Parece até um texto produzido especialmente para o Bar1211 a postagem do Blog do Inácio desta semana
(http://inacio-a.blogosfera.uol.com.br/2011/01/31/filmes-que-ninguem-compreende-6/) afinal complementa com exatidão nossa discussão aqui nas últimas semanas, que é a da relação com os filmes ditos "complicados" e da repulsa do público, que prefere o que de mais confortável estéticamente que a indústria lhe oferece. A distinção imediata acaba sendo entre arte e indústria ainda que no cinema tal distinção seja virtualmente impossível(a discussão, trataremos disso um dia, já chegou ao mundo das Artes Visuais- que é como se chamam hoje as artes plásticas).
Inácio na verdade construiu um texto para responder a um leitor que chamava o filme do de Apichtapong "Tio Boonmee que pode recordar suas vidas passadas"(vencedor da última palma de ouro de Cannes) de "filmeco" e "chatíssimo" deixando entender que ninguém na verdade poderia gostar desse filme a menos que fosse para fazer pose de intelectual. E reclama : por que esses filmes não dizem "o óbvio"?
Em resposta o crítico fala dos "filmes que vêm com bula" como “A Origem”, de Cristopher Nolan, movidos a " explicações prévias que os estúdios destilam pela mídia" e destaca a palavra "chatíssimo" usada pelo leitor, para o crítico, uma "espécie de condenação à morte simbólica", argumento indiscutível de quem não entendeu um filme e pretende desqualificá-lo. Para Inácio "há duas maneiras de um filme ser chato: ou porque nós não o compreendemos ou porque o compreendemos demais".
Destaco um trecho e convido o leitor a ler e indicar aos amigos o texto original. E também a comparar com a entrevista do dramaturgo Edward Albee que eu trarei ainda esta semana:
E para esses leitores o único conhecimento aceitável é o das bulas de remédio. E, como se trata de fenômenos de conhecimento, é bem mais fácil imaginar que não existe desconhecido, que não existem campos a desbravar. Apenas o óbvio. O mundo já está decifrado. Quem não professa o óbvio é, obviamente, um impostor. O quê? Freud com o inconsciente? Um impostor. Picasso? Não sabia pintar, era um idiota, por isso pintava tudo torto. Godard? Nem se fala. Esse é tão óbvio que é melhor nem falar. Beckett? Como não sabia desenvolver histórias, inventava essas coisas que não vão nem pra frente nem pra trás. E todos esses, claro, contam com o beneplácito dos intelectuais, dos críticos, esses parasitas infatigáveis, sempre dispostos a dizer que se deleitaram com essas monstruosidades, mas que elevam aos céus esses impostores tipo Manoel de Oliveira, Antonioni, David Lynch… Que não compreendem que só queremos ver “uma boa história”.
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