terça-feira, 25 de janeiro de 2011

O CINEMA-GULOSEIMA

Leio no blog do Sérgio Alpendre (http://chiphazard.zip.net/ ) que no Festival de cinema de Tiradentes o diretor Zelito Viana disse ,a respeito do cinema jovem, que   "raramente vê algo que presta, porque os jovens de hoje recebem informações de forma fragmentada e superficial demais, graças a muita internet e muita televisão” . Zelito,vale  lembrar, foi entrevistado da semana passada do programa Sala de Cinema, da TV Sesc.

Já o professor da Pós-Graduação em História Social da USP e doutor em arqueologia clássica pela Sorbonne, Ulpiano Bezerra, em entrevista à Revista E. deste mês diz algo bastante semelhante. E tem a ver também com a coisa da velocidade de que falei e que o Inácio Araújo também cita em seu livro(que eu transcrevi na postagem anteror). Os grifos,novamente,são meus.

A reflexão não se dá bem com o instantâneo.Como na estética do videoclipe,valoriza-se exclusivamente a imersão.E a imersão redutora,sem posterior emersão,pode onduzir ao afogamento. No campo do conhecimento e da formação crítica,que exigem distância e tempo não é o que tem acontecido. A percepção se dilui na sensação, o que é sem dúvida prazeroso e positivo,mas compromete a consciência da mediação sensorial da vida-raiz da inteligibilidade.
Além do mais,quando a bateria de sensações é excludente de alternativas, até a interatividade pode ser enganosa e corre o risco de mascarar passividade intelectual sob aparência de hiperatividade gestual.Mais uma vez,parece-me que os desajustes não são da tecnologia,mas de quem os opera”.

Entrevista completa disponível em: http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas/revistas_link.cfm?Edicao_Id=393&Artigo_ID=5996&IDCategoria=6908&reftype=2 ou na versão impressa, distribuída gratuitamente nas unidades do SESC.

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 Leio no blog da Ilustrada ( http://ilustradanocinema.folha.blog.uol.com.br/ ) Bruno Yutaka escrever (também sobre Tiradentes):
 
O que é usufruir um filme hoje? Para Bressane, temos filmes guloseima, consumidos depois do prato principal, algo supérfluo, ingerido sem necessidade, mais por reflexo do que por uma busca, que não alimenta, engolido após já estarmos saciados.


“É uma exigência medieval, hoje não há mais tempo para a observação sensível”, disse Bressane. O que sobra, diz, é a escória da usura –que justifica o salário. Consumimos por desespero.



2 comentários:

Mário disse...

o que nao é o fato dos cinemas "de arte" estarem sumindo um a um da vida cultural de sao paulo, alem dum reflexo deste processo de cinema guloseima?

Adilson Thieghi disse...

Pois é...E também nada contra a existência desses filmes barulhentos. Me diverti pra caramba com Mercenários.Já todos aqueles filmes da Múmia acho insuportáveis.Mas enfim, o problema é que parece que´tudo deve ser assim, é as pessoas quererem ou filmes nesses moldes ou aquelas comédias da globo, aquela iluminação de telenovela. É ninguém querer coçar aa cabeça por um minuto que seja depois de sair da sessão.