segunda-feira, 23 de maio de 2011

DARIO ARGENTO- 2

OS FILMES GIALLO


Apesar de Suspiria ser um dos melhores filmes de horror já feitos e a obra-prima de Dario Argento, o diretor estreou em 1970 com “O Pássaro das Plumas de Cristal” , filme do gênero giallo que,aliás, o fez célebre. Giallo na Itália é um gênero amplo, que engloba todo tipo histórias de mistério, trillers e suspense, freqentemente com um sujeito qualquer, que investiga crimes ajudando(ou à margem) da polícia. O nome vem de livrinhos baratos de capa amarela com tramas meio ao estilo Agatha Christie,bastante populares por lá.

Argento não era um novato, claro. Já tinha uma carreira como crítico de cinema em Roma quando, junto de Bernardo Bertolucci, escreveu o roteiro de “Era uma vez no Oeste”(1968), para Sergio Leone.

O Pássaro das Plumas de Cristal e seu filme seguinte, “O Gato de Nove Caudas”(1971), valeram a Argento o apelido de “Hitchcock italiano”, mais pelo estilo utilizado em algumas das cenas do que pelas tramas (o diretor inglês não fazia filmes de mistério*). Desde o primeiro longa algumas marcas já se impõem: um personagem cego, animais ocupando parte importante da trama ,a presença de um personagem masculino fraco, dominado por mulheres cruéis e mortes chocantes cujas vítimas freqüentemente são...mulheres.

As cenas ultra-violentas,aliás, se tornam a assinatura do diretor italiano,que faz o possível para se superar a cada filme. Mas também é marcante o fato do herói ser alguém de certa forma(ou amplamente) impotente perante os acontecimentos(em “O gato...” é um cego) e cujos erros na investigação não raramente causam mortes inocentes.

“O Gato...” traz uma guinada em relação às tramas tradicionalmente racionais dos giallo,feitas de deduções lógicas coerentes: a influência do absurdo, inexplicável, do fantástico. O desfecho do filme parece absurdo, incoerente, o que irrita muita gente.
                                                               "O Gato de Nove Caudas"

Seus filmes seguintes, apesar de não abrirem mão de personagens e tramas racionais, pendem cada vez mais para o fantástico. O ápice antes da guinada é “Profondo Rosso”,de 1975, que marca também a aproximação de Argento com o chamado cinema “de arte”, especialmente Michelangelo Antonioni.

A guinada,claro, é Suspiria, quando o fantástico toma a forma do horror e a investigação racional chega a ser quase um corpo estranho no organismo do filme. Quase.
 Cena de "Profondo Rosso"



* Hitchcock usava um exemplo para diferenciar suspense de mistério. No filme de mistério o assassino ou culpado só é revelado ao público e aos demais personagens no final. Trata-se de uma surpresa. No suspense sabe-se de início quem é o culpado(ou algo assim), mas os personagens,no entanto, ignoram.

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