Esta Bienal é também dos cineastas, afinal hoje a arte não reconhece mais fronteiras. Além de Akerman, e Apichatpong Weerasethakul( o tailandês vencedor da Palma de Ouro de Cannes deste ano e também contemplado com uma mostra retrospectiva, esta no Cinesesc) há também Jean Luc-Godard que levou a arte cinematográfica ao limite(e a seu máximo)e agora o transcendeu.
Sua obra é um vídeo, só vendo para entender, feito com uma única fotografia. Godard consegue dar movimento ao estático(e não é a técnica manjada do zoom e deslocar a câmera pela foto). Assim consegue fazer cinema e pintura numa só tacada, enquanto lê um texto poderoso, daqueles que são um soco no estômago e uma agulhada no coração. “Cultura é a regra, arte é a execessão”, ele diz em certo momento. “Todo mundo quer saber da regra, ninguém liga para a exceção”.
Pensemos a respeito.
Lisbeth Rebollo Gonçalves, organizadora e um das autoras de ‘Arte Brasileira no século XX (Imprensa Oficial), diz que o conceito de cultura “em amplo espectro” é composto, além da arte, da religião, das feitas e os rituais, pelos "comportamentos sociais, os modos de produção econômica, as estruturas sociais, políticas, os sistemas de comunicação”. Para ela, “nesta definição, entrecruzam-se as esferas: socioeconômica, política, recnológica, cinetífica-teórica, estética,religiosa”. Godard é um revolucionário, portanto vê na prática uma cisão onde a professora da USP vê uma unidade teórica. O cineasta percebe hoje uma hipertrofia da comunicação, da publicidade, da esfera socioeconômica suplantando as demais. Cultura é a regra, arte é a execssão.
A arte cria dissonâncias, atritos que a publicidade, a TV e o cinema de Hollywood fazem tudo para evitar repetindo fórmulas conhecidas, entregando produtos facilmente digeríveis.
Nada na Bienal é muito fácil (e nem tudo é de tão alto nível) mas tudo é parte da exceção.
A regra você encontra na Globo ou no Cinemark mais próximo.
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