terça-feira, 3 de maio de 2011

A GUERRA NO CINEMA


De ontem pra hoje só se fala na morte de Bin Laden.Pudera, visto que ele fez o que fez. Também,pelo mesmo motivo, não dá pra recriminar a comemoração do povo americano,assim como não dá quando queimam a bandeira americana dando tiros para o alto. São ações movidas pelo ódio, cada qual com seus motivos e todos sem um pingo de disposição a entender o outro lado. São as guerras e é assim desde que o homem é homem.

Curioso como os urros de “U-S-A, U-S-A” em praça pública ( que mostram o quanto esse país pode ser fundamentalista) nos remetem diretamente Gerard Butler berrando “This is Sparta!” em “300”, filme de Zack Snyder, espécie  de reprodução imagem a imagem da graphic novel de Frank Miller, “Os 300 de Esparta”(publicada no Brasil pela Abril e pela Devir).











Os povos orientais,representados pelos Persas, são obscurantistas, idólatras, feiticeiros e monstruosos . O eixo do mal, para usar uma expressão de George W.Bush. Contra a dominação deles se erguem os guerreiros honrados e destemidos que preferem morrer a ver seu ideal de pureza ser conspurcado. 300(o filme mais do que HQ , porque lida com imagem e não desenho) é francamente nazista em seu ideário de beleza e perfeição. Como não enxergar correspondência
na fascinação pelos corpos masculinos do cinema nazista de Leni Riefenstahl?















Normalmente quando se fala em “ideologia” se pensa imediatamente em algum engravatado num escritório moldando as coisas para fazer o público pensar de tal modo, manipular as pessoas. Não é assim. Ideologia é apenas(pelo menos nesses casos em que eu menciono) as convicções de uma nação. Claro, já funcionou de outra maneira, durante a tal política da boa vizinhança, governo Roosevelt, aquela coisa do Pato Donald dançando com Zé Carioca e os filmes que a Carmem Miranda fez nos EUA. Mas era outro cenário, outra coisa, tratava-se de conquistar corações e mentes durante a guerra fria.

Mas 300 (filme e HQ) é caso extremado como o é a figura ultra-direitista de Miller. Normalmente as coisas se dão mais pela construção oportunista de heróis e vilões e o caso mais evidente para nós,agora, é o de Rambo 3, dirigido por Peter MacDonald em 1988.

Lá vemos Rambo ajudando o pobre povo afegão,  a se armar e enfrentar os cruéis soviéticos que ocupavam seu território. A história se provou mais cruel do que os vilões do filme, uma vez que os tais pobres afegãos(que foram de fato treinados pelo exército dos EUA) se tornaram o Talebã e a Al-Qaeda. Ou seja, lá,entre os colegas de Rambo,enfrentando helicópteros enormes no lombo de um cavalo, estava Osama Bin Laden.



3 comentários:

Mário disse...

300 é historicamente correto vai, deixa de ser mala. Frank é um facistoide , mas pelo menos fez o serviço direitinho no que diz respeito a pesquisa. agora uma pesquisa linda pra uma pos, seria analisar a pax americana via estes filmes de ação dos anos 80, isso sim é uma overdose de ideologia das boas

Adilson Thieghi disse...

No que diz respeito a pesquisa sim. Nem to dizendo que é ruim, nem o filme nem a HQ(se bem que o filme eu não gosto). O Andrzej Wajda fez Danton e o Processo da Revolução historicamente corrretíssimo, mas ele falava no fim das contas dos descaminho do socialismo real do seu tempo (1982)enqunato retratava o banho de sangue do período do Terror.E ninguém pode acusar o Mel Gibson de ter sido historicamente impreciso no Paixão de Cristo...mas sabe-se bem qual era a mensagem.
Eu penso que o fato histórico, ou a historicidade da coisa ta num nível, a maneira de representar, de escolher protagonistas, vilões, os modos de falar, retratar etc estão noutro e nessa aqui que mora a ideologia.
Agora só o a série Rambo já rende uma dissertação, diz aí...

Mário disse...

historia é contada sempre do ponto dos vencidos, raros casos como os de 300 caem mais pro lado da mitificação e da historia oral por assim dizer, meio que a trajetoria do heroi como norte de civilização
basicamente eu acredito no contar a historia simplesmente, e sem necessariamente ter algo de vies politico nisso tudo, mas analisando com sinceridade é quase que impossivel. até turma da monica tem liçao de moral implicita... quem cria sempre poe seus valores no negocio, é impossivel desvincilhar uma coisa da outra
po quanto a dissertação, pegar rambo, pegar steven segal ( apesar que eu to meio apaixonado pelo que ele tem feito pelos caras do UFC tipo o spider e o lyoto) é ver ideologia WASP pura... até um filme mais recente, busca implacavel com o lian neeson ( filmao alias, naipe de charles bronson das antiga) nada mais é que ver os estados unidos indo nos lugares pra resolver tudo no braço

enfim, a gente era mais debilmental qdo escrevia o CDP, ó como a gente ta crescidinho