terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

POR UMA ARTE DESCONFORTÁVEL


Reproduzo aqui,com prometido, trechos da entrevista do dramaturgo Edward Albeee, ao repórter Lucas Neves e publicada pela Folha de São Paulo em 30/12/10.
Albee, que é autor de “Quem tem medo de Virginia Woolf” e cuja nova peça, “A Senhora de Dubuque”, com Alessandra Negrini, está em cartaz no SESC Pinheiros, em São Paulo, bate forte contra a cena teatral norte-americana (notadamente a Broadway) ,que,aliás, é muito semelhante à cinematográfica. A ausência da ligação entre arte e educação, tanto lá como cá,geram esse público preguiçoso e desejoso de fórmulas fáceis .
À entrevista:


A maioria das pessoas quer um entretenimento seguro e amigável.não desejam um ato de agressão.E quase toda arte,em seu melhor,é um ato de agressão contra o status quo. Ou seja, está ali para levantar questões não para fornecer respostas fáceis,simples. Mas se você faz perguntas difíceis, irrita muita gente.Essa é a função da arte,entretanto.Se ela não lhe saca do conforto,não é arte.O problema é que boa parte das pessoas tem preguiça intelectual”


“Atraente é uma palavra perigosa, significa que as pessoas vão gostar.O que a arte precisa é ser mobilizadora de nossa mente e de nossas emoções.Ela não tem de nos deixar felizes,ma sim mais conscientes de nossos valores. E deve nos levar a interrogar se estamos dando conta ou não de nossas responsabilidades. Não entendo côo alguém pode querer ir ao teatro só para ver atores voando suspensos por fios (referência a ´Homem Aranha´ ).Vá ao circo,então. O teatro deve mobilizar o intelecto e o olhar”

“ (...)as pessoas não querem ser incomodadas quando vão ao teatro.Anseiam ter seus valores reafirmados-se é que se chega a discutir valores em cena.Não esperam vê-los questionados. Não estão ali para ser perturbadas. Querem perder tempo e estão dispostas a gastar muito dinheiro para isso”

“(o indivíduo) tem de ser instruído para fazer a democracia funcionar e para querer um teatro que faça algo útil.Quando eu ia a escola, tinha uma classe de formação cívica,em que aprendia como o governo trabalhava e o que significava um ato político.Não se ensina mais isso na América.Também tive aulas de música, literatura e artes visuais.Hoje elas não são consideradas importantes.As preferências das platéias são ditadas pelo pouco que aprendem.Se o cardápio ensinado fosse mais amplo, a gama de interesses seria mais diversificada”





SESC Pinheiros - Teatro Paulo Autran.


Tel.: (11) 3095-9400


Sexta e sábado, às 21h. Domingo, às 18h.

 




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