quarta-feira, 7 de julho de 2010

O PEEPING TOM NOSSO DE CADA DIA




É sempre a mesma coisa. Algum crime ganha repercussão nacional e os programas policiais (e não só eles) desatam a falar sonbre aquilo por horas a fio, gritando, pedinco justiça(mas sem promover debate sobre as causas do crime ou ouvir quem possa apontar soluções) e repetindo as imagens da vítima ou do crime em sequencia nauseante.
Tudo que seja além de dar a notícia, que ultrapasse alguns minutos em noticiar um fato, é exploração. O que Datena e tantos outros fazem, ao repetir imagens de pessoas assassinadas, não é jornalismo e sim voyerismo doentil, é “torture porn. O termo é utilizado para designar filmes como O Albergue, de Eli Roth, e os da série Jogos Mortais em que o barato é curtir com o sofrimento alheio, sobre o qual a câmera se detém por um bom tempo. Verdadeiro tratado sobre essa relação erótica e perversa da imagem filmada com a dor é Peeping Tom, filme de Michael Powell que conta a história de um jovem mentalmente perturbado que só se excita sexualmente ao assassinar garotas ao mesmo tempo em que as filma(à sua câmera está presa uma lâmina) . O filme de 1962 arruinou a carreira de Powell, tornou-se maldito até sua redescoberta por cineastas cinéfilos como Martin Scorsese (quando virou pérola Cult) e servir de inspiração para o “Frenesi” de Alfred Hitchcock. A idéia de alguém (protagonista e espectador)se deliciar com a expressão de horror no rosto das vítimas pareceu, à época, doentia,mas, quem diria, hoje isso é quase um exercício diário.Sem, é claro, o humor negro e o tom ácido de Powell.

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