sexta-feira, 27 de agosto de 2010

ESTAMOS PAGANDO O PREÇO DE NOSSO ATRASO -ÚLTIMA POSTAGEM

O Ideb é um indicador do MEC que mede o desempenho das escolas levando em conta a taxa de aprovação dos alunos e o desempenho deles em testes de português e matemática – testes estes do Saeb (Sistema de Avaliação de Educação Básica).

Os números do Ideb (é uma escala de zero a dez) concluiriam que entre 2005 e 2009 a distância entre as escolas pública e particular diminuiu, mas ainda permanece uma distância precupante:um aluno da rede pública, ao final do ensino fundamental, sabe o mesmo que um da rede privada que concluiu apenas o ensino médio. Ou seja, a rede privada está 3 anos à frente da pública.

O sociólogo Simon Schwartzman, em entrevista à Folha de São Paulo em 5 de julho deste ano lembrou que não se pode esquecer o fato de que uma escola particular pode escolher o aluno, bem como expulsar os piores. Outro dado é que o aluno da escola particular normalmente vem de uma família mais rica, portanto em tese mais alfabetizada o que, como já comentamos aqui neste blog, influi e muito no desempenho do aluno. Mas Schwartzman é enfático ao afirmar que “mesmo as melhores particulares do Brasil são piores do que as dos outro países”. Para ele, isso ocorre por outro problema, a dedicação obsessiva com o vestibular.
Abro um parêntesis aqui para lembrar o leitor de como as escolas comemoram índices de aprovação em outdoors, inclusive citando o nome de alunos aprovados numa USP ou Unicamp. E é bom notar o quanto o vestibular é ineficaz como ferramenta de avaliação. Um ensino voltado diretamente para ele faz com que o aluno aprenda física estudando algo completamente estranho à sua realidade como a trajetória de uma bala de canhão, por exemplo. Fecha parêntesis.

Com tudo que tem de ruim, a escola pública estadual de São Paulo ainda é a terceira melhor do país. A do Rio é a penúltima, a frente apenas da do Piauí.
A melhora nos números do Ideb foi mais expressiva entre os alunos dos primeiros anos do que no ensino médio.Isso ocorre porque a partir dos anos 1990 houve a universalização do ensino(conseguiu-se colocar todas as crianças na escola) e quem entrou naquele momento pegou uma escola pior, ainda despreparada para lidar com esse contingente.

Ainda hoje é ruim? Não. É péssimo. Mas, boa ou má notícia(depende do ponto de vista), é verdade tem melhorado ,ainda que de maneira desigual, devido ao baixo investimento público. A sociedade pressiona cada vez mais portanto é de se esperar que continue melhorando. Cobrar, reclamar, votar com isso em mente. Essa é a nossa função.

Na semana que vem, uma conclusão desta série de textos enfocando a educação.
Esse atraso perdurará?

2 comentários:

Mário disse...

a gente é obrigado a reconhecer isto. tem muito mais criança na escola do que tinha a bem pouco tempo. questionando-se os mecanismos de ajuda a população ( como bolsa familia) ou nao, tem que se reconhecer isso, pelo menos na escola eles vao.
O que tem que ser trabalhado, e o porque de se estar na escola, e como se manter na escola. Com resultados empiricos que mostrem que estar na escola, é sim um meio de ter uma vida diferente das que se ve por ai, que é o unico caminho pra construir algo bacana e trabalhar tb, pra que os funcionarios da escola sintam-se motivados pra acompanhar esse pessoal nessa caminhada, coisa que infelizmente nao acontece..

Adilson Thieghi disse...

A rigor até a criticada progressão continuada nasceu de uma boa intenção, que é impedir a evasão escolar daquele sujeito que repetia duas, três vezes e acabava saindo da escola pra nunca mais voltar.E,sim, formação universitária ainda é o meio mais eficiente de ascensão social, apesar da TV martelar no futebol e na fama(venha de onde for).