quinta-feira, 10 de novembro de 2011

O QUE QUEREM OS BADERNEIROS DA USP? -1 (atualizado)


 

O título da postagem, explico logo, é uma provocação . Vamos tratar de reconhecer quem é quem na artilharia.

Será que é a imprensa que informa pouco e mal quando se trata de casos em que um julgamento se forma rápido e facilmente(nesse caso o tal julgamento parece até óbvio)?
 Os fatos(base da matéria jornalística) não parecem permitir ambiguidade e nos empurram ao julgamento fácil ; dois ou três  jovens são detidos no campus fumando maconha e encaminhados para a delegacia, onde assinam um termo circunstancial e são liberados. Não houve , que se saiba,  queixa alguma de excesso por parte da polícia naquele momento. Os alunos tomam uma posição num primeiro momento claramente indefensável (porque por motivo fútil- o desejo de fumar maconha no campus sem serem incomodados) ao invadir a reitoria em protesto à prisão dos colegas.  Uma assembléia estudantil determina o fim da invasão  mas a minoria derrotada se recusa a sair  até que chega a polícia e todo seu aparato espetaculoso para retirá-los de lá.

No Bom Dia Brasil, Chico Pinheiro lamenta a ação da polícia para retirar os alunos  da reitoria,  mas apenas porque "os policiais poderiam estar em outro lugar, fazendo um trabalho mais necessário"(cito de memória)Entenda-se: ao invés de dar umas palmadas em moleque mimado . Não muito diferente da opinião de Vinicius Mota e Luiz Felipe Pondé, ambos da Folha de São Paulo.

O primeiro chama os jovens de "grupelhos semialfabetizados e violentos" que querem estar "livre para o uso de drogas na Ciddade Universitária" o que "significa liberá-la para o tráfico, sem o qual não há consumo- e o tráfico não existe sem crimes conexos,como homicídios".  A polícia, para ele, é "a força legítima que mantém a ordem na democracia"( Os Bebês da USP- Opinião, 07/11/11).

O segundo acredita que "a diferença entre eles" , os "os baderneiros que invadiram a Faculdade de Filosofia da Usp" e a "última geração revolucionária de fato (Fidel Castro e Che Guevara) é  que enquanto los hermanos de Cuba enfrentaram inimigos à bala,essa moçadinha que  acha que ´todas as diferenças podem conviver lado a lado´ (até a primeira briga de ciúme entre dois caras pela menina mais gostosa do grupo,aliás,coisa rara nesse meio),ao primeiro tiro correria para casa para brincar com o seu iPad"(Geração Capitão Planeta- Ilustrada, 08/11/11).

Via Twitter, a âncora da rádio Estadão-ESPN, jornalista Mia Bruscato, disse que "E, se eu escrevesse tudo o que penso desse episódio todo na USP... quem ia presa era eu, provavelmente. Deixa pra lá".

Parece fácil atipatizar com os estudantes. Fácil demais para não se desconfiar de que falta uma ou mesmo várias peças nessa história. Só quem nunca pisou na USP não sabe que as pichações "Fora PM do Campus" não são de hoje. Fora por quê?  Não nos dizem. Ou melhor, demoraram a dizer. A Estadão  ESPN entrevistou, só ontem, representantes dos sindicatos dos funcionários da USP. Mas, peraí... funcionários? Então tem mais coisa aí nessa história, não é mesmo?- é bom dizer, antes que pedras voem na  janela da minha casa, que entender os motivos da revolta dos alunos  não significa de modo algum concordar com eles. É apenas pedir pela informação completa ao invés de opiniões de  boteco.E aí,sim, formular uma opinião.

A coisa toda tem a ver com uma postura de oposição ao reitor da USP, a acusações de corrupção deste feitas pelos alunos, à reivindicação para que se crie uma polícia universitária(que faria o patrulhamento no lugar da PM e sua postura truculenta e opressora) , ao fato de a USP ser uma autarquia ,e muitas outras coisas. Não é só para fumar maconha sem ser incomodados. Que se repudie a depredação, a invasão após derrota demcrática na assembléia  e mesmo o discurso esquerdista caduco, ok. Que se ache que todas as reivindicações são idiotas, afinal polícia universitária não existe em lugar nenhum do mundo(o que não quer dizer que não possa existir, mas pouco poderia frente a bandidos armados), é justo. Que se considere pertinente a presença da PM no Capus, em face do crescente número de assaltos, estupros e até assassinatos, é bem compreensível também.

Mas antes de se falar em iPad e semianalfabetismo, é bom  saber o que ocorre de fato.

Um vácuo de informação ocorreu também em casos quase idênticos, os protestos estudantis do Chile e os recentes atos de vandalismo na Inglaterra, onde jovens da periferia  londrina incendiavam carros e destruíam lojas sem motivo aparente.
Mas isso fica pra próxima postagem.

***
atualização
É minha querida Olga Defavari quem avisa que, antes da rádio Estadão, a GloboNews(sempre um exemplo de bom jornalismo) já havia dado voz (que não ecoou na TV aberta) ao  outro lado da questão. Falou-se,entre outras coisas, que a  PM revista alunos na entrada da biblioteca e reprime namoros homossexuais. E que outro pnto do prootesto foi a imposição à revelia, pelo  governador do Estado,de um reitor que orna sua sala com tapetes que custariam R$ 35 mil .

2 comentários:

Mário disse...

disse o barcinski que vc nao curte muito, mas que qdo acerta é a la sniper " estão matando o mensageiro, sem nem discutir a mensagem" e acho que é bem por ai, o movimento estudantil é uma piada, sp é um estado de direita cristã tem 20 anos e ninguem se dá conta disso, e digo até mais, acho que a questão ai, é mais séria.
vai de toda a falta de seriedade com que se é levada a democracia por aqui... voto é piada, ninguem minimamente quer saber de se informar, e enquando isso um neo 64 vai se perpetuando eleição por eleição

Adilson Thieghi disse...

O Barcinski mandou muito bem mesmo... Voc~e bem sabe que eu mudei de opinião, mudei inclusive enquanto escrevia o texto. MMas é a imprensa preguiçosa, os pauteiros dos jornais são muito fracos e os repórteres idem. Então tem a Globonews com alto nível e mais meia dúzia(se tanto) de veículos que informam decentemente, sem o atalho do preconceito. E tem vár4ias que você colocou aí que dariam horas de conversa de boteco. SP é o Texas do Brasil,imutável no tempo. E o voto, enquanto não for distrital(pra começar) continuará não sendo representativo.