Não é incomum hoje amigos que pouco se vêem, mas que mantém contato virtual intenso. É uma espécie de não existência, uma existência fantasma(sem julgamento de valor), parte do modo de vida contemporâneo .
É disso, basicamente, de que trata Marcha para Zenturo, peça em cartaz no Centro Cultural São Paulo. Ou melhor, é esse o cerne da questão, em torno do qual gravitam muitas outras questões .
Não é um tema estranho nem mesmo ao cinema. A animação da Pixar, Wall-E tocou nele e o filme Pulse (inédito no Brasil), de Kyioshi Kurosawa foi fundo.
Não é um tema estranho nem mesmo ao cinema. A animação da Pixar, Wall-E tocou nele e o filme Pulse (inédito no Brasil), de Kyioshi Kurosawa foi fundo.
O que torna essa peça especial é a maneira como o faz. Estamos no futuro(só se dirá que ano lá pela metade da peça). Um grupo de amigos se reencontram para celebrar o reveillon no apartamento de um deles. Lá fora a tal marcha para Zenturo, pessoas marchando e prometendo ficarem em sil~encio na virada do ano, a subversão máxima, a negação máxima.. Ninguém consegue sair do apartamento, apenas observam lá de cima. Um deles é problemático, dado a andar a pé, aos afetos e à convivência humana. Está ,pois, fora de seu tempo (a maneira como isso fica demonstrada cenicamente é fantástica, mas não voui contar aqui). Como é o futuro em que eles vivem, que aconteceu com o cristanismo são coisas mostradas aos poucos, sem discurso ou descrição. Mas há mais:
um deles, o mais excêntrico, resolve dar de presente aos demais uma peça de teatro. Chegam os atores e começam a encenar Tchecov. muda o tom, há aquele mergulho em outro tempo, mas os atores da "outra peça ainda estão no palco, assitindo essa encenação. Os significados se sobrepõem. Termina a peça. Eles inteeragem e encaram a tal "marcha para Zenturo. Que é o que? Um outro significado, no qual a platéia está diretamentre implicada (uma projeção em cena deixa isso claro) é que emerge.
Uma coisa é clara: o futuro fictício é a caricatura do hoje. Mas: Fazemos parte da marcha? Ou do apartamento? Dos que querem afeto, toque, ou dos que buscam a impessoalidade,a virtualidade.
Há muito o que pensar depois da peça.
Centro Cultural São Paulo - R.Vergueiro, n 1000. Centro.
Tel. (11) 3397-4002
Sex.Sáb. 21h.Domingo 20 h.
Até 13/02.
Ingressos: deR$10 a R$20.
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