quinta-feira, 14 de julho de 2011

TEMPOS DE CRIATIVIDADE E INVENÇÃO NAS HQS DE SUPER HERÓIS


Houve um tempo em que nem tudo era tolice adolescente nas HQs de super-heróis. Depois do cataclisma causado por Alan Moore(Watchmen/ A Piada Mortal) e Frank Miller (O Cavaleiro das Trevas) no final dos anos 1980 , toda trama de ivasores galácticos e vilões verborrágicos a fim de dominar o mundo pareciam insuportavelmente ridículas.

E fez-se a luz, ou melhor,  as trevas. Temas sombrios, abordagens complexas, num cenário fazia lembrar a nova Hollywood, quando a derrocada dos grandes estúdios tradicionais abriu as portas para uma geração de cineastas jovens, ousados e dispostos a fazer trabalhos autorais e absorver as inovações do cinema moderno europeu, como Francis Ford Coppola, Peter Bogdanovich, Martin Socorsese, Willian Friedkin e até mesmo Steven Spielberg e George  Lucas. Entre outros,claro.

Surgiram,então, nos anos 1990, uma profusão de graphic novels, onde os artistas tinham boa dose de liberdade para inovar, tanto na temática quanto no apuro visual. As imagens acima são dois bons exemplos. A primeira é da graphic "Batman-Houdini- Oficina do Diabo", de 1995, publicada pela editora Abril e que imagina o Homem-Morcego no início do século 20 às voltas com o maior escapista de todos os tempos. O argumento é de Howard Chykin e John Francis Moore e a arte de Mark Chiarello. A segunda é de "Gritos na Noite", escrita  por Archie Goodwin e pintada  por  Scott Hampton,  é de 1993 (também trazida pela Abril). Curiosamente ambas tratam de violência contra crianças.  Na primeira o tema é atenuado, porque obra do supervilão Coringa;na segunda o tratamento é mais contundente, porque cometida por criminosos comuns e baseada em fatos tristemente reais.

É interessante notar a maneira como cada uma usa a página expressivamente, branca-sépia, no primeiro caso(que realça os desenhos e dá vida à onomatopéia) e em tom de  chumbo, sufocante e opressivo, no segundo caso .
Como em Hollywood, essa fase de ousadia e  vitalidade critaiva durou pouco. Hoje, para atrair leitores,  vale mais um bom truque de marketing  do que bons artistas. Triste que seja assim. Sorte de quem comprou e guardou o material daquela época.

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Sobre a postagem anterior, é importante notar também o valor da página em branco. Não em si, mas no espaço que o artista deixa de usar porque a repetiução em close da figura do yakuza camponês é bem maior do que a do outro, de brinco. Isso equivale,maol comparando, a incluir uma música que enfatizasse esse close, se isso fosse cinema.  E nos dá a entender quem é mais importante ali ee,mais ainda, qual deles exerce maior impacto sobre o leitor.
Tente imaginar a cena com os dois quadrinhos em tamanhos iguais e você vai saber do que eu estou falando.


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