Não há dúvida de que, pelo menos desde os anos 1980 com a invenção do videocassete, a importância das salas de cinema vem diminuindo frente à possibilidade de se ver um filme na hora e no lugar que lhe for mais conveniente. Essa facilidade passou pela disponibilidade da Tv a cabo, daí para a comodidade do pay-per-view e chegou ao ponto máximo agora que é possível baixar em pouquíssimo tempo o filme que se desejar. Sendo assim, só uns poucos estão dispostos a pagar o preço(alto) do ingresso de cinema.
O fato é que a experiência do filme é afetada pelo lugar onde se assiste a ele.
Ao ver um filme, dividimos nossa atenção com o entorno iluminado (você não vê só o filme, mas a estante, os enfeites)com o parente que passa em frente à TV, com o vizinho barulhento, coisa que inexiste no cinema, onde nossa atenção está toda direcionada à imagem que, pelo tamanho monumental, nos engloba.
Essa sensação de que o cinema é uma atração única, tão insubstituível tanto quanto uma peça de teatro é que a Cinemateca resgata, ao menos uma vez por ano, com a Jornada Brasileira de Cinema Silencioso quando são exibidos filmes mudos com acompanhamento musical e apresentação dos curadores antes de cada filme.
A principal questão é se a música(que muitas vezes incluis até colagens sonora) pode “trair’o filme ou interferir no seu significado original. O curador musical da Jornada Livio Tractenberg diz no catálogo da mostra:
“ mais do que uma pretensa ‘atualização, que,de resto, soa ridículo quando se trata de criação artística,(...) as musicalizações buscam sobretudo estabelecer uma conversa criativa ,ao invés de uma moldura decorativa, com as narrativas fílmicas”.
A Jornada, que está em sua quarta edição, vai até domingo e tem como destaque o cinema sueco (está lá Greta Garbo, ainda Greta Gusstafson ,anos antes de brilhar na MGM) além de uma imperdível apresentação no Auditório Ibirapuera, nesta sexta-feira 13, de “A Feitiçaria através dos tempos”(1922), de Benjamin Christensen híbrido de horror e documentário com narrativa não-linear que mostra o alcance da feitiçaria na Idade Média. A fotografia de Johan Ankerstjerne é lendária. Na cinemateca pode-se também apreciar fotografias de bastidores de alguma das produções suecas exibidas.
A Sessão no Auditório Ibirapuera será às 21h00 e terá acompanhamento musical de Marcio Nigro e André Abujamra. O Programa completo da IV Jornada Brasileira de Cine Silencioso , que é gratuita, você encontra em http://www.cinemateca.com.br/
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