quinta-feira, 10 de março de 2011

CINECLUBE GAMBALAIA - Material complementar

Como material complementar à nossa sessão do Cineclube Gambalaia de hoje, incluo aqui algumas opiniões  colhidas sobre o filme e seu diretor, Jean Renoir ,que certamente vão enriquecer a experiência de quem o assistiu (ou pretende assiti-lo). Até a próxima terça, dia 15, incluo em aqui os temas tratados na palestra após o filme, bem como algumas informações adicionais.


O impacto desses filmes foi absolutamente emocional,foi como estar na presença de um grande afresco (...) A carruagem de Ouro é como uma peça de teatro com personagens de commedia dell´arte. O filme é leve e belo. A ênfase está na composição da cor(...).Em muitas das cenas,os enquadramentos recordam-me os quadros de seu pai
                             Martin Scorsese em depoimento incluído nos extras do DVD da Versátil Video.


Poucos cineastas foram, ao longo do século,tão agradáveis quanto Jean Renoir(1894-1979). Essa sensação não decorre necessariamente da qualidade ou vigor de seus filmes,mas de uma atitude que,de algum modo,Renoir conseguia transpor para a tela até mesmo quando filmava uma história trágica(...) No cinema-como na pintura,não existem ideias,ou antes elas se covertem em gestos,movimentos,objetos,luz.Em Renoir,o cinema reencontra a experiência dos impressionistas,preocupados em libertar a pintura dos vestígios literários
         Inácio Araújo, no livro Cinema de boca em boca- Críticas de Inácio Araújo (Imprensa Oficial)


É provavelmente o melhor filme a contar com Anna Magnani, e poderia encerrar qualquer discussão sobre as diferenças entre teatro e cinema. Porque em A Carruagem de Ouro, o cinema nasce do teatro, claramente, por trás das cortinas vermelhas. Melhor seria dizer que o cinema penetra onde o teatro não pode. O cinema revela a reação daquele que escuta, que recebe o olhar. Revela também os caminhos por onde se fazem as intrigas, e por onde elas são combatidas. Os flertes, os amantes escondidos, os pretendentes revoltados, os duelistas, o serviçal do rei... E a pergunta da personagem de Magnani, uma comediante dell'arte, ressoa até muito além do final do filme: ´onde acaba o teatro e começa a vida?´ Talvez seja a pergunta que nós, cinéfilos, tenhamos que fazer sempre, obviamente com a substituição de uma arte pela outra" .


                      Sérgio Alpendre, no blog de crítica de cinema Chip Hazard http://chiphazard.zip.net/

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