sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

TIO BOONMEE PODE ENCANTAR VOCÊ

Bom, antes de tudo, desculpas  ao leitor pelo sumiço. Mas teve texto pro HQM (faltam dois ainda), logotipo de bloco de carnaval, criação e divulgação de cineclube...ufa!
Mas vamos lá, ainda que aos trancos e barrancos(não está descartado outro sumiço semana que vem).


A vidraça da vez nas seçoes de cartas de jornais e revistas de  cultura é o  filme "Tio Boonmee que pode recordar suas vidas passadas". Sempre tem alguém revoltado  com os elogios dos  críticos (eu mesmo presenciei reclamações). É aquela coisa, o sujeiro vê o crítico elogiando, vai ao cinema, detesta o filme e se sente tapeado.Acha que o crítico é um idiota que elogia coisas  que os outros odeiam só pra ser do contra.
é parte de tudo o que temos discutido aqui, mas não só. Tio Boonme nãao é nem um pouco fácil. Dá pra entender a bronca do público.  É daqueles filmes em que não  acontece "nada". Na verdade acontece muita, mas muita coiisa, só que não está no esquema de narração tradicional.  Não há uma evolução da trama  (apresentação-problema-desenvolvimento-climax-desfecho). Quando não há uma estrutura asssim, parace mesmo que não há nada.

Um leitor do Guia da Folha,munido de seu "diploma-autoridade" de sociólogo empreedeu uma "análise":

Trata-se de um loga sem profundidade alguma:não tem trama,seus diálogos são improváveis,suas imagens são incrivelmente vazias e entediantes e a duração estende-se por muito mais  ttempo do que o bom senso autorizaria

Agora: o que é um diálogo provável?- deixa pra lá.  Imagens vazias? Ok, vamos lá.

Cinco pessoas sentam à mesa e começa a conversar sobre a vida. Mas um deles  é um fantasma. Outro é um fantasma também,só que de outro tipo, um macaco, um espírito da floresta. Há uma dose de magia aí muito maior doo que em todos os HaryPotter e Senhor dos Anéis juntos.   A natureza está impregnada de magia, não é algo isolado, fantástico que se manifesta, não eestá na esfera do extra-ordinário, está na do ordinário mesmo,  ela é assim para o diretor e para  toda uma cultura oriental.  é um modo de encarar o mundo. Por isso o filme pede uma postura diferente, de contemplação  e nãao de esperar o que está  por acontecer. Não é o depois, é  o agora. é viver aquela cena, é respirar aquele ar. Porque os manuais de roteiro ensinam que um filme deve deixar sempre o espectador pensando: o "que vai contecer em seguida?". Se é uma comédia romãnticaa pergunta-se  "e agora?complicou tudo" ou "será que vão ficar juntos? ou ela vai encontrar vai preferir aquele outro cara?".

Em Tio Boonme isso pouco importa, sabemos desde o início  que ele está para morrer. E depois? Depois nada, sabemos dos espíritos mas que,como diz um deles, "os espíritos só existem ligados a uma pessoa viva"."O céu é superestimado.  Não existe nada lá".  Ou seja, nós damos sentido e vida a esse mundo. E a alguém que está morrendo, como Tio Boonmee e descobre tudo isso, só o que resta é a beleza da vida.

No mais, a cena da morte do tio é  encantadora.  Eles entram numa caverna uterina, cheia de pedras preciosas brilhando como um céu estrelado. é da mitologia oriental, como me lembro de Joseph Campbell explicando, nessa ccaverna de cristais cada pedra reflete o brilho de todas as outras, não se sabendo de qual veio a luz primeiro. Tudo está ligado, ninguém está isolado, nem das outras pessoas nem da natureza.
é uma abordagem do mundo e da vida muito mais profunda do que a de Avatar, por exemplo, que já é um ótimo filme.

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