quarta-feira, 3 de agosto de 2011

VELOZES E FURIOSOS


Na TV uma reportagem sobre a morte do administrador Vitor Gurman, 24, atropelado na calçada por um jipe LandRover desgovernado num rua em que o limite de veloicidade era de 30Km por hora.
Intervalo comercial  e o anúncio do Hyunday Veloster com o carro disparando feito um foguete e a voz em off dizendo algum tipo de abstração como "pense em novas possibilidades". 

 Seria ridículo se não fosse trágico.  Ridículo porque  associar carro e liberdade(daí a apologia da velocidade) não é  só batido, é datado. É de um tempo em que quase ninguém tinha carro e uma viagem de São Paulo a Santos podia mesmo ser chamada de viagem.  Sem falar dos congestionamentos de hoje.

Mas é trágico porque todo anúncio de automóvel enfatiza a velocidade. Basta comparar. A indústria do tabaco foi proibida de patrocinar eventos  esportivos porque com isso associava seu produto a saúde. A indústria de alimentos prontos e as redes de lanchonetes hoje sofrem pressão para demonstrarem que seus produtos podem ser prejudiciais  à saúde e a reduzir as gorduras trans. O MacDonalds nos  EUA já inclui frutas e leite desnatado no seu menu de café da manhã e mesmo assim sofre pesadas críticas pela chantagem emocional que faz com as crianças ao oferecer brinquedos como brinde na compra de lanches.

A indústria de cerveja  está livre de quase tudo, com excessão do ridículo e insignificante "beba com moderação", dito em 0,3  segundo.

Já a automobilística continua no paraíso de Pinóquio, afirmando o que bem quiser (ainda que não tenha sentido algum) e sem assumir  nenhuma responsabilidade pela carnificina que é o trânsito hoje.
Para se ter uma idéia, entre 1998 e 2008 cresceu 32,4 % o número de jovens mortos em acidentes de trânsito.Nesse período a população total cresceu 26,5%.
De janeiro a março deste ano foram pagas 76.515 indenizações DPVAT a vítimas de acidentes de trânsito no Brasil. E o número é certamente maior se pensarmos que nem todas as vítimas dão entrada no DPVAT.
De 2009 a 2010 o número de indenizações por invalidez cresceu 23,5 %.

Não é interessante à gritaria dos Datenas da vida, mas não se engane, estes são números de guerra.  

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