O documentário O Abraço corporativo, do diretor Ricardo Kauffman está em cartaz em apenas uma sala da grande São Paulo, mas deveria estar ao alcance de todos tamanha é a importância dos temas que trata.
A coisa é assim: Um ex-executivo, Ary itnem,decidiu abandonar seu emprego após ter sofrido um colapso e juntar-se à Confraria Britânica do Abraço Corporativo e pregar as benesses de abraçar os colegas de trabalho- alta da produtividade é uma delas. Itnem faz isso andando para lá e para cá na avenida Paulista, de terno e gravata, segurando uma placa onde pedia um abraço aos transeuntes. Virou vídeo no youtube, ele foi entrevistado pela Folha, CBN, e vários canais de TV, revistas e portais de internet e seiu vídeo circulou de maneira viral por e-mail.
Só que nem Item nem a tal Confraria existiam, eram criações do diretor. Aliás, Itnem (intepretado por um ator profissional) é um quase anagrama da palavra “mentira”. E como isso foi parar nos mais respeitados veículos de comunicação?Aí, como diz o outro, é que o bicho pega e gente como o Contardo Caligaris (psicanalista), Juca Kfoury (ESPN,Folha), Mauro Wilton de Souza(cientista social e professor ad USP) , Manuel Chaparro(pesquisador do jornalismo) eoutros tentam entender não só como isso aconteceu, mas também como funciona a relação da sociedade com a notícia.
A coisa é assim: Um ex-executivo, Ary itnem,decidiu abandonar seu emprego após ter sofrido um colapso e juntar-se à Confraria Britânica do Abraço Corporativo e pregar as benesses de abraçar os colegas de trabalho- alta da produtividade é uma delas. Itnem faz isso andando para lá e para cá na avenida Paulista, de terno e gravata, segurando uma placa onde pedia um abraço aos transeuntes. Virou vídeo no youtube, ele foi entrevistado pela Folha, CBN, e vários canais de TV, revistas e portais de internet e seiu vídeo circulou de maneira viral por e-mail.
Só que nem Item nem a tal Confraria existiam, eram criações do diretor. Aliás, Itnem (intepretado por um ator profissional) é um quase anagrama da palavra “mentira”. E como isso foi parar nos mais respeitados veículos de comunicação?Aí, como diz o outro, é que o bicho pega e gente como o Contardo Caligaris (psicanalista), Juca Kfoury (ESPN,Folha), Mauro Wilton de Souza(cientista social e professor ad USP) , Manuel Chaparro(pesquisador do jornalismo) eoutros tentam entender não só como isso aconteceu, mas também como funciona a relação da sociedade com a notícia.
O que está lá exposto (mais do que a “pegadinha” que enganou meio mundo na mídia) é a permeabilização do jornalismo pelo entretenimento (programas como Hoje em Dia, entre tantos outros, onde o que menos importa é a qualidade da notícia), a ficcionalização da realidade (não importa se algo é real, mas sim que pareça) e a banalização da notícia, motivada, entre outros tantos fatores, pela pressa em noticiar- é exemplar o caso lá mostrado de um grande portal que noticiara a queda de um avião na grande são Paulo, logo copiado por quase todos os outros portais noticiosos mas ,como depois se descobriu, não tinha avião nenhum na história e sim uma fábrica de colchões queimando. Onde há fumaça não há apenas fogo, mas todo um espetáculo. Aliás o espetáculo que encobre o fato explica a cobertura feita pela TV dos atentados públicos do PCC , caso bem lembrado pelo ex-governador Claudio Lembo, quando chegou a se exibir como “ao vivo” a imagem gravada de um ônibus em chamas e a coisa toda pareceu bem maior do que realmente foi.
É um documentário importantíssimo, indispensável e se algum dia sair em DVD(o que é bem improvável) deve fazer parte do acervo de todo mundo, afinal, pensar a mídia é um exercício diário.
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Dá para estender a reflexão para outras searas. Num dado momento, Ary Itnem é convidado a dar uma palestra em uma dessas conveções empresariais onde todo mundo se apresenta como um grande especialista numa coisa que só ele faz e sempre tem uma fórmula mágica para aumentar a tal da produtividade. Pois bem, Itnem vai lá, faz sua palestra, diz para o povo se abraçar, eles obedecem e ele acaba aplaudido por um público quase em êxtase. Contardo Calligaris, em entrevista, diz que nenhum boato se espalha a toa, ele tem de dizer algo àqueles em que nele acreditam e é isso que o ator e diretor fizeram: dizem algumas verdades (a distância criada pela comunicação eletrônica,a frieza crescente da sociedade) e isso encontra resposta em angústias de todos nós (o medo –paradoxal- da solidão é das mais contemporâneas) e pronto, está todo mundo fisgado. O que ele disser em seguida vai ser aceito com verdade incontestável. Ora, essa é a retórica não só desses executivos de palanque, mas também dos livros de auto-ajuda e de muitos tele-evangelistas.
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Dessa sociedade em que o que vale mais é a imagem do que o conteúdo eu tratei algumas postagens atrás, sobre o“caso” Carol Castro e ojornalismo com espetáculo, analisando a cobertura da Globo na Copa de 2006 .
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