrai das várias obras que compõem a fase madura de Will Eisner, uma das quais dá nome à peça e que dá vida pulsante à pirotecnia e ao cenário grandioso.
Afinal, como diz a Sra Rowena, personagem que está na graphic novel Avenida Dropsie, mas não na peça, “Prédios são apenas prédios. São as pessoas que fazem uma vizinhança”.

As próximas apresentações de Avenida Dropsie ocorrem nos dias 22, 25, 26 de fevereiro, 1, 11,15, 20 de março a 05 de abril, sempre às 20h. Às quartas-feiras, as sessões são gratuitas e nos demais dias os ingressos custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia). O Teatro Popular do SESI fica no prédio da Fiesp, na Avenida Paulista, 1313, próximo ao Metrô Trianon- Masp.
A peça não é recomendada para menores de 14 anos. Informações: tels. (11) 3146-7405 / 7406 ou pelo site www.sesisp.org.br

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