sexta-feira, 11 de novembro de 2011

O QUE QUEREM OS BADERNEIROS DA USP? -2


A excelente publicação Le  Monde Diplomatic Brasil, em sua edição de número 50(setembro) trouxe excelente artigo do escritor Owen Jones, A Moral Britânica contra a  "Escória"  que trata do modo como  foi retratada , na midia britânica, a revolta juvenil que tomou as ruas de inglesas em agosto deste ano ,bem como as reais causas dos ataques. É um texto  que serve para compararmos com a repercussão  que teve a revolta dos alunos da FFLCH na opinião pública brasileira.

A destruição de lojas e outras depredações quase aleatórias tornou os  jovens ingleses antipáticos à opinião pública mundo afora, que viu nos atos  nada além de vandalismo, causados "pelo uso excessivo de drogas" pela decadência  moral e a perda de valores familiares, sem jamais buscar entendê-los de outra forma. E,claro, saudou-se a repressão policial violenta ao  "bando de animais ferozes"(termo que ficou comum no Twitter). O jornalista Richard Littlejohn, do DailyMail , um pouco menos comedido que os os colegas brasileiros, sugeriu "matá-los a pancadas como filhotes de foca" . 

Não vou tratar o leitor por tonto e  ficar estabelecendo comparações e paralelos (são situações bastante diferentes) apenas digo que lá,como cá, havia muito mais do que era dito nos meios de comunicação. Transcrevo trechos deste, e também de outro artigo, publicado na mesma edição e intitulado Geração sem Futuro, de autoria de  Ignacio Ramonet, jornalista, sociólogo e diretor da versão espanhola do Diplomatic.

"Em Tottenhan,onde começaram os levantes, há 34 candidatos para cada posto de trabalho. A imensa maioria dos postulantes possui menos  de 24 anos e está desempregada.Parece tão surpreendente que justamente essa população sem emprego,carreira ou auto-estima- e não a dos bairros abastados-tenha se envolvido nos levantes de agosto?     Certamente pobreza e desemprego não conduzem à pilhagem e à violência, mas basta alguns  poucos manifestantes para detonar a bomba-relógio de um bairro pobre"
                                                                                                                                 - Owen Jones


Hoje é diferente (de 1968 - Nota de transcrição).  O mundo está pior  e as esperanças esmoeceram. Pela primeira vez em um século,na Europa,  as  novas gerações têm um nível de vida inferior  ao de seus pais. O processo globalizador neoliberal brutaliza os povos,humilha os cidadãos e despoja os jovens de um futuro.
E  a crise financeira,  com suas ´soluções´de austeride contra a classe média e os mais humildes,piora o mal-estar geral.Os Estados democráticos estão renegando os  próprio valores.em tais circunstâncias, a  submissão e o aacatamento da ordem são absurdos.(...) 

A impetuosa explosão inglesa se diferencia dos outros  protestos juvenis-em geral pacíficos embora com enfrentamentos pontuais em Atenas, Santiago e outras capitais-pelo grau de violência utilizado. (...)os amotinados ingleses, talvez pelo pertencimento de classe, não verbalizaram seu descontentamento. Nem colocaram seu furor a serviço de uma causa política ou da denúncia da desigualdade concreta.Nessa guerrilha urbana, nem sequer saquearam os  bancos com ira sistemática. Deram a (lamentável)impressão de que a raiva pela condição de despossuídos e frustrados tinha como único foco as vitrines repletas de benesses do mundo do consumo.  De qualquer forma,como taantos outros  ´indignado´esses esquecidos pelo sisttema-que já não pode oferecer-lhes um lugar na sociedade,um futuro-  expressavam o desespero".
                                                                                                                                 - Ignacio Ramonet

2 comentários:

Mário disse...

espere um exodo de gente desesperada vindo pra ca pros proximos anos, escuta o que eu to falando

Adilson Thieghi disse...

É bem provável mesmo.