quarta-feira, 18 de maio de 2011

DARIO ARGENTO-1


Mario Bava

Não da para falar em Dario Argento, diretor de Suspiria, sem recorrer ao nome de Mario Bava, cineasta italiano que estreou tarde na direção(aos 46 anos)mas com uma dessas obras de impacto profundo, La Maschera del demônio.O filme, de 1959, é também chamado de “Mask of Satan” ou “Black Sunday”, dependendo do país e da versão, por causa da implicância dos censores da época com a violência inédita do filme.

A Máscara do Demônio(vamos chamar assim) reciclava o visual dos filmes da Universal Pictures dos anos 1930 e 40 para contar a história (baseada no conto “Viy”do russo Nikolai Gogol) de uma princesa do séc 17, Asa (interpretada por Barbara Steele, de “8 e ½”), condenada por seu próprio irmão, um inquisidor, por bruxaria e vampirismo.Sua pena é ter cravada no rosto uma máscara de ferro cheia de espinhos metálicos antes de ir para a fogueira. Asa promete retornar à vida e vingar-se de sua descendência.

A sequência de abertura , principalmente o golpe de marreta do carrasco no rosto de Asa, chocou a audiência e continua poderosa ainda hoje. Estaria fincada (com perdão do trocadilho) uma da bases do horror italiano, as cenas ultraviolentas.Visto então, o Drácula de Bela Lugosi parecia desconcertantemente ingênuo.



Mas fosse só por isso, A Máscara do Demônio não teria tido uma sobrevida mais longa do que a princesa Asa. Mario Bava demonstrou domínio pleno do preto-e-branco e um uso espantoso do jogo de luz e sombras(impressionante mesmo se comparado às obras da Universal Pictures) e da composição de cena que fazem o espectador esquecer algumas seqüências canhestras(até para a época) como um desajeitado morcego que ataca os invasores da cripta onde está a vampira. Bava compunha as cenas como um pintor “barroco”(vamos tratar disso adiante).

Com frequênca a câmera está em posição desconcertante e os objetos de cena ainda mais, quase colados nela, deixando os atores lá no fundo, numa perspectiva em diagonal.
Ou a ação principal é deslocada do centro para as lateriais da tela, deixando grandes áreas "livres" criando uma beleza literalmente assustadora. As cenas são para ser admiradas como belas pinturas, isoladas mesmo de seu contexto.
Tudo isso gera uma estranheza, um mal-estar que não passa desapercebido pelo espectador. 


Mario Bava não ficou restrito aos filmes de horror, até porque eles não eram populares na Itália,na época. Aventurou-se por um outro gênero, o giallo, que faria famoso Dario Argento, que soube absorver todas as lições do mestre, desde a violência chocante ao domínio da luz e da composição de cena.
A isso voltamos na próxima postagem.


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