terça-feira, 5 de outubro de 2010

A ARTE É UMA FORMA DE PENSAMENTO

A arte é um discurso sobre a realidade. Se esse discurso é político(mote da Bienal deste ano) ou não isso vai do artista, mas a Arte diz algo, senão é só exercício de perícia com o lápis, o pincel ou o buril. Mesmo as obras Renascentistas diziam algo além do tema (por tema entender deposição da cruz, mitologia, etc), sua obsessão pela ordem, pela composição triangular, até mesmo o uso da perspectiva eram parte das convicções dos 1400. Esvaziado esse sentido, vira maneirismo, exibicionismo de técnica.

A ciência fala sobre o mundo, seja a ciência exata ou a humana, ela discursa, aponta caminhos, explica, pensa. A arte também o faz, de outra maneira, assim como fazia (faz?) a mitologia ou mesmo a religião (quando não é mero balcão de negócios).
São maneiras de discursar, de entender e falar sobre o mundo. De pensar e fazer pensar. E para isso não é necessário que a obra seja complexa ou que tenha levado dez anos pra ficar pronta nem mesmo que seja agradável aos olhos.

O filósofo alemão Paul Cassirer acreditava que ciência, arte e mitologia eram formas de linguagem, ou melhor , tudo isso e mais a linguagem trabalhavam dentro do universo do simbólico. Entender a arte como linguagem causou um problema que se arrastou por décadas, mas isso não vem ao caso (pelo menos não agora). Vamos ficar com a idéia menos objetiva e mais livre de que a arte é um pensamento, uma forma de lidar com o mundo.

É com essa visão que prossigo analisando a arte contemporânea nas próximas postagens. 

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