O “Indie –Mostra de Cinema Mundial” do Cinesesc é o tradicional “esquenta” dos cinéfilos para a maratona da Mostra de Cinema de São Paulo. Neste ano o festival, uqe vai de 16 a 30 de setembro, tem como destaque duas retrospectivas de diretores que não chegam ao circuito comercial, um deles é o tailandês de nome impronunciável, Apichatpong Weerasethakul, vencedor da palma de Ouro de Cannes deste ano,o outro é o japonês Kiyoshi Kurosawa que, é bom avisar, não tem nenhum parentesco com o célebre Akira.
Kurosawa é parte de uma geração chamada por Donald Richie (autor de “A Hundred Yars of Japanese Film”) de “os novos independentes”, jovens cineastas surgidos após o desmonte dos grandes estúdios tradicionais.
Sua obra pode ser encarada como uma lenta desconstrução do terror. Aliás, ele tem uma capacidade de usar o gênero para refletir as doenças da sociedade contemporânea de uma maneira que só encontra paralelo, talvez, em George Romero e seus zumbis.
Kurosawa começa sua carreira com os chamados “Pinku Wagan”, filmes ruins repletos de pornografia e violência mas que foram para ele aprendizado e laborátório. Faz, depois, “Doce Lar”, seu primeiro terror, mas cuja direção é atribuída a outro diretor.
“O Vigia do Subsolo” (1992) história de um vigilante assassino que é também doente mental, é um filme ainda preso aos códigos de gênero mas que toca em pontos delicados que aprofundará mais tarde, como a doença contemporânea por excelência(e mais agda no Japão que em qualquer lugar do mundo), o isolamento.
“Cure”, de 1997, já inicia a crítica mais aguda à sociedade ao retomar a tradição dos mentalistas tão cara ao cinema (Caligari e Mabuse) e mostrar um que entra na cabeça das pessoas e fazer com que elas cometam crimes. Fazer ou apenas permitir, liberar é a questão incômoda que fica (questão essa que o liga diretamente à obra de Fritz Lang).
Daí para diante seu terror evolui fazendo desaparecer a figura do “monstro”,aquela criatura causadora do mal. Esse mal torna-se difuso, indefinível, sem origem como em
“Pulse”( 2001) em que uma espécie de vírus de computador faz com que as pessoas desapareçam e fantasmas surjam confinados em desesperada tentativa de estabelecer comunicação. É de novo o mal do isolamento, mas causado pela ausência de contato físico, pela existência meramente virtual e um diagnóstico severo da vida contemporânea.
Programação completa do Indie 2010 ,com os 23 filmes de 12 países e mais detalhes das retrospectivas em: http://www.indiefestival.com.br/indie2010/sp/
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