Alguns anos atrás (bem uns 5 ou 6) havia um daqueles programas excelentes que a TV Cultura costumava exibir em horários meio chatos(por volta da meia noite). Não me lembro o nome, mas nele um professor discorria sobre um assunto ao longo de uma semana, ou seja tinha a oportunidade de se aprofundar sobre o tema de uma maneira que não se vê mais no jornalismo de hoje em dia(nem mesmo no escrito,que deveria ser o saudável contraponto à TV). Lembro do Ismail Xavier falando do cinema de Hitchcock,por exemplo.
Enfim, o tema deste programa era “A Pauta Esquecida” e o professor(adivinhem, não lembro quem era!) discorria sobre a mania da imprensa se deter somente nas pautas quentes, os assuntos do dia, aqueles que chamam a atenção na sociedade no momento. Ele destacava também inúmeras pautas esquecidas, temas que poderiam e deveriam ser abordadas,mas,por não terem nenhum fato lhes servindo de gancho, ficam assim mesmo, esquecidas. È mais ou menos assim: se alunos depredam uma escola, o jornalista vai lá e faz uma matéria de um minuto e meio sobre os problemas na educação, o baixo salário dos professores e a situação precária das escolas. O professor também listava algus programas na época que eram exceção a essa regra. Me lembro dele falar do Diálogos Impertinentes queacho que não existe mais. Na época era apresentado pelo Mario Sergio Cortella na TV PUC e retransmitido pela então TV SESCSENAC.
Hoje no Bom Dia Brasil teve uma entrevista de um geólogo dizendo,entre outras coisas, que as bananeiras favorecem os desabamentos em encostas na época de chuvas. Algo a ver com o formato em funil da planta, que injeta água de uma forma meio brutal no solo o que é literalmente mortal nessa época. Ok, ótimo saber disso. Mas os jornalistas teriam cumprido melhor seu dever se tivessem lembrado, uns meses atrás, que em dezembro em diante começa a chover, torrencialmente como dizem os maus escritores. E tivessem entrevistado o geólogo. Assim o pessoal teria arrancado as bananeiras antes que elas mesmas tivessem sido arrasatadas pelos desabamentos que levam também casas e vidas.
Enfim, uma pauta que não deveria ser esquecida durante o inverno.
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Esse comportamento é bbem parecido com o do Governo do Estado que agora vem anunciar o desassoreamento dos Rios Tietê e Pinheiros. Agora?
Um comentário:
Estava justamente pensando sobre isso ontem, porque os jornalistas não levantam pautas sobre os problemas em decorrência das chuvas em meados de setembro, outubro, quanto ainda há tempo de se pensar em medidas preventivas?
Rios, barrancos, encostas, moradias irregular, defesa civil aparecem apenas nessa época, quando a única coisa a fazer é recolher o que sobrou, enterrar os mortos e fazer promessas para um ano seguinte.
Como estavam todos falando de eleição, não houve tempo para tratar das catastrofes que as chuvas certamente provocariam.
Belo tema levantado!
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