Como sempre quando morre um artista é de praxe a cobertura jornalística tão exploratória quanto a dos magazines que anunciam a venda dos discos como "Tributo a fulano de tal". A TV dedica cobertura extensa, repisando o que já foi dito, explorando ninharias, ressaltando clichês.
Com Amy Winehouse não é diferente. As drogas, os escândalos, a bela voz e o talento perdidos.
O tempero da vez é a idade funesta, 27 anos(mesma com que morreram Joplin, Hendrix,Morrison e Cobain), e dá-lhe o clichê romântico do gênio auto-destrutivo.
O que interessa mesmo dizer de Amy é colocar os pingos nos "Is" de sua curtíssima carreira. Musicalmente não inovou nada. Era um soul music retrô, um quase revival de Dusty Springfield. Bacana, principalmente se levado em conta a anemia da música pop atual, com raras excessões (principalmente se pesarmos que LadyGaga é mais imagem do que música). Mas o forte mesmo da magrela beberrona era o conteúdo confessional de suas letras e, mais do quie isso, o tom pé na jaca delas. Essa simbiose sem constrangimento da arte com a vida pra lá de desrregrada é que faz dela uma figura muito mais próxima de um escritor como Charles Bukowski do que, por exemplo, rockstars que também morreram jovens. Não que todos eles não fossem tão ou mais porraloucas que Amy, mas essa não era a forçaa motriz de sua arte. Era ,em muitos casos, talvez, decorrência.
A literatura de Bukowski era repelta de bebedeiras, fracassos e situações constrangedoras. Sua vida fracassada de proletário (mas não sem diversão).
Essa era a pimenta da música de Amy e o que lhe fazia distinta da soul music que a precedera e da cena pop atual, repleta de escândalos gerados em tubos de ensaio.
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