quarta-feira, 28 de julho de 2010

VIOLÊNCIA, FUTEBOL,DEMOCRACIA E A MÍDIA

Na edição deste domingo do “Juca Entrevista”, programa da ESPN comandado pelo jornalista Juca Kfouri, primeiro feito após a Copa, o entrevistado Antônio Carlos Mariz de Oliveira, advogado criminalista e ex-secretário de segurança de justiça do estado de São Paulo, falou sobre a relação da imprensa com casos como o do goleiro Bruno.

Está se transformando a tragédia humana num espetáculo. Há uma teatralização que aproxima o caso de uma novela”, disse Mariz.
A culpa não é só da imprensa,completou, mas também das autoridades (delegados ou mesmo o ministério público) que, seduzidos pelo poder da imagem, pelos holofotes que podem atrair para si, acabam metendo os pés pelas mãos, falando mais do que deveriam. É,de certa forma, o que eu chamei aqui , algumas postagens atrás, de Peeping Tom, em referência ao filme de Mike Powell.

O programa na verdade foi sobre a necessidade de a CBF ter eleições diretas para presidente a fim de impedir mandatos quase vitalícios como o de Ricardo Teixeira, idéia que o advogado exprimiu num artigo para o jornal Estado de São Paulo semana passada. Em dado momento falou-se que a democracia não chegou ao futebol, que é tudo como algo privado, onde nem os governos ousam se meter. Juca destacou que isso é algo absurdo, afinal o hino que toca antes das partidas da Seleção Brasileira não é um hino da CBF, mas sim do Brasil. Nem Mariz nem Juca não tocaram nesse ponto, mas temos uma herança monárquica (tivemos sob o poder dos reis portugueses e depois de uma monarquia própria) que torna a democracia algo estranho a nós. No documentário O Abraço Corporativo (de que já tratei aqui), o jornalista Hérodoto Barbeiro (CBN, TV Cultura) diz que “nós temos 500 anos de história, dos quais 50 de democracia em duas parcelas de 25”. Ou seja, ainda precisamos aprender a viver com ela.
Pois é.

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