Bom, antes de tudo, desculpas ao leitor pelo sumiço. Mas teve texto pro HQM (faltam dois ainda), logotipo de bloco de carnaval, criação e divulgação de cineclube...ufa!
Mas vamos lá, ainda que aos trancos e barrancos(não está descartado outro sumiço semana que vem).
A vidraça da vez nas seçoes de cartas de jornais e revistas de cultura é o filme "Tio Boonmee que pode recordar suas vidas passadas". Sempre tem alguém revoltado com os elogios dos críticos (eu mesmo presenciei reclamações). É aquela coisa, o sujeiro vê o crítico elogiando, vai ao cinema, detesta o filme e se sente tapeado.Acha que o crítico é um idiota que elogia coisas que os outros odeiam só pra ser do contra.
é parte de tudo o que temos discutido aqui, mas não só. Tio Boonme nãao é nem um pouco fácil. Dá pra entender a bronca do público. É daqueles filmes em que não acontece "nada". Na verdade acontece muita, mas muita coiisa, só que não está no esquema de narração tradicional. Não há uma evolução da trama (apresentação-problema-desenvolvimento-climax-desfecho). Quando não há uma estrutura asssim, parace mesmo que não há nada.
Um leitor do Guia da Folha,munido de seu "diploma-autoridade" de sociólogo empreedeu uma "análise":
" Trata-se de um loga sem profundidade alguma:não tem trama,seus diálogos são improváveis,suas imagens são incrivelmente vazias e entediantes e a duração estende-se por muito mais ttempo do que o bom senso autorizaria"
Agora: o que é um diálogo provável?- deixa pra lá. Imagens vazias? Ok, vamos lá.
Cinco pessoas sentam à mesa e começa a conversar sobre a vida. Mas um deles é um fantasma. Outro é um fantasma também,só que de outro tipo, um macaco, um espírito da floresta. Há uma dose de magia aí muito maior doo que em todos os HaryPotter e Senhor dos Anéis juntos. A natureza está impregnada de magia, não é algo isolado, fantástico que se manifesta, não eestá na esfera do extra-ordinário, está na do ordinário mesmo, ela é assim para o diretor e para toda uma cultura oriental. é um modo de encarar o mundo. Por isso o filme pede uma postura diferente, de contemplação e nãao de esperar o que está por acontecer. Não é o depois, é o agora. é viver aquela cena, é respirar aquele ar. Porque os manuais de roteiro ensinam que um filme deve deixar sempre o espectador pensando: o "que vai contecer em seguida?". Se é uma comédia romãnticaa pergunta-se "e agora?complicou tudo" ou "será que vão ficar juntos? ou ela vai encontrar vai preferir aquele outro cara?".
Em Tio Boonme isso pouco importa, sabemos desde o início que ele está para morrer. E depois? Depois nada, sabemos dos espíritos mas que,como diz um deles, "os espíritos só existem ligados a uma pessoa viva"."O céu é superestimado. Não existe nada lá". Ou seja, nós damos sentido e vida a esse mundo. E a alguém que está morrendo, como Tio Boonmee e descobre tudo isso, só o que resta é a beleza da vida.
No mais, a cena da morte do tio é encantadora. Eles entram numa caverna uterina, cheia de pedras preciosas brilhando como um céu estrelado. é da mitologia oriental, como me lembro de Joseph Campbell explicando, nessa ccaverna de cristais cada pedra reflete o brilho de todas as outras, não se sabendo de qual veio a luz primeiro. Tudo está ligado, ninguém está isolado, nem das outras pessoas nem da natureza.
é uma abordagem do mundo e da vida muito mais profunda do que a de Avatar, por exemplo, que já é um ótimo filme.
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